Depois de uma forte tempestade causada pelas falências bancárias nos Estados Unidos e pela venda do Credit Suisse ao UBS, nos deparamos com mais uma rodada de aumento dos juros no Reino Unido e nos Estados Unidos, além da manutenção da Selic por parte do Copom.
Não que o aumento dos juros por lá tenha nos causado espanto, já esperávamos por estes movimentos, mas depois da quebra do Silicon Valley o mercado chegou a sugerir que o melhor caminho para o Banco Central Europeu, o Fed e o BoE suspendessem seus ciclos de aperto monetário, movimento que acabou não se materializando.
Apesar da continuidade do clima de incerteza em relação aos agentes dos sistemas bancários dos Estados Unidos e da Europa, a moeda brasileira também está submetida a volatilidades provocadas por elementos domésticos.
A apresentação do novo arcabouço fiscal, marcada para a primeira semana de abril, deve dar dinâmica própria ao mercado de câmbio, a despeito do risco de desvalorização provocado pelos recentes episódios envolvendo o Deutsche Bank.
Por outro lado, há um incipiente movimento de desinflação no Brasil e diversos indicadores endossam as projeções de que os preços aos consumidores devem continuar cedendo até o mês de junho. Se essa expectativa se materializar da forma como as projeções estão apontando neste momento, o Copom não terá mais como manter a Selic em 13,75% na reunião de junho.
O ciclo de cortes da Selic está a caminho, só resta saber se terá início em maio ou junho. E, apesar da relação dos juros americanos e brasileiros provocaram mudanças no câmbio, é importante dizer que a taxa real de juro do Brasil está tão elevada que reduções graduais da Selic não devem provocar saída de capitais ou desvalorizações mais importantes do real.
Seguimos de olho.