A economista Glenda Mara Ferreira avalia os riscos para a economia global por conta das incertezas que podem aparecer com as eleições americanas. Acompanhe.
Vez ou outra, o assunto que da vez é quando será a próxima recessão global, qual é a bolha que está prestes a estourar, ou ainda qual será a crise que abalará o mundo e por aí vai. Não é para menos, estamos no maior ciclo de crescimento mundial, que já dura dez anos, e economistas, investidores, empreendedores querem saber quando será a próxima recessão – mesmo porque, todos sabemos que vivemos em ciclos econômicos e não dá só para crescer.
Invariavelmente, algum ajuste será encontrado no meio do caminho. E por isso as perguntas de qual será o tamanho desse ajuste são frequentes. Teremos apenas economias mais fracas passando por um pouso suave ou entraremos em recessão?
Para essa resposta ninguém pode afirmar com absoluta certeza. Previsões, palpites, cálculos podem e devem ser feitos, mas nada pode cravar um dia e hora para o otimismo acabar. Com isso, acompanhamos o mundo seguindo o seu ritmo, porém com cautela em qualquer sinal que possa fazer o que está indo tão bem, desandar.
Os efeitos esperados das eleições americanas
Aqui, vários fatores ficam no radar: guerra comercial entre EUA e China que contamina o comércio global e que não tem nenhuma previsão para ter fim, mais recentemente um possível combate entre EUA e Irã entrou no radar, além de um evento que será de suma importância para o que esperar já em 2021: as eleições norte-americanas.
O processo é longo, há primárias, uma série de votações por estado, de forma bem mais complexa do que temos aqui no Brasil. Por ora, não tivemos tantas novidades. Mesmo porque, para a maioria das pessoas, a vitória de Donald Trump é dada como certa. Contudo, até o fim do ano, há um longo caminho a ser percorrido e que você, necessariamente, acompanhará um sobe e desce na cotação do dólar e demais mercados.
A decisão de quem será o novo presidente da maior potencial mundial impacta nos mais variados setores. Por exemplo, para onde caminhará a economia dos EUA, qual tipo de política econômica será adotada (já que “nova política monetária”, em que há maior coordenação entre os bancos centrais e a política fiscal tem tido efeitos positivos, por enquanto)? Qual o nível de relacionamento com os demais países? Essas e uma extensa lista de questões importantes poderão influenciar em como será o ritmo de crescimento global e como o país agirá perante um risco mais acentuado de uma recessão global.
Repetimos: o ano de 2020 tem um viés muito positivo, mas não esqueça que fatores como as eleições americanas poderão adicionar um nível extra de volatilidade para o dólar.
Portanto, é fundamental frisar que o dólar fortalecido frente ao real se dá mais por razões externas do que locais. O risco de uma recessão a nível global já em 2020 está praticamente dissipado, o que não deixará de ser um fator que irá balançar os mercados, fazendo com que flutuações ocorram.
Dados que possam indicar indústrias pelo mundo mais fracas, setor de serviços patinando, o nível de exportações e importações entre os países em decadência, acenderão o alerta dos investidores, bem como as eleições americanas e outras situações geopolíticas. E nestes momentos, você bem sabe qual é a reação mais comum: a fuga por ativos mais seguros, como o dólar que é uma moeda fortíssima.
Para nós, é necessário entender que passaremos por saltos momentâneos, mas que a moeda deverá se acomodar em níveis levemente superiores aos atuais.
Glenda Mara Ferreira é Economista, bacharel em Relações Internacionais com experiência em planejamento financeiro. Atualmente é especialista em investimentos na Levante. Possui uma conta no Instagram sobre finanças pessoais e economia: @glendamara_ferreira