Todo ano Warren Buffet reúne os acionistas da sua empresa de gestão de investimentos, a Berkshire-Hathaway, em uma prestigiada convenção para análise de mercado.
Em 2020, como não podia deixar de ser, o encontro foi realizado em um novo formato: uma live, com cada acionista na sua própria casa. Uma medida adotada para evitar aglomerações e evitar a disseminação do novo coronavírus.
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Este, aliás, foi o principal assunto da reunião, uma vez que a pandemia tem impactos diretos na economia e agitou o mercado financeiro nesses primeiros meses do ano.
Buffet é considerado um oráculo do mercado de ações. Há mais de quatro décadas o empresário coleciona sucessos em sua carteira de investimentos, que inclui cerca de 90 empresas.
A Berkshire é detentora, por exemplo, de ações da Coca-Cola, da Gillete e até da gigante de tecnologia, Apple, para citar só algumas.
Seu pronunciamento anual serve de guia para os investidores saberem qual caminho seguir e onde apostar suas fichas nos próximos meses.
Para o magnata, o momento é de cautela, mas sua visão é otimista quanto à recuperação das economias.
Resultados do trimestre
Na live que durou cerca de 4h, o Oráculo de Omaha apresentou os resultados da Berkshire-Hathaway. A holding teve um prejuízo de quase US$ 50 bilhões em função da pandemia.
No ano passado, a empresa teve um lucro de US$ 21,6 bilhões no mesmo período. A carteira de ações da empresa perdeu US$ 55,5 bilhões no período.
Tomando sua Coca-Cola, Buffet explicou que vendeu todas as ações de companhias aéreas que compunham sua carteira. Ele explicou que o novo coronavírus vai promover uma mudança de costumes na sociedade, tornando os voos menos frequentes.
E a previsão é de que o segundo trimestre também não seja favorável para a companhia, já que levará tempo para que a economia se recupere.
Aos 89 anos, o megainvestidor explica que pelo tamanho da carteira de ações de sua companhia, as mudanças no preço de mercado implicam em maior volatilidade dos resultados.
Recuperação da economia
Apesar de ter enfrentado um prejuízo significativo em seu patrimônio por conta da crise financeira desencadeada pela pandemia, Buffet deixou bem claro no pronunciamento que mantém a fé na força dos EUA para se recuperar da crise.
Em determinado momento, Buffet afirmou que, mesmo que o país seja o epicentro mundial da pandemia, com mais de 100 mil mortes confirmadas, ainda é um bom lugar para depositar investimentos.
Segundo ele, a rápida ação do FED (Federal Reserve, o Banco Central americano), que reduziu um ponto percentual nas taxas de juros, e do governo norte-americano, que injetou US$ 2 trilhões de dólares na economia, são indícios de que o país irá se recuperar.
Esse rápido enfrentamento da crise, disse Buffet, é uma marca do país que se saiu bem de todas as crises que vivenciou em quase 244 anos de independência. Assim, investir nos EUA é sempre uma boa aposta.
Estratégia de investimento
Embora esteja otimista com a recuperação econômica, o magnata orienta os investidores a ter cautela.
O cenário é crítico e não é hora de grandes movimentos já que o futuro de curto e longo prazo ainda é incerto. Especialmente quando se fala no mercado de ações, o mais sujeito à volatilidade.
No entanto, Buffet deu pistas importantes para quem tem investimentos na Bolsa de Valores. Ele acredita que, no longo prazo, as ações irão superar o retorno de títulos do Tesouro Americano, considerados os mais seguros do mundo.
Os Treasuries são títulos públicos emitidos pelo governo federal americano para custear despesas públicas nacionais, mais ou menos como acontece com o Tesouro Direto brasileiro.
Esses títulos de dívidas são lançados e vendidos para o mercado, é como se o cidadão comum emprestasse dinheiro para o governo e fosse pago posteriormente com juros.
Essa forma de investimento é considerada uma das mais seguras e rentáveis. No entanto, Buffet acredita que as ações são um investimento muito mais lucrativo, já que as taxas de juros estão caminhando para zero.
A orientação do Oráculo de Omaha é para avaliar os fundamentos da empresa, investindo em papeis oriundos de companhias sólidas e bem geridas, pensando em ficar com eles por 20 ou 30 anos.