Coronavírus eleva chance de novo corte de juros nos EUA

Os dias não estão dos mais tranquilos, o marasmo está passando longe. A cada confirmação de um novo caso de coronavírus – em qualquer parte do mundo – faz com que aumente o temor global. Como de tempos em tempos, uma epidemia global aparece, o medo de que as mortes aumentem e uma pandemia se alastre, fica cada vez latente.

Há um indicador americano, o VIX, conhecido como o “índice do medo”, que mede a sensibilidade do mercado por meio das opções do S&P 500. Traça um panorama de qual será o comportamento do S&P para os próximos 30 dias e a variação das ações no período.

Na segunda-feira (24), o VIX subiu 46,55% e terminou o pregão cotado em 25,03 pontos. E não parou desde então, bateu os 28 pontos na última quarta-feira (26). Como ninguém sabe a dimensão que o coronavírus pode atingir, o medo e o estresse só tendem a continuar elevados, o que pode levar a uma ação dos Bancos Centrais sobre os juros.

E se o pânico está se espalhando, os Bancos Centrais sabem que os governos esperam contar com eles para tentar segurar a situação. Por exemplo, Donald Trump já falou publicamente e, em várias oportunidades, que o Fed (Banco Central Americano) deveria reduzir os juros para incentivar a economia.

Agora, o assunto voltou como uma chance maior de ocorrer. Com diversas empresas tendo os seus negócios impactados e sem ninguém conseguir afirmar qual será o tamanho dos prejuízos, os temores de uma desaceleração econômica, estão elevadíssimos. Com isso, uma nova rodada de flexibilização monetária, desaponta como necessária.

Um mês atrás, os investidores enxergavam a possibilidade de um novo corte de juros de apenas 3,8% para acontecer. Há uma semana, aumentou para 11,1% e agora, os investidores já enxergam 18,8% de chance de um novo corte de 0,25 ponto percentual já na próxima reunião em março.

Quando analisamos um espaço de tempo maior, de qual será a decisão da autoridade monetária em abril até setembro, esse número chega a 90,2%. Ou seja, os investidores estão entendendo que diante do atual cenário, será necessária uma “ajuda extra” do Banco Central para fomentar e estimular a economia. Ninguém quer deixar a peteca cair.

Ainda assim, os principais dirigentes do Fed estão mantendo a calma e dizendo que estão confortáveis com os juros atuais, entre 1,5% a 1,75% ao ano. Mesmo que ninguém mais está acredite neste discurso.

O que muda com os juros no Brasil?

Juros mais baixos implicam em aumento da liquidez, o dinheiro, em tese, vai atrás de mais risco e de novas oportunidades de rendimento – uma vez que nenhuma pessoa deseja ficar com rendimentos tão mirrados.

Aqui, seria uma bela oportunidade para que o Brasil recebesse investimentos internacionais, implicando na entrada de mais dólares em nosso país, o que poderia fazer com que o dólar caísse. Porém, diversos fatores como a falta de grau de investimento brasileiro, o risco que é atribuído ao aplicar em um país emergente e principalmente, tão vulnerável em um momento de incerteza.

Portanto, poderemos ver atuações de bancos centrais de forma mais assídua, não só nos EUA, mas ao redor do mundo, para estimularem suas economias e aumentar a liquidez global. Esse dinheiro poderá especular em diversas localidades, mas não enxergamos como uma alocação de longo prazo em terras brasileiras.

A tendência mais lógica é que seja especulativo quando se trata de Brasil e mais instável enquanto não há maior previsibilidade do rumo econômico mundial. Enquanto isso, os hedges (proteções de carteiras de investimentos), como o dólar e o ouro, tem uma só direção: de valorização.

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