De Olho no Câmbio #282: Nem a Selic elevada deteve a valorização do dólar

A decisão unânime pela manutenção da taxa básica de juros no Brasil não foi suficiente para reverter a desvalorização da moeda brasileira na última quinta-feira (20). Embora a Selic esteja entre as taxas de juros mais altas do mundo em termos reais, os problemas domésticos e internacionais parecem sobrepor-se a essa condição. Recentemente, membros do Fed indicaram que é cedo para pensar em cortes de juros, destacando a necessidade de mais dados de inflação e atividade econômica antes de iniciar um ciclo de cortes. Essa postura mais conservadora do Fed tem impactado as moedas dos países em desenvolvimento, como o Brasil. Embora a desvalorização do Real seja notável, junho foi marcado por uma ampla desvalorização das moedas latino-americanas, incluindo México, Argentina, Chile, Peru e Colômbia. No caso do Brasil, a situação foi mais aguda devido ao ambiente político. As incertezas vão desde o cumprimento da meta fiscal para 2024 até a troca da presidência do Banco Central do Brasil. A disputa eleitoral marcada para este ano afastou a possibilidade de o governo continuar com o ajuste fiscal via aumento de receitas.

Quer saber mais sobre Brasil, EUA, Zona do Euro e Reino Unido? Acompanhe a seguir os desdobramentos destes e outros acontecimentos. 

Real x dólar

Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,3797 na segunda-feira (17/jun), um nível 0,5% superior à abertura da semana anterior (10/jun). A cotação da moeda estrangeira registrou valorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (21/jun) cotado a  R$5,4438, patamar 1,4% superior à abertura da sexta-feira anterior (14/jun). Entre as aberturas desta sexta (21/jun) e da segunda-feira da semana anterior (10/jun), vimos uma desvalorização do real em relação ao dólar de 1,7%.

A decisão unânime pela manutenção da taxa básica de juros no Brasil não foi suficiente para reverter o processo de desvalorização da moeda brasileira na última quinta-feira (20). Embora a Selic esteja entre as taxas de juros mais elevadas do mundo (em termos reais), os problemas domésticos e estrangeiros parecem se sobrepor a essa condição.

Em discursos recentes, membros do Fed indicaram que é cedo para pensar em cortes de juros e que seria necessário esperar mais dados de inflação e de atividade para que se tenha segurança para iniciar o ciclo de afrouxamento monetário. Essa postura mais conservadora do Fed tem impactado as moedas dos países em desenvolvimento, como o Brasil.

Embora a desvalorização do Real seja notável, o mês de junho também foi marcado por uma ampla desvalorização das moedas latino-americanas, como México, Argentina, Chile, Peru e Colômbia.

No caso do Brasil, o quadro foi mais agudo em função do ambiente político. As incertezas vão desde o cumprimento da meta fiscal para 2024 até a troca da presidência do Banco Central. A disputa eleitoral marcada para este ano, tirou do radar a possibilidade de o governo permanecer no ajuste fiscal via aumento de receitas.

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Real x euro

O euro abriu o pregão de segunda-feira (17/jun) cotado a R$5,7351. Na abertura desta sexta-feira (21/jun), a cotação foi de R$5,8379. Portanto, houve uma valorização de 1,8% do real frente à moeda europeia, mantendo a tendência que foi observada na semana anterior.

Com relação ao dólar, a moeda europeia ganhou força esta semana, revertendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0700 na segunda (17/jun) para US$1,0704, nesta sexta (21/jun). Portanto, vimos uma valorização do euro de aproximadamente 0,04% (leia-se: é preciso mais dólares para comprar um euro).

Na Zona do Euro, a semana iniciou-se com a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) que veio em linha com o esperado pelo mercado, mostrando desaceleração na comparação mensal e leve aceleração frente ao ano passado. O resultado contribuiu para embasar ainda mais a decisão do Banco Central Europeu, que cortou a taxa de juros no início de junho.

Ainda com relação a indicadores de preços, o Índice de Preços ao Produtor (IPP) na Alemanha desacelerou mais do que o mercado projetava na comparação mensal. Assim como o IPC, o IPP corroborou com a decisão da autoridade monetária europeia.

Por fim, as prévias de PMI tanto da Zona do Euro como das principais economias do bloco vieram abaixo do que o mercado esperava. Embora sejam dados preliminares, normalmente eles se confirmam quando os dados definitivos são divulgados e, caso isso se confirme, a decisão de corte da taxa de juros novamente se justifica no intuito de estimular a atividade econômica.

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Real x libra esterlina

A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (17/jun) cotada a R$6,8209, patamar mais baixo que o registrado nesta sexta-feira (21/jun), R$6,9039. Trata-se de uma desvalorização de 1,2% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de desvalorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.

Em relação ao dólar, a moeda inglesa perdeu força no decorrer da semana, revertendo a tendência de valorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (21/jun) cotada a US$1,2659 após ter iniciado a semana cotada a US$1,2687, uma desvalorização de 0,2% da moeda britânica em relação ao dólar.

A semana terminou com um tom relativamente positivo no Reino Unido. Apesar dos indicadores antecedentes sugerirem que a economia perdeu parte do ritmo no mês de junho, os dados oficiais divulgados nesta sexta-feira (21) foram particularmente positivos.

Enquanto o índice de gerente de compras (PMI na sigla em inglês) composto mostrou ligeira desaceleração da atividade econômica em junho, de 53 pontos em maio para 51,7 pontos este mês, a expansão do comércio varejista no mês de maio (+2,9%), foi a segunda mais elevada desde o começo de 2021.

O núcleo das vendas do varejo também indica sólido crescimento no mês de maio, o que sugere que o varejo britânico esteja, de fato, em um momento muito mais sólido do que os seus pares da Europa continental.

Além dos indicadores de atividade econômica, a semana do Reino Unido também foi marcada pela importante decisão de política monetária. O Bank of England (BoE) decidiu, sem surpresa, e de forma dividida, manter a taxa de juros inalterada no atual patamar de 5,25%. Sete dos nove membros do comitê de política monetária votaram pela redução da taxa.

A despeito da manutenção da taxa de juros, a libra esterlina parece estar diante do início de um processo mais prolongado de desvalorização em relação ao dólar americano.

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Perspectivas

A decisão unânime do Banco Central do Brasil pelo encerramento do ciclo de cortes na taxa de juros poderia ter contribuído para que o Real ganhasse força sobre o Dólar, no entanto, as falas do presidente contrárias à decisão aumentou o nervosismo do mercado impedindo o movimento de valorização da moeda brasileira.

A moeda norte-americana deverá permanecer no corredor entre R$5,35 e R$5,45 em meio às incertezas com relação ao quadro fiscal brasileiro, à manutenção da taxa de juros nos Estados Unidos e os contínuos ataques do presidente à autonomia do Banco Central e a sua decisão de manutenção da taxa de juros.

O enfraquecimento da moeda brasileira se reflete também na cotação do Euro e da Libra. Na Zona do Euro, mesmo com a redução da taxa de juros, o Euro tem ganho força diante do Real, movimento que deve persistir muito em função da fragilidade da moeda brasileira. Por outro lado, a Libra ganha força no mercado de divisas em meio às incertezas com relação ao início do afrouxamento monetário no Reino Unido.

Seguimos de olho.

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