“Um milhão de reais em barras de ouro, que valem mais do que dinheiro!” A conhecida frase usada por Sílvio Santos se tornou, praticamente, um mantra. Mas será que é verdadeira?
Pelo senso comum, sim. Afinal, o ouro é um metal raro e finito, ou seja, é escasso e visto como um bom investimento. Em muitos casos, chega a ser usado como hedge, uma medida que protege operações financeiras voláteis. Além disso, investir em barras de ouro é uma forma de aprender como investir em commodities.
Por mais que o dinheiro tenha seu valor, ele não pode ser comparado ao valor das barras de ouro. O dinheiro é fixo, seu valor é pré-determinado e a única alteração é a valorização da moeda. Já o ouro, e as barras de ouro, por consequência, têm uma cotação volátil, dependente da lei de oferta e procura no mercado
Como e por que isso acontece? Neste post, vamos explicar melhor essa relação. Continue lendo!
Quanto custa 1 barra de ouro?
Uma barra de ouro custa o valor relativo à quantidade de gramas que possui. Em 31 de janeiro de 2023, a cotação dessa commodity foi de R$ 316,10. Portanto, o valor relativo a 1 kg seria cerca de R$ 316 mil.
Vale a pena reforçar que o preço sempre é cotado em dólar devido ao fato do ouro ser uma commodity. No entanto, o Banco Central divulga diariamente a cotação em reais.
Além disso, esse é um dos ativos financeiros que sofre muita volatilidade. Ou seja, o preço varia bastante, sempre considerando a lei da oferta e da procura.
Cotação do ouro
A cotação do ouro é feita pela Bolsa de Valores de Nova York e é responsável por determinar o preço do ouro diariamente. Assim como a cotação do dólar sofre alterações, o preço do ouro é definido com base na oferta e procura no mercado. Qualquer alteração na economia impacta diretamente no valor de compra e venda deste commodity.
Os investidores acompanham a cotação e identificam o melhor momento para comprar e vender esse ativo. Inclusive, muitos fundos de investimento utilizam o ouro como parte de suas estratégias de investimentos.
Vale a pena destacar que a cotação do ouro na bolsa de valores de São Paulo é determinada por gramas. O preço está vinculado ao valor dessa commodity na New York Stock Exchange, a bolsa de Nova York.
Além disso, vários fatores interferem na cotação do ouro. Eles podem ser relativos ao ciclo de mercado ou à ordem macroeconômica.
No que se refere ao primeiro aspecto, é preciso lembrar que o ouro é, muitas vezes, encarado como proteção contra a inflação. Ou seja, uma hedge. Na prática, quando a inflação está elevada, os investidores compram ouro para manterem o seu poder de compra.
Por sua vez, se o período for de bull market, há uma grande valorização nas empresas. Portanto, o ouro acaba ficando para trás nas cotações.
De toda forma, as regras nem sempre são aplicadas no mercado. Isso pode acontecer devido à alta volatilidade desse ativo.
É possível comprar barras de ouro?
Sim, é possível comprar barras de ouro por meio da bolsa de valores. No Brasil, você tem a opção de utilizar o ambiente da Bolsa de Mercadorias, Valores e Futuros e a B3.
No entanto, é preciso que o contrato determine que o comprador não tem a obrigação de fazer a retirada do metal. Outra possibilidade é o mercado de balcão, no qual você recebe a commodity. Dois exemplos disso são a Ourominas e o Banco do Brasil.
Para operar na bolsa de valores, é preciso ter conta em uma corretora de valores. Ela deve ter autorização do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Instituições mais reconhecidas no Brasil para venda de ouro são:
- Carol DTVM;
- Ourominas;
- Parmetal.
Nesse momento, você pode estar se perguntando: e as vendas nas ruas, geralmente nos centros das cidades? Comprar o metal nesses locais é pouco seguro. Normalmente, eles não oferecem o lacre de autenticidade, então não existe a comprovação de veracidade da qualidade do ouro.
Por que barras de ouro valem mais que dinheiro?
Não é possível comparar o valor desses ativos. Isso porque o valor de barras de ouro é volátil, dependente da lei de oferta e procura do mercado. Em momentos de crise, por exemplo, o ouro é valorizado, enquanto em períodos de bull market, o preço cai em relação a outros investimentos. Enquanto isso, o dinheiro tem um valor fixo e predeterminado, cuja única variação é devido à inflação.
O ouro é exposto de forma internacional e sofre influência das negociações nas bolsas de valores ao redor do mundo. Em outras palavras, o ouro não tem um valor monetário real como o dinheiro. No entanto, é possível ver qual é a cotação do ouro e verificar se vale mais do que R$ 1.
Segundo o preço definido em 31 de janeiro de 2023, de R$ 316,10, pode-se dizer que o metal vale mais do que R$ 1. Por isso, é comum utilizar a commodity como hedge.
Outra comparação dos valores entre ouro e dinheiro
É importante destacar que R$ 1.000, R$ 2.000 ou qualquer outra quantidade sempre valerá essa quantia. Portanto, o valor monetário permanece, mesmo que esteja em uma barra de ouro. Por esse motivo é inviável comparar os dois ativos.
Afinal, o metal é vendido em gramas. Ainda assim, no momento de investimento, compra ou ganho a barra de ouro, ela tem um valor intrínseco, que depende da cotação do dia. Em datas posteriores, ela pode se valorizar ou ter sua cotação reduzida.
Portanto, se você comprar e vender uma barra de ouro no mesmo dia, ela terá o mesmo preço. No entanto, se a negociação ocorrer em outra data, ela pode ter um valor diferente. Todo ativo financeiro terá um preço específico em determinado dia. No entanto, depois de um tempo, ele pode ter seu valor alterado.
É interessante observar que o papel-moeda também passa pelo mesmo processo. Basta entender o processo de inflação. A mesma quantia usada para comprar 1 kg de acém no mercado em 2019 é insuficiente para adquirir o mesmo produto em quantidade igual em 2023. Isso acontece devido ao aumento de preços.
Interferência do formato do dinheiro
O formato do dinheiro influencia a cotação dele graças a volatilidade dos formatos desse ativo financeiro, como obras de arte e o valor de moedas de outros países. No caso do ouro, ainda tem outro fator relevante: o histórico de valorização. Para ter uma ideia, essa commodity foi considerada o investimento da década 2010-2020. Isso porque a alta chegou a 256,73%.
A rentabilidade média anual foi de 13,82%. Esse dado não desconta a inflação do período. Se o ajuste for realizado, atinge 7,66%. Apenas a título de curiosidade, o segundo investimento mais rentável do período foi o dólar. O resultado foi um crescimento de 198,20%, bem abaixo do resultado das barras de ouro.
Qual a melhor maneira de investir em ouro?
Para investir em barras de ouro, você pode utilizar uma corretora de valores autorizada a operar pela CVM e pelo Banco Central ou comprá-lo em formato físico. Para investir de maneira simples, é preciso criar conta em uma corretora e investir na commodity através da bolsa de valores. Assim, o investidor pode ir ao home broker e requisitar a compra do ouro. Já a aquisição do metal físico é mais burocrática e exige um maior planejamento.
Veja qual é a melhor forma de investir em ouro.
Investir em ouro pela bolsa de valores
Para comprar ouro através da Bolsa de Valores, é necessário acessar o home broker e realizar transações de compra e venda desse ativo na bolsa. Com a execução da ordem dada pelo investidor, a aplicação financeira nessa commodity é assegurada.
Qualquer investidor pode aplicar seu dinheiro em ouro via bolsa de valores, de forma que as quantias alocadas nem precisam ser elevadas. Existem várias opções de produtos financeiros que permitem contar com esse ativo para diversificar sua carteira.
Conheça as opções de investimento em ouro via Bolsa de Valores.
1. Contrato futuro de ouro
Essa é uma negociação na bolsa que prevê a compra e venda de uma quantidade predeterminada de ouro, por um valor específico em uma data futura. Por isso, é considerada uma operação para pessoas mais experientes, com perfil de investidor arrojado.
O objetivo dessas operações é evitar perdas com a volatilidade da cotação do ouro. Portanto, é necessário fazer uma análise aprofundada do mercado para identificar as tendências dos próximos meses, até a data de vencimento do contrato.
A perda ou o ganho desse investimento vai variar conforme a diferença de preço entre a posição e a média das negociações executadas na bolsa de valores para esse contrato. Outra característica é que você não terá acesso às barras de ouro.
Isso porque acontece a liquidação financeira. Ou seja, os valores são debitados ou creditados da sua conta da corretora de forma automática. Também existe a liquidação física na bolsa de valores. Nesse caso, você resgata o ouro em barras. No entanto, essa opção é mais rara.
2. Fundos de investimento em ouro
Os fundos de investimentos em ouro alocam o capital através da aquisição de cotas, que possuem um valor mais acessível. As decisões do fundo são tomadas por um profissional especializado
No entanto, é interessante avaliar o histórico do gestor. Isso ajuda a definir se é um bom negócio fazer essa aplicação financeira.
3. ETFs
O Exchange Traded Fund (ETF) é um investimento no ouro de forma direta. Isso porque ele é um fundo de investimento que replica a performance de um indicador financeiro. Por isso, ele também é conhecido como fundo de índice. Alguns ETFs acompanham a cotação do ouro através do indexador escolhido.
Compra de ouro físico
Essa é uma opção mais burocrática, pois o Banco Central determina que somente instituições financeiras autorizadas devem comercializar o ouro. Ao escolher uma delas, você ainda terá que fazer um cadastro para ter a autorização para conseguir o ativo físico.
Também será preciso de um banco custodiante para armazenar o metal, já que deixá-lo em casa é pouco seguro. Essa opção costuma tornar a venda do ativo mais difícil.
Graças a essa burocracia do Banco Central, surgem meios ilegais de adquirir o metal. Comprar ouro nas ruas, por exemplo, não é apenas ilegal como também é uma commodity sem garantias de verificação do metal.
Vale a pena investir em ouro?
Com crises econômicas, inflação e juros altos, especialistas entendem que não vale a pena investir em ouro. Por ser utilizado como uma hedge, a compra do ouro funciona como uma forma de proteção dos investimentos. Dessa forma, deve ser considerado quando a inflação estiver equilibrada e os juros não tão elevados.
Entretanto, é preciso atentar-se à crise econômica de 2023 e a queda do valor do ativo que atingiu 15,89% e analisar sua carteira de investimentos. Em dados divulgados entre 31 de dezembro de 2021 e 7 de outubro de 2022, entende-se que a desvalorização do ouro está relacionada com os juros reais dos Estados Unidos e a taxa de juros nominal do Federal Reserve (FED).
Esse cenário faz com que o dólar se torne mais atrativo. Com isso, muitos investidores deixam o ouro e migram para a moeda americana. Outro fator relevante foi a rentabilidade dos Treasuries, que aumentou.
A expectativa para a melhoria do investimento em ouro passa pela queda das taxas de juros dos EUA e uma escalada das guerras na Europa e na Ásia. O segundo fator entra na conta, porque os cenários de conflitos e recessão econômica fazem com que as barras de ouro sejam formas de proteger o capital. Por outro lado, em outras situações, há investimentos mais rentáveis.
Dessa forma, é necessário fazer uma análise adequada para chegar à resposta certa. Afinal, barras de ouro não valem mais do que dinheiro, mas podem apresentar um potencial de valorização elevado, que ajuda a proteger e até aumentar seu patrimônio.
Além disso, você pode aproveitar para investir no exterior e saber como enviar dinheiro para corretoras fora do Brasil. Isso porque o ativo está presente em outras bolsas de valores e pode trazer resultados mais consistentes em economias mais estáveis.
Assim, vale a pena considerar investir não em barras de ouro, mas em ativos vinculados ao metal. Dessa forma, você consegue formar seu patrimônio a partir de uma carteira diversificada.
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Resumindo
Uma barra de ouro custa o valor equivalente ao peso em gramas. É assim que os distribuidores vendem o metal. A cotação do dia 31 de janeiro de 2023 era de R$ 316,10 para 1 g. Assim, 1 kg tem o valor de cerca de R$ 316 mil.
Ouro e dinheiro não são ativos que podem ser comparados. Isso porque o metal tem uma cotação determinada pela lei da oferta e da procura. Portanto, seu preço é volátil e muda conforme o mercado. Ainda há exposição internacional, que sofre impacto das negociações em bolsas de valores ao redor do mundo. Enquanto isso, o dinheiro tem um valor fixo.
A melhor maneira de investir em ouro é ter uma conta em uma corretora de valores autorizada a operar. Por meio do home broker, você envia as ordens de compra e venda do ativo. As opções disponíveis são ETFs, fundos de investimento em ouro e contratos futuros em ouro. Com a execução da solicitação, você aplicou seu dinheiro nessa commodity. Também é possível comprar ouro físico, mas é um processo burocrático.