A semana mais curta devido ao feriado nacional e a assimilação das mensagens pós-decisão de política monetária dos Estados Unidos mantiveram a cotação do dólar relativamente estável, oscilando entre R$4,95 e R$5,00. Essa estabilidade decorre da interação de duas forças opostas: a estabilidade política no Brasil e sinais de recuperação econômica favorecem o Real, enquanto a percepção de uma economia americana sobreaquecida e a expectativa de adiamento do ciclo de cortes de juros pelo Federal Reserve favorecem o dólar. Esse cenário produziu uma estabilidade cambial incomum. Além disso, na Zona do Euro, a economia enfrenta enfraquecimento, especialmente na Alemanha, com indicações de recessão e preocupações com a inflação persistente acima da meta.
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Real x dólar
Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,0037 na segunda-feira (25/mar), um nível 0,1% superior à abertura da semana anterior (18/mar). A cotação da moeda estrangeira registrou relativa estabilidade ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta quinta-feira (28/mar) cotado a R$4,9766, patamar 0,04% superior à abertura da sexta-feira anterior (22/mar). Entre as aberturas desta quinta (28/mar) e da segunda-feira da semana anterior (18/mar), vimos uma valorização do real em relação ao dólar de 0,4%.
A semana mais curta em função do feriado nacional e a absorção das mensagens transmitidas depois da decisão de política monetária dos Estados Unidos, mantiveram a cotação do dólar relativamente estável. No geral, o dólar passou a oscilar em uma faixa mais estreita em relação ao Real, situando-se entre R$4,95 e R$5,00.
Essa relativa estabilidade do dólar, flutuando em um corredor mais estreito, deriva da ação de duas forças opostas:
- O ambiente político mais estável e os indícios de uma retomada da economia brasileira têm atuado em favor da moeda brasileira.
- Em favor do dólar, pesam a percepção de que a economia norte-americana continua sobreaquecida e que, portanto, o Federal Reserve deverá tardar em começar o ciclo de cortes de juros por lá.
A interação desses dois movimentos, que afetam a cotação do dólar de maneira distinta, tem resultado em uma estabilidade cambial que é bastante incomum no contexto brasileiro.
O desfecho da semana foi caracterizado por dados que reforçam ainda mais esses dois movimentos. No Brasil, o Caged revelou uma significativa geração de empregos formais em fevereiro, enquanto nos Estados Unidos a leitura final do PIB demonstra que a economia cresceu mais do que o previsto no ano passado, e em março essa tendência de sobreaquecimento econômico persiste, evidenciada pelo baixo número semanal de novos pedidos de seguro-desemprego.
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Real x euro
O euro abriu o pregão de segunda-feira (25/mar) cotado a R$5,4079. Na abertura desta quinta-feira (28/mar), a cotação foi de R$5,4003. Portanto, houve uma valorização de 0,1% do real frente à moeda europeia, mantendo o movimento de valorização que foi observado na semana anterior.
Com relação ao dólar, a moeda europeia ganhou força esta semana, revertendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0807 na segunda (25/mar) para US$1,0826, nesta quinta (28/mar). Portanto, vimos uma valorização do euro de aproximadamente 0,2% (leia-se: é preciso mais dólares para comprar um euro).
A Zona do Euro segue em uma rota de enfraquecimento econômico. O contexto de taxas de juros elevadas, esperado para persistir sem mudanças na primeira metade do ano, tem provocado declínios significativos nos principais indicadores de atividade econômica.
Tal movimento é liderado principalmente pela Alemanha, a maior potência econômica do agrupamento, que adentrou uma fase recessiva no término do ano passado.
A atividade econômica alemã continua a perder força, conforme indicado pelos números do comércio varejista em fevereiro, que registraram uma contração de 1,9%, em desacordo com as previsões de mercado, que antecipavam uma expansão de 0,4%.
Ao mesmo tempo, as leituras mais recentes de inflação sugerem que os preços podem não estar tão controlados quanto o Banco Central Europeu gostaria, com a possibilidade de uma persistência inflacionária acima da meta durante o ano.
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Real x libra esterlina
A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (25/mar) cotada a R$6,3050, patamar mais baixo que o registrado nesta quinta-feira (28/mar), R$6,3076. Trata-se de uma desvalorização de 0,04% do real em relação à moeda britânica, revertendo a tendência de valorização registrada na semana anterior.
Já em relação ao dólar, a moeda inglesa ganhou força essa semana, revertendo a tendência de desvalorização registrada na semana anterior, e abriu esta quinta-feira (28/mar) cotada a US$1,2637 após ter iniciado a semana cotada a US$1,2600, uma valorização de 0,3% da moeda britânica em relação ao dólar.
Assim como nas outras economias europeias, o Reino Unido atravessa um processo intenso de desaceleração, provocado pelo ambiente de altas taxas de juros, que atualmente encontram-se em 5,25%.
Conforme tal tendência, a leitura final do PIB britânico confirmou o recuo de 0,3% no quarto trimestre de 2023. Com tal resultado, o país entra oficialmente em recessão, uma vez que o indicador já havia registrado queda no período anterior.
Apesar do arrefecimento econômico, é improvável que o Bank of England opte por realizar um corte de juros nos próximos meses, tendo em vista a necessidade de manter sua política monetária próxima da do Fed.
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Perspectivas
O sobreaquecimento da economia americana deve manter os juros em seu atual patamar no mínimo até a próxima reunião, a ocorrer em maio. Embora alguns indicadores de atividade possam sugerir desaceleração, os principais componentes observados pelo Fed, a taxa de desemprego e o índice de preços, devem prosseguir acima do desejado.
De forma similar, o Banco Central brasileiro adiantou que o ciclo de queda da Selic deve se manter em tal ritmo também até a próxima reunião, com a realização de mais um corte das taxas de juros de 0,50%. Depois desse ponto, a força do mercado de trabalho, caso se mostre persistente, pode provocar uma mudança na política monetária, reduzindo a intensidade dos cortes, conforme indicaram comunicações recentes do Copom.
A atuação dos bancos centrais do Brasil e dos Estados Unidos, em teoria, proporcionará mais alguns dias de estabilidade ao mercado de câmbio, dada a presença de forças dissonantes sobre o real neste momento.
Seguimos de olho.