A análise fundamentalista é um método de avaliação de ações cujo foco é o longo prazo. Criada por Benjamin Graham, é adotada até hoje por grandes investidores, como Warren Buffet, que segue a técnica buy and hold.
Esse método para analisar uma ação é bastante consistente. Isso a torna altamente sustentável, sendo muito utilizada por investidores que valorizam o chamado value investing, ou estratégia que considera o potencial de valorização de empresas no longo prazo. Por isso, construir uma carteira com base na análise fundamentalista aumenta as suas chances de ter bons resultados.
Então, que tal saber mais sobre a análise fundamentalista? Entenda como ela funciona, suas características e vantagens acompanhando a leitura!
O que é a análise fundamentalista?
A análise fundamentalista é um método usado para avaliar o valor real de um ativo, como ações, analisando fatores econômicos, financeiros e de mercado. Ela examina a saúde financeira da empresa, seu desempenho no setor e as condições econômicas gerais. O objetivo é descobrir se o preço atual do ativo reflete seu valor real e suas perspectivas futuras, ajudando investidores a decidir se devem comprar ou vender, com foco em oportunidades de longo prazo onde o preço do ativo parece estar abaixo do seu valor justo.
Quais os três aspectos da análise fundamentalista?
Os três aspectos da análise fundamentalista englobam a análise macroeconômica, a análise setorial e a análise da empresa.
1. Análise macroeconômica
A análise macroeconômica é o aspecto da análise fundamentalista que estuda o contexto em que a empresa está inserida. Nesse sentido, dados como nível de renda, índices inflacionários, taxas de câmbio e juros, Produto Interno Bruto (PIB) e outros são avaliados. Desse modo, é possível identificar oportunidades, verificar a performance perante a concorrência, descobrir o valor de mercado e mais.
2. Análise setorial
A análise setorial, na análise fundamentalista, verifica o impacto dos fatores macroeconômicos por segmento empresarial. É o caso da valorização da taxa de câmbio, por exemplo, que beneficia empresas exportadoras, mas prejudica as importadoras.
Dentro desse contexto, ainda são verificadas questões como regulamentações, incentivos governamentais e mudanças estruturais. Isso porque esses aspectos podem influenciar alguns segmentos predeterminados. Um exemplo é a desoneração da folha de pagamento para certos setores de atuação. Assim, é possível entender a previsão de crescimento e saber como esses fatores afetarão a empresa.
3. Análise da empresa
Na análise fundamentalista, a análise da empresa foca os dados financeiros do negócio para saber como está a sua saúde, se é registrado lucro e se existem falhas. Dessa maneira, você obtém informações mais específicas, que permitem saber quais são as perspectivas futuras.
Como surgiu a análise fundamentalista?
A análise fundamentalista foi desenvolvida na década de 1930 por Benjamin Graham, um economista e professor, frequentemente chamado de “pai do value investing“. Graham introduziu a ideia de que o valor de uma ação deveria refletir as expectativas de lucros futuros e o fluxo de caixa da empresa. Ele propôs métodos para calcular o valor intrínseco de um ativo com base em indicadores financeiros sólidos, como dividendos, lucratividade e a relação entre o preço da ação e o valor contábil.
Como funciona a análise de fundamentos?
A análise de fundamentos determina o valor intrínseco das ações de uma empresa ao examinar dados financeiros e econômicos detalhados. Esse processo envolve a análise de demonstrativos financeiros, como o balanço patrimonial e a demonstração de resultados, além de fatores macroeconômicos que podem influenciar o desempenho da empresa. O objetivo é descobrir se uma ação está subavaliada ou sobreavaliada comparada ao seu valor real, considerando indicadores como lucro, dívida, receitas e potencial de crescimento
Quais são os fatores microeconômicos considerados na análise fundamentalista?
- Capacidade da gestão da empresa entregar bons resultados.
- Custos dos insumos e bens de produção para identificar a margem de lucro.
- Análise da concorrência para verificar o desempenho da empresa no setor.
Quais são os fatores macroeconômicos considerados na análise fundamentalista?
- Taxa de juros, que impacta a captação de capital no mercado e a alavancagem operacional.
- Inflação, que interfere no poder de compra dos consumidores.
- Nível de desemprego, que afeta o consumo e prejudica as empresas.
Quais são os principais pontos da análise fundamentalista?
- Valor intrínseco.
- Balanço patrimonial, que mostra a situação financeira do negócio no período.
- Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), que verifica o desempenho financeiro.
- Demonstrativo do Fluxo de Caixa (DFC), que mede a capacidade de geração de caixa.
Quais são as metodologias da análise fundamentalista?
- Análise horizontal: indica a evolução dos números a partir de balanços e resultados.
- Análise vertical: compara-se a relação entre dois campos do balanço patrimonial.
- Análise dos indicadores financeiros: mede o potencial e os resultados das ações.
Para que serve e quem utiliza análise fundamentalista?
A análise fundamentalista serve para encontrar o valor intrínseco das ações de uma empresa, conforme seu desempenho e o cenário econômico em que está inserida. Assim, é possível descobrir o potencial de valorização do ativo. Quem utiliza a ferramenta são investidores experientes, especialmente profissionais com a certificação CNPI.
Essa é a sigla do Certificado Nacional do Profissional de Investimento, o único autorizado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) a atuar como analista de fundamentos. Esse profissional também pode ser um investidor qualificado.
No entanto, qualquer investidor experiente e com conhecimento pode utilizar a análise fundamentalista na escolha dos ativos que comporão a carteira. Para isso, é preciso que o foco seja o longo prazo.
Como se faz uma análise fundamentalista?
Para realizar uma análise fundamentalista, comece examinando os relatórios financeiros da empresa, como o balanço patrimonial, a demonstração de resultados e o fluxo de caixa. Em seguida, avalie o ambiente de mercado no qual a empresa opera, considerando as tendências do setor, a concorrência e os fatores econômicos externos. Também, analise a qualidade da gestão da empresa, observando a experiência e as políticas dos executivos. Utilize indicadores financeiros como o Preço/Lucro (P/L), Valor Patrimonial por Ação (VPA), e Retorno sobre o Patrimônio (ROE) para entender o valor da empresa em relação ao mercado. Por fim, projete os potenciais desempenhos da empresa com base na análise para determinar se um ativo está subvalorizado ou sobrevalorizado no mercado.
Quais os principais indicadores da análise fundamentalista?
ROE
O Return on Equity, ou retorno sobre o patrimônio líquido, é um indicador da análise fundamentalista que verifica a performance da empresa em comparação com a eficiência da gestão. Por isso, esse indicador da análise fundamentalista verifica se a empresa gera vantagens aos seus acionistas.
Outro fator analisado pelo ROE é se a companhia consegue gerar valor a partir dos seus próprios recursos. Isso demonstra se ela é sólida e tem boa saúde financeira.
ROI
O Retorno sobre o Investimento (ROI) é um indicador da análise fundamentalista que indica qual é a capacidade dos ativos de gerarem lucro. Seu cálculo é feito pelo lucro líquido dividido pelo valor do ativo total. O ideal é ser o mais alto possível, mas a referência muda conforme o segmento de atuação.
Dividend yield
O dividend yield é um indicador da análise fundamentalista que sinaliza quanto é pago de dividendos por ano. Por isso, quanto mais alto ele for, mais o investidor recebe como renda passiva.
P/VPA
O Preço sobre Valor Patrimonial (P/VPA) é um indicador da análise fundamentalista que evidencia quanto o investidor pretende pagar pelo ativo. Isso é feito pela comparação entre o valor de mercado e o valor contábil do negócio.
Portanto, quanto mais alto for o resultado, maior é a valorização. Assim, você descobre se ele está caro ou barato. Ainda vale observar que o VPA é definido pelo patrimônio líquido dividido pela quantidade de ações.
Índice P/L
O índice Preço sobre Lucro (P/L) é um indicador da análise fundamentalista que diz se o valor do ativo está mais baixo ou alto do que a concorrência. Por isso, analisa a atratividade da ação, quando comparada à de outras empresas do mesmo segmento.
De modo geral, quanto menor for o resultado, mais atrativo é o ativo. Isso porque o resultado demonstra que o retorno ao investidor em forma de dividendos ocorrerá em menos tempo.
LPA
O Lucro Por Ação (LPA) é um indicador da análise fundamentalista que avalia a lucratividade da empresa, isto é, o resultado líquido obtido por ativo. Assim, é possível saber qual é o potencial de gerar um bom retorno aos acionistas, sendo fundamental para tomar uma decisão com base no preço justo, ou metodologia valuation.
EBITDA
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização — ou EBITDA — é um indicador da análise fundamentalista que analisa as demonstrações financeiras a partir da eficiência do segmento de atuação. Portanto, verifica o desempenho operacional nessa comparação de produtividade e efetividade.
EV/EBITDA
O enterprise value sobre o EBITDA é um indicador da análise fundamentalista que verifica o valor da empresa quando comparado ao lucro operacional antes do pagamento de juros, impostos, depreciação e amortização. Vale a pena destacar que o EV consiste no valor de mercado adicionado da dívida líquida.
Por isso, esse indicador da análise fundamentalista é mais amplo do que o P/L. Assim, se o EV/EBITDA é baixo, a empresa tende a ser mais atrativa, enquanto o resultado elevado sinaliza um risco maior.
Preço sobre Vendas (P/V)
O índice Preço sobre Vendas é um indicador da análise fundamentalista que mostra a comparação entre a capitalização e o valor das vendas líquidas. Ele é calculado pela divisão do preço da ação pela receita obtida por ação.
Indicadores econômicos da análise fundamentalista
Os indicadores econômicos da análise fundamentalista ajudam a complementar a avaliação. Alguns deles são as decisões de política monetária do FED (banco central dos EUA), relatório do payroll, IBC-Br e preços de commodities.
Qual a diferença entre análise fundamentalista e análise técnica?
A diferença entre análise fundamentalista e análise técnica é a aplicação dos fundamentos. Assim, a primeira é usada na estratégia buy and hold para verificar perspectivas a partir de diferentes fatores de negócio e setor de atuação. Já a segunda visa ao curto prazo e atenta à movimentação do gráfico intradiário, indicando o melhor momento de entrada e saída.
Portanto, a análise fundamentalista considera um período de anos, sendo usada pelos holders. Enquanto isso, a análise técnica (também chamada de gráfica) considera as tendências dos próximos minutos, horas ou dias. Assim, é adotada pelos traders.
Quais as vantagens de utilizar a análise fundamentalista?
As vantagens da análise fundamentalista são expressivas para quem investe em ações, especialmente para aqueles interessados em construir um patrimônio de longo prazo. Primeiramente, ela permite identificar ações negociadas abaixo do seu valor intrínseco, oferecendo oportunidades de maiores ganhos à medida que o mercado corrige essas avaliações. Além disso, ao focar em empresas com fundamentos sólidos e boas perspectivas de crescimento, os investidores podem minimizar riscos e aumentar a probabilidade de retorno estável. Ainda, promove decisões de investimento mais informadas e fundamentadas, já que ajuda a evitar empresas com práticas questionáveis ou instáveis.
Quais as principais críticas à utilização da análise fundamentalista?
As principais críticas à utilização da análise fundamentalista são o tempo de realização, a desconexão de expectativas e a subjetividade na interpretação dos dados. Além disso, ela desconsidera eventos imprevistos e pode sofrer influência do viés cognitivo, como excesso de confiança do indivíduo, e de informações privilegiadas, que não são acessíveis a todos os investidores.
Ou seja, para que essa avaliação seja feita corretamente, é preciso investir um bom tempo, porque ela é bastante completa. Ainda assim, como é necessário interpretar os dados, o resultado alcançado nem sempre estará conforme as suas perspectivas. Portanto, existe essa desconexão, muitas vezes causada pela subjetividade inerente à análise.
Quais os principais livros sobre análise fundamentalista?
- O Investidor Inteligente, de Benjamin Graham;
- Investindo em Ações no Longo Prazo, de Jeremy Siegel;
- Filosofias de Investimento, de Aswath Damodaran;
- Valuation: como avaliar empresas e escolher as melhores ações, de Aswath Damodaran;
- Mercado de Capitais, de Juliano Pinheiro.
Use a análise fundamentalista para investir no Brasil e no exterior
A análise fundamentalista é um método de avaliação de ações válido para investir no Brasil e no exterior. Portanto, você pode usar os indicadores, os relatórios e as informações do mercado e da empresa para tomar as melhores decisões.
É essencial ter conhecimento para usar essa ferramenta. Caso queira investir no exterior, conte com a Remessa Online para enviar e receber dinheiro de forma prática, sem taxas abusivas e sem burocracia.
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Resumindo
A análise fundamental é um método de estudo do potencial de valorização dos preços das ações de uma empresa com foco no longo prazo. O objetivo é entender as perspectivas do negócio considerando fundamentos de saúde financeira, econômica e setorial. Com o resultado, é possível definir o valor intrínseco (preço justo) do ativo.
Você faz uma análise fundamentalista lendo os relatórios financeiros da empresa e considerando as perspectivas do setor e a qualidade da gestão. Nesse processo, deve-se usar métricas, como P/L, EBITDA, EV/EBITDA etc. Além disso, o ideal é coletar dados de várias fontes para ter uma interpretação adequada e tomar uma boa decisão.
A análise fundamentalista utiliza fundamentos para analisar o preço das ações. Por isso, ela é usada na estratégia buy and hold e foca o longo prazo. Enquanto isso, a análise técnica verifica gráficos intradiários para verificar o melhor momento de entrada e saída das posições. Assim, foca o curto prazo. Portanto, a diferença é a aplicação dos fundamentos.
Crédito de imagem: Envato Elements