De Olho no Câmbio #280: Banco Central Europeu inaugura o ciclo de quedas de juros em nível global

A semana foi marcada pela divulgação de diversos indicadores econômicos que sugerem alguma acomodação da economia americana. Em outras palavras, a maior economia do mundo estaria , segundo esses indicadores, crescendo em um ritmo menos intenso. A leitura de que a economia norte-americana está perdendo tração renovou as expectativas de cortes de juros no mês de setembro, o que acabou ocasionando uma reversão na tendência de valorização do dólar, vista nos últimos dias. Na Europa, um novo cenário vai se materializando diante do início do ciclo de corte de juros por parte do Banco Central Europeu. A decisão de cortar os juros foi acompanhada pelo banco central canadense, o que reforça a expectativa de que a inflação global está de fato caminhando para níveis mais baixos.

Quer saber mais sobre Brasil, EUA, Zona do Euro e Reino Unido? Acompanhe a seguir os desdobramentos destes e outros acontecimentos.

Real x dólar

Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,2459 na segunda-feira (03/jun), um nível 1,4% superior à abertura da semana anterior (27/mai). A cotação da moeda estrangeira registrou valorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta quarta-feira (05/jun) cotado a  R$5,2868 , patamar 2,4% superior à abertura da quarta-feira anterior (29/mai). Entre as aberturas desta quarta (05/jun) e da segunda-feira da semana anterior (27/mai), vimos uma desvalorização do real em relação ao dólar de 2,23%.

A moeda americana iniciou esta semana da forma que terminou a última, ganhando força em relação à maioria das moedas não-conversíveis como o Real. Na última quarta-feira (5), a cotação chegou a passar a barreira dos R$5,30, o nível mais alto em mais de um ano.

No entanto, a divulgação de dados do mercado de trabalho no começo da semana sugeriam que a economia dos Estados Unidos estava desacelerando, o que promoveu uma reversão no processo de valorização do dólar. As pesquisas JOLTs e ADP de abril e maio, respectivamente, vieram ligeiramente mais fracas que a expectativa do mercado e aumentaram as expectativas de que essa desaceleração também seria captada através dos números do payroll.

A divulgação do payroll na manhã desta sexta-feira (7) contrariou as expectativas do mercado e mostrou um forte movimento de alta no mercado de trabalho dos Estados Unidos. Dados do Escritório de Estatísticas do Trabalho (BLS) mostraram que o país gerou cerca de 272 mil novos empregos, número consideravelmente superior às expectativas do mercado (182 mil).

Os dados do payroll colocam nova dúvida quanto ao início do ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos e podem renovar o movimento de valorização do dólar nos próximos dias.

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Real x euro

O euro abriu o pregão de segunda-feira (03/jun) cotado a R$5,6880. Na abertura desta sexta-feira (07/jun), a cotação foi de R$5,7167. Portanto, houve uma desvalorização de 0,5% do real frente à moeda europeia, mantendo a tendência que foi observada na semana anterior.

Com relação ao dólar, a moeda europeia ganhou força esta semana, revertendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0851 na segunda (03/jun) para US$1,0892, nesta sexta (07/jun). Portanto, vimos uma valorização do euro de aproximadamente 0,4% (leia-se: é preciso mais dólares para comprar um euro).

A semana na Zona do Euro foi bastante movimentada tanto do ponto de vista econômico como político. A semana iniciou-se com a divulgação dos dados do PMI, passando pela decisão de política monetária e divulgação do PIB, encerrando com as eleições para o Parlamento Europeu.

Com relação ao PMI Industrial, houve aceleração na Zona do Euro, impulsionada pelos resultados da França, Alemanha e Espanha; a Itália foi a única das principais economias do bloco que apresentou desaceleração. Embora o indicador tenha apresentado evolução positiva, ainda encontra-se abaixo de 50 pontos, o que indica contração da atividade industrial, muito influenciado pela fragilidade da economia alemã.

O evento mais aguardado para a região, a decisão de política monetária não trouxe surpresas dadas as recentes declarações dos diretores e da presidente do Banco Central Europeu. O corte de 0,25% na taxa básica de juros reflete a convergência da inflação para a meta de 2% ao ano e pode ser importante para estimular a atividade econômica dentro do bloco.

Com relação à atividade econômica, a divulgação do PIB mostrou uma economia crescendo apenas 0,3% na comparação do primeiro trimestre de 2024 ante o último de 2023. O dado é fruto principalmente do comércio internacional (balança comercial positiva) e do consumo das famílias; chama a atenção a queda nos investimentos, o que pode sinalizar mais dificuldades no médio prazo. O resultado reflete os baixos crescimentos das principais economias do bloco como Itália (0,3%), Alemanha (0,2%) e França (0,2%). 

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Real x libra esterlina

A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (03/jun) cotada a R$6,6845, patamar mais baixo que o registrado nesta sexta-feira (07/jun), R$6,7274. Trata-se de uma desvalorização de 0,7% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de desvalorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.

Em relação ao dólar, a moeda inglesa ganhou força no decorrer da semana, revertendo a tendência de desvalorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (07/jun) cotada a US$1,2792 após ter iniciado a semana cotada a US$1,2732, uma valorização de 0,5% da moeda britânica em relação ao dólar.

Já no Reino Unido, a semana que se encerra foi pouco movimentada em termos econômicos com a divulgação de dados de menor relevância. A morosidade de indicadores deve ser encerrada na semana que se iniciará quando serão conhecidos os dados de mercado de trabalho e de PIB.

O resultado do PMI Industrial trouxe duas notícias positivas: o índice mostrou aceleração na comparação mensal e ultrapassou a barreira dos 50 pontos, o que indica expansão da atividade industrial. Os dados podem antecipar um reaquecimento da atividade econômica no país.

Por outro lado, o PMI Composto mostrou desaceleração na comparação mensal, embora mantenha-se acima dos 50 pontos. O resultado é reflexo do PMI de Serviços que também mostrou desaceleração ante o mês de abril mas também permanece no terreno expansionista. 

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Perspectivas

Pela primeira vez em muito tempo, diversos indicadores norte-americanos sugerem que a maior economia do mundo está, finalmente, perdendo tração. É cedo para determinar que esse seja o início de um ciclo prolongado de desaceleração, no entanto, a expectativa de que a economia americana está arrefecendo já tem mostrado algum impacto no mercado de câmbio.

As recentes divulgações realimentaram a hipótese de que o Federal Reserve, iniciará o ciclo de cortes de juros na reunião de política monetária marcada para o mês de setembro e isso tem favorecido as moedas de países em desenvolvimento como o Real.

Tal leitura esbarra apenas no forte número de postos de trabalho gerados no mês de maio. Segundo o Escritório de Estatísticas do Trabalho (BLS), os Estados Unidos geraram cerca de 272 mil novos empregos no mês passado, um número muito mais forte que o esperado pelo mercado (182 mil) e muito mais alto que o registrado no mês de abril (165 mil).

Na Europa, a recente decisão do Banco Central Europeu (BCE) de cortar a taxa básica de juros para os atuais 4,25% ao ano deve pôr um freio no agudo movimento de valorização do Euro, registrado ao longo dos últimos dias.

Não existem garantias de que o BCE fará uma nova redução dos juros na próxima reunião de política monetária, no entanto, uma nova perspectiva está sobre a mesa e ela é, na melhor das hipóteses, desfavorável à moeda europeia, que deve mostrar alguma correção (desvalorização) ao longo das próximas semanas.

Seguimos de olho!

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