Reunião do Copom hoje traz impacto para a economia nacional
O Banco Central do Brasil decidiu nesta quarta-feira (11), por meio do Comitê de Política Monetária, pelo aumento da taxa básica de juros brasileira, a Selic.
O persistente movimento de desancoragem das expectativas, somado aos riscos inflacionários provocados pela estiagem e pela desvalorização cambial, levou o Copom a adotar uma postura ainda mais conservadora. Apesar do recente anúncio de que a bandeira tarifária foi reduzida de vermelha fase 1 para verde em dezembro, o que tende a aliviar a inflação, outros fatores continuam a ameaçar o cumprimento da meta inflacionária para este ano.
A decisão, de aumentar a taxa de juros em 1,00% garantirá uma política monetária bastante restritiva, razão pela qual diversas empresas do varejo brasileiro entraram com pedido de recuperação judicial ao longo deste ano.Os riscos inflacionários ainda levantaram dúvidas quanto à magnitude do aumento desta reunião. Neste contexto desafiador, parte do mercado havia ponderado a possibilidade de o Copom optar por um aumento ainda mais agressivo, de 1,00%, considerando a forte desvalorização cambial e os riscos de o Bacen não cumprir a meta de inflação deste ano. Em novembro, a decisão havia sido de um aumento de 0,50%.
Qual o impacto no dólar depois da reunião do Copom hoje
Os impactos da decisão do Copom sobre o mercado de câmbio devem ser relativamente moderados por diversos motivos:
- A desvalorização cambial é parcialmente influenciada pelas incertezas em relação à escalada nas tensões comerciais com Donald Trump à frente da Casa Branca;
- Complementarmente, as questões fiscais domésticas também pesam sobre a cotação da moeda americana. O Governo tem dificuldade de apresentar um plano sólido de redução de despesas orçamentária ao mesmo tempo em que o Banco Central parece não se importar em pagar trilhões de reais em juros da dívida pública e perdas com swap cambial.
Portanto, o aumento da taxa Selic pode não trazer impactos imediatos ao dólar, uma vez que na avaliação dos agentes do mercado financeiro a aprovação do pacote de cortes de gastos é mais relevante neste momento.
Esses fatores acabam atenuando os impactos da decisão do Copom sobre o mercado de câmbio. No entanto, a possibilidade de aumentos mais contundentes de juros em 2025, de 1,00%, por exemplo, pode trazer uma reprecificação da moeda brasileira para patamares mais baixos.
O que muda no Brasil com os dados da reunião do Copom hoje
Apesar da aceleração no ritmo de elevação da Selic, a expectativa é de que a economia siga relativamente resiliente, refletindo o bom momento do mercado de trabalho e o crescimento disseminado em diversos setores produtivos do país.
O aumento da Selic para patamares ainda mais elevados não tem se traduzido em grandes impactos para o setor de crédito. No entanto, a leitura de que o Copom irá estender este ciclo de aumentos pode trazer impactos a partir de 2025.
No que diz respeito aos investimentos financeiros, a elevação da Selic segue garantindo bons rendimentos para investimentos em renda fixa e interrompe a queda dos rendimentos das aplicações em poupança, que vinha caindo desde o início do ciclo de cortes da taxa básica de juros.
Próxima reunião do Copom
O Copom deixou claro nesta reunião, que a luta contra a inflação continua. A autoridade monetária brasileira se diz vigilante em relação ao comportamento dos preços e atenta aos dados macroeconômicos.
A próxima reunião do COPOM ocorrerá nos dias 28 e 29 de janeiro e deve contar com uma elevação da taxa Selic a 13% ao ano. A ata da reunião deste mês não deve fornecer pistas sobre os próximos passos do comitê.
A nossa expectativa é de que o comitê estenda o ciclo de aumentos da Selic até, pelo menos, o segundo trimestre de 2025.
Seguimos de olho!