O gráfico a seguir elaborado pela gestora Leblon Equities demonstra a performance – alta ou baixa – do Ibovespa desde 1964 em dólares.
É importante realizar essa análise com o ajuste da moeda para eliminar o efeito do câmbio ao longo do tempo e assim, assim podemos ter uma visão mais clara do potencial e das oscilações do índice.
Feita a ressalva, no gráfico, estão demarcados cada período político brasileiro: o Golpe Militar, o fim da Ditadura Militar, o Impeachment de Collor, a eleição de Lula e o Impeachment de Dilma. Após cada um destes acontecimentos, temos uma grande valorização dos ativos.
Fica claro que, a cada uma das mudanças políticas e econômicas, temos um novo ciclo de alta, normalmente longos e fortes. Mais do que isso, não estou falando de altas de 20% ou 30%, mas sim altas de 10 ou 20 vezes – verdadeiros saltos.
Daqui para frente, é esperada uma significativa guinada liberal na condução econômica do país. Por essa razão, um novo ciclo de alta deve ser iniciado. Será apenas o quinto movimento dos últimos 55 anos, que deve ser positivo para o desenvolvimento sustentável do Brasil e também para o mercado financeiro.
Como dito, deve ser mais um salto estendido de alta, com duração de cerca de 10 anos. A razão para tanto é devido ao governo e suas políticas liberais, “mais liberalizante que a maioria dos governos pelo menos desde 1930”, de acordo com o economista José Márcio Camargo.
E o que significa isso?
Em termos práticos, teremos juros mais baixos por mais tempo do que o esperado, inflação sob controle e crescimento. É claro que o processo é gradual e poderemos ter ajustes pelo caminho, mas com a primeira reforma aprovada, o aumento da confiança retornando e os ajustes necessários feitos, o Brasil poderá sim “dar certo”.
Eu sei que você está aqui para entender qual será o impacto para o dólar após toda essa história de mudança política e econômica, então….
Como ao longo do tempo a correlação sempre foi “Bolsa para cima e para baixo”, você já deve ter pensado nesta conclusão. Mas sempre há um porém…
Devido ao cenário internacional mais turbulento e com a desaceleração da economia a nível global, não teremos despencando na mesma proporção que a Bolsa subirá. Isso porque, em meio a este cenário, a moeda seguirá como um refúgio e proteção internacional, se mantendo forte.
Por isso, o patamar que tem o piso de R$ 3,50 é o que me parece mais razoável.
Como vimos nas últimas semanas, a retomada de ânimo com o governo articulado e conseguindo seguir com as suas propostas somado ao tom do banco central norte-americano, o Fed, inclinado a novos cortes nos juros, fez com que o caísse bem (caso não tenha acompanhado, sugiro a leitura do artigo “Por que os investidores gostam tanto de um estímulo financeiro?”).
Como vejo risco internacional, não adianta pensar que o irá apresentar uma queda tão acentuada, já que fica limitado a estes fatores externos. Mas ainda assim, o patamar que tínhamos visto nas últimas semanas é além do que o ideal e o ajuste para baixo deverá seguir.
Glenda Mara Ferreira é Economista, bacharel em Relações Internacionais com experiência em planejamento financeiro. Atualmente é especialista em investimentos na Levante e acabou de inaugurar um Instagram sobre finanças pessoais e economia:@glendamaraf.