O Real registrou uma forte depreciação ao longo desta semana. Um conjunto de eventos contribuiu para esse movimento. Além do recrudescimento do cenário político que coloca o Brasil como “persona non grata” aos investimentos, fatores externos contribuíram fortemente.
Em primeiro lugar, cabe reforçar que a conjuntura advinda da Covid-19 aprofundou a tendência de depreciação do Real. As ações e posições do governo federal tem sido principal variável de aceleração e/ou manutenção desse cenário.
A título de exemplo, a principal publicação mundial no campo da saúde, a revista britânica The Lancet publicou edição sob o título “talvez a principal ameaça ao enfrentamento do COVID-19 no Brasil seja o seu presidente, Jair Bolsonaro”.
Contudo, após 1) redução mais brusca da Selic do que o mercado estimava, 2) continuidade do processo de deterioração do mercado de trabalho estadunidense e 3) volta da ameaça da Guerra Comercial entre China e EUA, não teve jeito de segurar a cotação do Dólar.
A moeda estadunidense começou a semana cotada a R$ 5,6141 na abertura do pregão de segunda-feira (4) e, na abertura do pregão de sexta-feira (8), o Dólar alcançou o patamar de R$ 5,9917, uma depreciação de aproximadamente 6,73% do Real.
É prudente registrar que logo nos primeiros minutos do pregão, a moeda brasileira registrou algum alívio, retomando patamar abaixo dos R$ 5,80. Movimento este influenciado especialmente por certo alívio nas tensões comerciais.
De todo modo, é uma reversão do movimento visto na semana anterior, que levou o Real a um novo recorde histórico. E a tendência de depreciação do Real deve ser mantida frente aos 22 milhões de desempregados adicionais em abril nos EUA e do cenário político brasileiro.
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