As decisões dos bancos centrais sempre geram expectativa nos investidores (e até uma dose de ansiedade) para saber qual será a nova taxa de juros do país, as avaliações e perspectivas da economia.
Afinal de contas, não podemos negar a importância da taxa de juros em nosso dia a dia. Desde o seu uso para controle da inflação (quem não se importa com a variação dos preços na hora de fazer as compras?) até quando olhamos a taxa de juros de empréstimos.
E não pára por aí, atingindo especialmente o câmbio. Já falo sobre isso daqui a pouco.
Primeiro, vamos entender o que aconteceu na última super quarta-feira (20), um dia marcado por decisões dos bancos centrais norte-americano e brasileiro.
Dia de estréia
A primeira reunião do Copom presidida por Roberto Campos Neto seguiu conforme o esperado. Manteve a Selic em sua mínima histórica.
O comunicado foi um pouco mais brando. Como o nível de atividade econômica ainda é muito fraco, todos esperam novos cortes na taxa.
Mas, é preciso lembrar que o Banco Central não faz milagre sozinho. Por isso, enquanto o ajuste fiscal não der o impulso que falta, o corte da Selic é empurrado para daqui alguns meses. Porém, cresce a cada dia essa expectativa entre os investidores.
Na terra do Mickey
Nos EUA acompanhamos a decisão do Fomc (Comitê do Federal Reserve) à tarde. Como amplamente esperado pelo mercado, a taxa foi mantida no patamar de 2,25% a 2,50%. Contudo, além disso, foi retirada a perspectiva de dois aumentos da taxa este ano, para nenhum. Agora, o Fed só planeja apenas um aumento até 2021.
O comunicado foi ainda mais dovish (suave) do que era esperado. Com outros anúncios, como a redução à metade no resgate de títulos, para US$ 15 bilhões mensais a partir de maio, e o reinvestimento desses papéis a partir de setembro.
O que isso quer dizer?
O país segue com um bom ritmo de crescimento; a expectativa é de um PIB um pouco menor agora, mas ainda assim, são 2% de crescimento no ano.
Porém, o ponto de atenção dos investidores é que o Fed está realmente empenhado em estimular a economia – mais até do que tínhamos visto até agora. Com isso, cresce o receio de que o gigante esteja um pouco mais fraco. Impactos negativos como a guerra comercial com a China (que segue sem avanços) não são o melhor cenário possível para vermos o seu desenvolvimento mais robusto.
E o câmbio com isso?
Para nós – um país emergente – a perspectiva de não vermos novas elevações da taxa de juros por lá é maravilhosa. Sofremos muito e o real também, no último ano, quando a postura do Fed era o contrário.
Tanto que apenas na quarta-feira, vimos o dólar cair 0,61%, rompendo novamente a barreira dos R$ 3,80.
Como venho falando há algumas semanas, o nível confortável do dólar é entre R$ 3,70 e R$ 3,75. Isso devido a conjuntura de diversas indefinições no cenário internacional e espera da aprovação da reforma da Previdência. Sem isso, o fluxo estrangeiro resiste em vir para o Brasil e fazer com que, efetivamente, o dólar possa ser negociado a taxas mais baixas.
Glenda Mara Ferreira é Economista, bacharel em Relações Internacionais com experiência em planejamento financeiro. Atualmente é especialista em investimentos na Levante e acabou de inaugurar um canal no YouTube sobre finanças pessoais, Glenda Mara.