Acordo entre EUA e China influencia câmbio da semana

EUA e China conseguem encontrar bons termos para o início de sua relação. União Europeia permanece com suas dificuldades e incertezas sobre o crescimento. Reino Unido começa a absorver as dificuldades do pós-Brexit. Acompanhe os desdobramentos desses acontecimentos sobre as principais moedas globais.

: desdobramentos do acordo entre e

O ponto alto desta semana, definitivamente, foi a tão esperada assinatura da chamada  “primeira fase” do acordo comercial entre e . Dentre os principais pontos do acordo, a se compromete a comprar produtos agrícolas dos .

Não há um detalhamento sobre quais produtos serão adquiridos, mas o mercado entende que a CHina deve demandar especialmente a soja estadunidense, uma vez que é um produto relevante na pauta de exportações americana e importante para a China.

Com isso, o debate se voltou para o Brasil e os desdobramentos desse trecho do acordo. Estima-se que há há um risco de queda de US$ 10 bilhões em exportações brasileiras para a China de produtos que haviam sido substituídos pelos chineses.

Por outro lado, outro elemento importante para o foi a notícia de que os EUA endossarão a candidatura brasileira a () – o chamado “clube dos ricos). Trata-se de um anseio antigo do país, que vem ganhando fôlego no atual governo.

Ainda é cedo para afirmar quais são os desdobramentos de uma eventual entrada do da , mas estima-se que o volume de exportações brasileiras pode aumentar, bem como o volume de investimentos direcionados ao país.

De todo modo, a notícia parece não ter causado grande impacto, uma vez que o fortalecimento do foi destaque de desempenho nesta semana. A moeda norte-americana saiu dos R$ 4,0895 na abertura do pregão de segunda-feira (13) e atingiu R$ 4,1851 na abertura do pregão desta sexta-feira (17). Trata-se de uma depreciação do Real de aproximadamente 2,34%.

: crescimento mais robusto ainda não chegou

A Zona do continua emitindo sinais ambíguos acerca de seu crescimento. Por um lado, o dado final da inflação da região se manteve em +1,3% no ano. Por outro, a produção industrial e a balança comercial tiveram um resultado ruim no mês de novembro.

A agência europeia de estatísticas divulgou que o resultado anual acumulado até novembro registrou uma queda de 1,5% na produção industrial. No que diz respeito a balança comercial, o bloco registrou superávit, contudo, menor do que as expectativas do mercado.

Esperava-se um superávit de pouco mais de 23 bilhões de , enquanto o resultado oficial foi de 19,2 bilhões de . O desempenho dos indicadores econômicos europeus enseja profundas reflexões sobre o futuro.

Para além de todos os conflitos políticos e geopolíticos que cercam o mundo, as iniciativas adotadas pelas instituições responsáveis pela política econômica parecem não estimular um crescimento mais robusto na região. 

Resta imaginar, portanto, se o futuro reserva um crescimento mediano por longo período, alguma surpresa ou um crescimento pífio. Dito isto, a moeda europeia abriu a semana cotada a R$ 4,5571. Na abertura desta sexta-feira (17), a cotação foi de R$ 4,6483, uma depreciação de 2% do Real frente à moeda europeia. 

Esterlina: cautela com o médio e longo prazo

No , para além das polêmicas com a realeza e as especulações sobre quem seguirá na linha sucessória, o país ainda segue absorvendo o Brexit.

As expectativas de curto prazo seguem com algum otimismo, mas como ainda há muito o que negociar ao longo deste ano, a economia segue com alguma cautela para o médio/longo prazo.

O dilema com o Irã, por outro lado, ainda está gerando alguns desconfortos. , e acionaram o mecanismo de resolução de disputas do acordo nuclear com o Irã, uma vez que o país persa declarou que não respeitará os termos do acordo.  

Com isso, a Libra Esterlina abriu a semana cotada a R$ 5,3479. Nesta sexta (10), o Real seguiu trajetória de depreciação em relação à , registrando, na abertura, a cotação de R$ 5,4725, uma variação semanal de 2,33%.

Perspectivas

A cotação das principais moedas globais, especialmente o , segue bastante volatilidade, mas nesta semana, especialmente por fatores internos. A moeda americana permanecendo fortemente no período.

Isso posto, os dados econômicos brasileiros surpreenderam negativamente analistas e economistas. Desse modo, o deve se manter acima dos R$ 4,15 ao longo da semana. 

Seguimos de olho. 

André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, professor e coordenador universitário nos cursos de Ciências Econômicas. Mestre em Economia Política pela PUC-SP, possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público.

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