A incerteza global aumentou drasticamente depois da intensificação dos conflitos no Oriente Médio. A despeito dos ataques perpetrados no último final de semana, o mercado parece ter digerido bem o aumento das tensões e os índices europeus ensaiaram uma forte recuperação na segunda-feira (15). No entanto, o mercado foi surpreendido com o aumento além do esperado nas vendas no varejo dos EUA em março, resultando em uma rápida valorização do dólar. As mudanças na meta fiscal do Brasil para 2025 agravaram a desvalorização do real. O discurso cauteloso do presidente do Fed no evento do G20 e as expectativas de cortes de juros do BCE contribuíram para a desvalorização do euro. Apesar disso, a moeda europeia avançou em relação ao real durante a semana, refletindo as preocupações com o cenário fiscal brasileiro e a expectativa de cortes de juros pelo Fed apenas em setembro.
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Real x dólar
Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,1300 na segunda-feira (15/abr), um nível 1,2% superior à abertura da semana anterior (08/abr). A cotação da moeda estrangeira registrou valorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (19/abr) cotado a R$5,2550, patamar 3,3% superior à abertura da sexta-feira anterior (12/abr). Entre as aberturas desta sexta (19/abr) e da segunda-feira da semana anterior (08/abr), vimos uma desvalorização do real em relação ao dólar de 3,7%.
O mundo amanheceu a segunda-feira (15) carregado de incerteza depois que o Irã perpetrou um ataque ao território isralense como resposta ao ataque à embaixada iraniana na Síria, dias antes.
Apesar da gravidade dos ataques realizados no sábado (13), a ausência de uma resposta imediata por parte de Tel Aviv acabou trazendo certo alívio aos mercados. As bolsas europeias chegaram a engatar um movimento de alta no começo da semana.
O que o mercado injustificadamente não esperava, é que o volume de vendas do comércio varejista americano cresceria além das expectativas em março. Portanto, bastou a divulgação dos dados americanos para que se consolidasse um rápido movimento de valorização do dólar.
A desvalorização da divisa brasileira foi reforçada pelos boatos de que o governo alteraria a meta fiscal para o ano de 2025. Antes mesmo da Lei de Diretrizes Orçamentárias ser enviada ao Congresso Nacional, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou as informações vazadas pela manhã, e o real passou a perder ainda mais terreno para o dólar.
A situação ficou ainda pior para as moedas não-conversíveis depois que o presidente do Fed falou publicamente no evento do G20. Powell mostrou extrema cautela e disse, entre outras coisas, que o Fed está preparado para manter as taxas de juros elevadas pelo tempo que for necessário para conter a inflação.
O real chegou a ganhar algum espaço na quarta-feira (17) em um movimento de correção, mas a piora no ambiente econômico internacional acabou provocando mais desvalorização da divisa brasileira na quinta-feira (18).
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Real x euro
O euro abriu o pregão de segunda-feira (15/abr) cotado a R$5,4591. Na abertura desta sexta-feira (19/abr), a cotação foi de R$5,5804. Portanto, houve uma valorização de 2,2% do real frente à moeda europeia, revertendo o movimento de valorização que foi observado na semana anterior.
Com relação ao dólar, a moeda europeia ganhou força esta semana, revertendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0642 na segunda (15/abr) para US$1,0644, nesta sexta (19/abr). Portanto, vimos uma ligeira desvalorização do euro de aproximadamente 0,02% (leia-se: é preciso mais dólares para comprar um euro).
A expectativa de que o Banco Central Europeu (BCE) comece a reduzir os juros antes do Federal Reserve provocou uma onda de desvalorização do euro, inclusive em relação às divisas não-conversíveis como o real.
Na semana passada, o comunicado expedido logo após a reunião de política monetária do BCE sugeriu que o Banco poderia estar se preparando para reduzir a taxa básica de juros. Esta interpretação foi suficiente para trazer uma forte desvalorização do euro.
O movimento – de desvalorização da moeda europeia – foi reforçado depois que a presidente da instituição, Christine Lagarde veio a público para reforçar esta hipótese. De modo geral, o comunicado e a fala de Lagarde sugerem que se a inflação permanecer sob relativo controle, o BCE estaria disposto a começar o ciclo de cortes de juros.
Apesar desse cenário desfavorável à moeda europeia, o euro avançou sobre a moeda brasileira ao longo desta semana, repercutindo a relativa deterioração do quadro fiscal brasileiro e a expectativa de que o Fed fará o primeiro corte de juros apenas em setembro deste ano.
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Real x libra esterlina
A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (15/abr) cotada a R$6,3876, patamar mais baixo que o registrado nesta sexta-feira (19/abr), R$6,5215. Trata-se de uma valorização de 2,1% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de desvalorização da moeda brasileira em relação à libra.
Em relação ao dólar, a moeda inglesa perdeu força essa semana, mantendo a tendência de desvalorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (19/abr) cotada a US$1,2438 após ter iniciado a semana cotada a US$1,2449, uma desvalorização de 0,1% da moeda britânica em relação ao dólar.
Assim como o dólar e o euro, a libra também apresentou uma intensa valorização contra a divisa brasileira nesta semana.
Além dos acontecimentos internacionais, a cotação também foi afetada pela divulgação final do índice de preços ao consumidor de março. A leitura confirmou o percentual de 0,6%, reforçando a possibilidade de que as pressões inflacionárias sigam acima do desejado pela autoridade monetária.
Entre os indicadores de atividade, contudo, as vendas do varejo britânico permaneceram estáveis em março, resultado inferior às expectativas do mercado.
De maneira similar ao resto da Europa, a atividade econômica do Reino Unido atravessa um processo de desaceleração.
Tendo em vista as perspectivas de que os juros sigam elevados nos próximos meses, devido tanto à inflação interna quanto à resiliência da economia americana, é improvável que a economia inglesa apresente crescimento expressivo no curto prazo.
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Perspectivas
Embora as primeiras impressões após a atuação de Israel contra o Irã sugiram que o conflito pode não escalar, a apreensão dos mercados deve seguir agindo contra o real ao longo das próximas semanas.
Da mesma forma, a persistente força da economia americana deve continuar retardando as perspectivas de reduções dos juros por parte do Federal Reserve.
Tal tendência pode fortalecer o dólar não apenas em relação à divisa brasileira, mas também contra o euro, tendo em vista a possibilidade de que o Banco Central Europeu corte seus juros sem esperar a mudança na política monetária americana.
Seguimos de olho