De olho nas moedas: Trump agita mercado; Hard Brexit.

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A americana seguiu bastante volátil na última semana, por conta dos eventos políticos com epicentro nos EUA. Em primeiro lugar, devemos lembrar da continuidade do conflito comercial sino-americano.

Ficou translúcido, após diversas declarações de Donald Trump e das ações de empresas como o Google, que o cerne do conflito é o domínio da tecnologia 5G, que se deu por meio de uma série de sanções a gigante chinesa Huawei.

Não bastasse isso, Trump voltou a ameaçar o México, desta vez com tarifas de importação sobre todos os produtos de origem mexicana por causa da imigração ilegal. A demanda de Trump é de que o México tome alguma atitude para reduzir ou eliminar drasticamente a entrada de imigrantes clandestinos em território estadunidense.

Para tanto, o presidente dos EUA anunciou uma tarifa inicial de 5% sobre todas as importações mexicanas, que passará a valer a partir de 10 de junho. O percentual pode chegar a 25% caso a imigração clandestina não termine ou não seja drasticamente reduzida.

Eventos brasileiros também tiveram peso na cotação das x ao longo da semana, com especial destaque às manifestações pró-governo no último dia 26 de maio, avanço nas discussões acerca da previdência, anúncio da eventual liberação do saldo das contas ativas do FGTS, bem como o resultado do PIB do 1º trimestre de 2019.

Ainda sobre PIB, cabe ressaltar o forte crescimento do Produto Interno Bruto estadunidense, que mostrou alta de 3,1% no primeiro trimestre. Apesar de uma ligeira revisão para baixo, o dado reforça a visão de que a economia dos EUA continua forte.

Nesse balanço de forças, após manter-se na casa dos 4,01, a cotação da americana caiu ao longo da semana, alcançando o patamar de 3,92.

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A da União Européia está sendo negociado dentro do intervalo de 4,44 e 4,54 em um ambiente cauteloso. Para além do Brexit, a semana começou com algumas tensões na produção de cerveja entre a UE e a Itália, enquanto outros estados membros da UE estão enfrentando pressões políticas locais.

O mercado é deixado com dados de segunda linha para se alimentar. A pesquisa Gfk Consumer Climate, que mede a disposição ao consumo na UE, não registrou mudanças para este mês.

Espera-se que os consumidores gastem menos dadas as perspectivas econômicas incertas, e a economia alemã provavelmente será mais duramente atingida se os atritos comerciais continuarem.

Na quarta-feira (29/5), a queda da cotação do foi mais acentuada, por conta de tensões no comércio internacional e, em especial, desacordos na UE sobre quem assumirá a liderança do bloco.

O principal cargo do Banco Central Europeu também está em jogo. Esse movimento no BCE tem influenciado o . O banco não deve mudar sua política pelo menos até o final de 2019.

A nomeação de um novo presidente, contudo, pode levar a uma mudança nas expectativas. Cabe destacar que a política monetária adotada na Zona do tem sido estimulativa especialmente desde 2008, após a crise financeira que afetou EUA e Europa.

No mais, enquanto esta análise era desenvolvida, o era negociado em torno de 4,43.

Real x Libra Esterlina

A Libra Esterlina registrou expressiva desvalorização frente ao . É sempre importante lembrar que o mercado GBP/ não é tão expressivo quanto o mercado /, desse modo, os principais condicionantes da variação da cotação da são internos.

Ainda assim, a britânica passa por movimentos bastante intensos após a notícia da saída de Primeira Ministra Theresa May do cargo ocupado desde 2016.

A Primeira Ministra da Inglaterra, Theresa May, renunciou ao cargo sem conseguir concretizar o Brexit.

A corrida pela liderança para o novo PM do Reino Unido está em curso, com mais candidatos se juntando ao ringue. A UE sinalizou mais uma vez que o Plano de Saída (Brexit) não está aberto para negociação. Desse modo, vai ganhando força a hipótese de um divórcio do Reino Unido com a União Europeia sem acordo.

Cabe destacar que o nome de Boris Johnson, ex-ministro das Relações Exteriores do Reino Unido e um dos principais apoiadores do Brexit durante a votação em 2016, é a principal escolha entre os membros do Partido Conservador para assumir o cargo de Primeiro Ministro no lugar de May.

Em discurso em uma conferência econômica na Suíça na semana passada, Boris Johnson foi enfático, apelou aos membros do Partido Conservador, e disse: “vamos deixar a UE em 31 de outubro, com ou sem acordo”.

Desse modo, após um mês de relativa calma, a libra continuará a ser impulsionada por eventos em torno do Brexit. A chegou a atingir o valor de R$ 5,14 no início da semana e, enquanto esta análise era escrita, operava na casa dos R$ 5,00.

André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, professor e coordenador universitário nos cursos de Ciências Econômicas. Mestre em Economia Política pela PUC-SP, possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público.

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