Após um início de semana estável, o dólar apreciou-se frente ao real, impulsionado por indicadores positivos dos EUA, que apontam uma economia robusta e sugerem a manutenção prolongada dos juros elevados pelo Federal Reserve. No Brasil, a volatilidade cambial foi intensificada por desdobramentos políticos, embora esses impactos tenham começado a se dissipar. Na Zona do Euro, a semana foi marcada pela expectativa em torno da próxima reunião do Banco Central Europeu, com aumentos salariais na Alemanha e sinais mistos dos PMIs. O PIB da Alemanha cresceu 0,2% no trimestre, revertendo a queda do trimestre anterior, sinalizando uma possível recuperação econômica.
Quer saber mais sobre Brasil, EUA, Zona do Euro e Reino Unido? Acompanhe a seguir os desdobramentos destes e outros acontecimentos.
Real x dólar
Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,1050 na segunda-feira (20/mai), um nível 1,0% inferior à abertura da semana anterior (13/mai). A cotação da moeda estrangeira registrou valorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (24/mai) cotado a R$5,1591, patamar 0,6% superior à abertura da sexta-feira anterior (17/mai). Entre as aberturas desta sexta (24/mai) e da segunda-feira da semana anterior (13/mai), vimos uma desvalorização do real em relação ao dólar de 0,1%.
Depois de ter começado a semana relativamente estável, a cotação da moeda norte-americana passou a subir em relação ao real refletindo, sobretudo, os indicadores divulgados nos Estados Unidos.
De forma geral, o enredo foi o mesmo dos últimos meses. Os indicadores antecedentes relativos ao mês de maio sugerem que, ao contrário do que havia sido depreendido a partir dos dados do último payroll, a economia norte-americana continua crescendo e parece relativamente imune ao esforço monetário aplicado pelo Federal Reserve.
O índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) do setor de serviços subiu assustadoramente em maio, sugerindo que a atividade econômica dos EUA vai muito bem no segundo trimestre.
Diante desta evolução favorável da economia americana, o Fed não tem muito o que fazer a não ser esperar muito até que o ambiente permita o início do ciclo de cortes de juros por lá. Com a taxa de juros elevada por mais tempo, a expectativa é de que o dólar permaneça relativamente valorizado ao longo das próximas semanas.
No Brasil, alguns desdobramentos políticos contribuíram para a forte volatilidade cambial, no entanto, parte desses impactos já haviam se dissipado na manhã de sexta-feira (24).
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Real x euro
O euro abriu o pregão de segunda-feira (20/mai) cotado a R$5,5473. Na abertura desta sexta-feira (24/mai), a cotação foi de R$5,5629. Portanto, houve uma desvalorização de 0,3% do real frente à moeda europeia, mantendo o movimento de desvalorização que foi observado na semana anterior.
Com relação ao dólar, a moeda europeia perdeu força esta semana, revertendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0869 na segunda (20/mai) para US$1,0814, nesta sexta (24/mai). Portanto, vimos uma desvalorização do euro de aproximadamente 0,5% (leia-se: é preciso menos dólares para comprar um euro).
A semana na Zona do Euro foi pouco movimentada em termos de divulgação de indicadores econômicos, a região anda em compasso de espera para a próxima reunião do Banco Central Europeu. A divulgação de que os salários na Alemanha subiram mais do que o esperado colocou em dúvidas a extensão do afrouxamento monetário.
Com relação às prévias do PMI, os sinais foram mistos com melhoras na Alemanha e na Zona do Euro como um todo e piora na França. O PMI Composto da Alemanha se expandiu impulsionado pela aceleração tanto do PMI Industrial como do PMI de Serviços, já o PMI Composto da Zona do Euro acelerou em virtude do crescimento do PMI Industrial já que o PMI de Serviços permaneceu estável.
Na França, o PMI Composto desacelerou e entrou no terreno contracionista (abaixo de 50 pontos). O movimento decorreu da forte desaceleração no PMI de Serviços uma vez que o PMI da Indústria apresentou expansão no período.
Por fim, foi divulgado o resultado do PIB da Alemanha, maior economia da Zona do Euro. O resultado trimestral e anual vieram em linha com o que o mercado esperava: crescimento de 0,2% e queda de 0,2% respectivamente. O resultado trimestral reverteu a queda no último trimestre de 2023, o que pode indicar uma recuperação no fôlego da atividade econômica do país.
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Real x libra esterlina
A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (20/mai) cotada a R$6,4820, patamar mais baixo que o registrado nesta sexta-feira (24/mai), R$6,5313. Trata-se de uma desvalorização de 0,7% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de desvalorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.
Em relação ao dólar, a moeda inglesa perdeu força essa semana, revertendo a tendência de valorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (24/mai) cotada a US$1,2698 após ter iniciado a semana cotada a US$1,2701, uma desvalorização de 0,02% da moeda britânica em relação ao dólar.
No Reino Unido, a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor trouxe uma surpresa negativa com a aceleração da inflação acima do esperado tanto no índice cheio como no núcleo. O dado levanta dúvidas se o próximo passo do Banco da Inglaterra (BoE) será o afrouxamento monetário imediato ou a manutenção da taxa nos atuais patamares.
O resultado do PMI Composto de maio mostrou desaceleração, mas ainda permaneceu acima do limite de 50 pontos, o que indica expansão da economia. A queda observada deveu-se à desaceleração do PMI de Serviços, enquanto o PMI Industrial apresentou aceleração, ultrapassando o limite de 50 pontos.
Por fim, as vendas no varejo apresentaram desaceleração muito maior do que o mercado esperava, seja na comparação mensal, seja na anual. A surpresa negativa do comércio britânico pode indicar um desaquecimento da atividade econômica, o que pode estar na origem da decisão do Primeiro Ministro em antecipar as eleições gerais do país.
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Perspectivas
A expectativa é de relativa estabilidade do dólar em relação ao real ao longo dos próximos dias. O feriado de segunda-feira (27) nos Estados Unidos pode trazer volatilidade ao longo desta sexta-feira, mas no geral, esperamos por estabilidade.
Esse “andar de lado” no mercado de câmbio pode ser explicado, em parte, porque o mercado agora encontra-se em compasso de espera pelos dados de emprego e inflação norte-americanos. Esses números devem ser divulgados apenas nos primeiros dias de junho e até lá o mercado deve mover-se lentamente, refletindo a divulgação de dados menos expressivos, como as leituras definitivas do PMI do mês de maio.
Por outro lado, a cotação das moedas europeias, em especial a Libra e o Euro, devem se preparar para algum movimento de desvalorização em relação ao dólar e demais divisas.
Caso os cortes de juros se materializem na próxima reunião de política monetária na Inglaterra e na Zona do Euro, a expectativa é de que finalmente o Euro e a Libra percam ritmo em relação à moeda brasileira.
Seguimos de olho