O câmbio do Dólar e Euro apresentou queda durante a semana e o Real se valorizou. Libra, por outro lado, se mantém em alta por causa da proximidade das eleições britânicas.
Dezembro chegou e, com ele, as economias parecem entrar no “espírito natalino”. Metáforas à parte, as principais moedas do planeta se mantiveram amenas, enquanto boa parte da volatilidade se deu por conta dos dados econômicos brasileiros, com exceção da Libra, que acompanha os movimentos políticos da corrida eleitoral.
Acompanhe os desdobramentos desses acontecimentos sobre as principais moedas globais.
Dólar: semana de alívio no câmbio
A cotação do Dólar aqui no Brasil deu uma aliviada ao longo desta semana. A moeda norte-americana, que abriu a semana na casa dos R$ 4,2365, chega a esta sexta-feira (6) aos R$ 4,185.
Boa parte desse movimento pode ser creditada aos dados positivos da economia brasileira que foram divulgados essa semana, especialmente o Produto Interno Bruto referente ao terceiro trimestre de 2019.
Analistas econômicos acreditavam em uma variação trimestral do PIB em torno de 0,4% ou menos. De maneira surpreendente, o IBGE divulgou um resultado de 0,6%. Com isso, muitas projeções passaram de algo em torno de 0,8% ao final de 2019 para 1% ou mais, repetindo o movimento de 2017 e 2018.
Mas nem tudo são flores na economia brasileira. O jornal britânico Financial Times comentou que o resultado levantou preocupações e suspeitas após revisões dos resultados da balança comercial entre os meses de setembro e novembro.
O IBGE confirmou a preocupação alegando orçamento e pessoal limitado após os diversos cortes de gastos conduzidos pelo Governo Federal. Desse modo, revisões serão feitas, mas somente ao final do 1º trimestre de 2020.
No mais, no exterior, o ponto alto da semana, ainda na manhã de segunda-feira (2), foi o tuíte do presidente norte-americano Donald Trump. Ele alegou que Argentina e Brasil estão manipulando suas taxas de câmbio para favorecer exportadores. Na sequência desta acusação, anunciou a elevação das taxas sobre o aço brasileiro.
Por ora, o movimento gera uma preocupação muito mais diplomática do que econômica, mas abre portas para a taxação de outros produtos exportados para os EUA. E esse ponto se mantém no radar.
Por fim, cabe registrar que as negociações comerciais estão sob grandes holofotes, uma vez que a chamada “fase 1” do acordo ainda não foi assinada e estava prevista para o final de novembro. Com isso, crescem as incertezas de curto prazo sobre o conflito comercial.
Com isso, a moeda americana saiu de R$ 4,2365 na segunda-feira (2) e na abertura do pregão desta sexta-feira (6), recuou para R$ 4,185, uma apreciação de 1,22%.
Euro em clima de expectativa sobre o crescimento europeu
Sem grandes novidades vindas do Velho Continente, a expectativa sobre o crescimento europeu permanece no radar. Relatório recente de Peter Vanden Houte, economista-chefe do banco holandês ING, apresenta sinais de que o bloco está chegando ao fundo do poço.
Sua conclusão é de que não há indícios de que o crescimento econômico do bloco possa passar por uma “virada” e, portanto, 2020 deve ter um desempenho pior ou igual ao de 2019 – cuja tendência de desaceleração remonta janeiro de 2018.
Vanden Houte conclui sua análise apontando que a política monetária, principal vetor de estímulos no bloco nos últimos anos, deve permanecer em stand by, fato confirmado pela recém-designada presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde.
Dadas as expectativas, a moeda europeia abriu a semana cotada a R$ 4,6791. Na abertura desta sexta-feira (6), a cotação foi de R$ 4,6403, uma depreciação de 0,83%.
Eleições britânicas influenciam subida da Libra Esterlina
A Libra segue flutuando de acordo com as expectativas das eleições que se aproximam. Cabe lembrar que elas ocorrerão no dia 12 de dezembro. E por conta dessas expectativas, a Libra foi a única moeda dos países centrais que se fortaleceu frente ao Real ao longo desta semana.
Boa parte dos analistas econômicos alegam que o movimento é resultado do fortalecimento de vitória do Partido Conservador e, por sua vez, da perspectiva de concretização do Brexit, colocando um ponto final nesta novela e nas incertezas que rondam a região.
No mais, acompanhando o movimento político, a Libra Esterlina abriu a semana cotada a R$ 5,4641. Nesta sexta (6), o Real seguiu trajetória de depreciação em relação à Libra. Na abertura, a cotação era de R$ 5,5081, uma variação semanal de 0,8%.
Perspectivas
Mantendo a leitura de semana passada, os dados e eventos político-econômicos desta semana evidenciaram que o ambiente de volatilidade se fará presente nesta reta final de 2019.
Sob a ótica do Real, os comentários do Financial Times acerca do resultado do PIB brasileiro são um exemplo contundente dessa volatilidade e, mais importante ainda, das incertezas e, por conseguinte, falta de confiança de investidores estrangeiros com a economia brasileira.
Devemos esperar, portanto, acompanhando esse ambiente mais volátil, uma tendência de depreciação do Real.
Seguimos de olho.
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André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, professor e coordenador universitário nos cursos de Ciências Econômicas. Mestre em Economia Política pela PUC-SP, possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público.