Reunião do Copom hoje traz impacto para a economia nacional
Na reunião do Copom hoje, o comitê optou em manter a taxa básica de juros inalterada, aos 13,75% ao ano, pelo quinto encontro consecutivo.
Em agosto do ano passado, o comitê decidiu subir a taxa de 13,25% para o atual patamar e interrompeu um longo ciclo de aumentos da taxa básica de juros brasileira. Foram 12 aumentos consecutivos, o maior ciclo de alta da história brasileira.
Apesar da expectativa de que o banco central brasileiro mantenha a taxa no mesmo patamar em que está, a política monetária doméstica encontra-se cada vez mais contracionista. Isso tem acontecido principalmente pela queda da inflação.
Apesar de os preços ainda estarem muito elevados, em 12 meses a inflação não para de ceder e deve chegar ao meio do ano próximo dos 3,5%. Isso faz com que a taxa real de juros (taxa de juros menos os efeitos da inflação) seja cada vez mais elevada.
Qual o impacto no dólar depois da reunião do Copom hoje
Considerando as recentes falências bancárias nos Estados Unidos (Silicon Valley Bank e Signature Bank) e as dificuldades do Credit Suisse na Europa, levou o Fed a fazer um ajuste residual na taxa de juros americana e, possivelmente, encerrar o atual ciclo de aumentos.
Se os Estados Unidos já enxergam o fim do ciclo de aumentos de juros e se a taxa real de juros no Brasil não para de subir, dado o processo de desinflação no país, a tendência é de que mais capitais venham em direção ao Brasil.
Isso acontece por um mecanismo bastante simples que envolve a análise das taxas de juros ao redor do mundo. Como o Brasil tem hoje a taxa real de juros mais alta do mundo é de se esperar por alguma entrada de recursos estrangeiros e, consequentemente, valorização da nossa moeda em relação ao dólar.
Isso não significa dizer que não tenhamos volatilidade ou comportamento totalmente contrário a este que está descrito acima. As falências bancárias nos Estados Unidos, por exemplo, causaram forte desvalorização do real.
O que muda no Brasil com os dados da reunião do Copom hoje
Em termos práticos, considerando a manutenção da taxa Selic em 13,75% na reunião do Copom de hoje, e o aumento da taxa de juro real por consequência da desaceleração da inflação, o que devemos levar em consideração é a elevação do custo de crédito.
Essa era uma leitura feita ao longo das últimas decisões do Copom, agora, no entanto, temos mais dois componentes que ajudam a encarecer o crédito e reduzir o ritmo da atividade econômica, o escândalo das Lojas Americanas e as dificuldades financeiras nos países desenvolvidos.
O objetivo de um banco central ao elevar a taxa de juros é produzir um movimento de desaquecimento da economia por meio de dois mecanismos: desaceleração da demanda (já que o custo do crédito aumenta) e desaquecimento do volume de investimentos (já que o empresário pode optar por investir em ativos financeiros no lugar dos investimentos produtivos).
Com a taxa de juros nas alturas e com todos os problemas abordados acima, a expectativa é de mais encarecimento do custo do crédito e diminuição do volume concedido por parte dos bancos, principalmente depois das falências do penúltimo final de semana.
Próxima reunião do Copom
O Copom deixou claro na última reunião, realizada nos dias 21 e 22 de março, que a luta contra a inflação ainda não terminou. A autoridade monetária brasileira se diz vigilante em relação ao comportamento dos preços e pronta para iniciar um novo ciclo de aperto (aumentos de juros) se a desinflação não ocorrer conforme o esperado.
A próxima reunião do COPOM ocorrerá nos dias 2 e 3 de maio e não deve trazer mudanças na condução da política monetária. No entanto, a grande novidade está por conta de um eventual anúncio de quando o comitê começará o ciclo de cortes da Selic.
Com o risco de produzir uma desaceleração mais forte do que o mercado tem previsto e de expor empresas a problemas que neste momento podem ser evitados, o Bacen deve orientar o mercado a precificar a primeira redução da Selic na reunião de maio ou de junho.
Seguimos de olho!