De Olho no Câmbio #283: Eventos da semana renovaram desvalorização do Real

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Em uma semana marcada por mudanças econômicas, políticas e geopolíticas significativas, o real se desvalorizou em relação ao dólar. O Conselho Monetário Nacional (CMN) alterou o regime de metas de inflação para contínuo, mantendo a meta de 3% com uma tolerância de 1,5 ponto percentual. A semana incluiu indicadores domésticos e internacionais, além de uma tentativa de golpe de Estado na Bolívia, que aumentou a volatilidade. 

Nos EUA, o PIB do primeiro trimestre mostrou desaceleração, enquanto as projeções de crescimento do segundo trimestre diminuíram. No Brasil, a taxa de desemprego caiu para 7,1%, o menor nível desde 2014, e os indicadores de inflação ficaram abaixo das expectativas. 

No entanto, a moeda brasileira continuou a desvalorizar. Na Zona do Euro, a semana foi fraca em indicadores econômicos, com destaque para falas de diretores do Banco Central Europeu e a divulgação de dados econômicos mistos da Alemanha e Espanha. Os índices de preços ao consumidor em países como França, Espanha e Itália indicam que a inflação está convergindo para a meta, permitindo possíveis cortes nas próximas reuniões do Banco Central Europeu.

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Acompanhe a seguir os desdobramentos destes e outros acontecimentos. 

Real x dólar

Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,4512 na segunda-feira (24/jun), um nível 1,3% superior à abertura da semana anterior (17/jun). A cotação da moeda estrangeira registrou valorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (28/jun) cotado a R$5,5071, patamar 1,2% superior à abertura da sexta-feira anterior (21/jun). Entre as aberturas desta sexta (28/jun) e da segunda-feira da semana anterior (17/jun), vimos uma desvalorização do real em relação ao dólar de 2,4%.

Em semana marcada por fortes mudanças econômicas, políticas e geopolíticas, parece que o movimento de desvalorização do real em relação ao dólar “saiu barato”.

Em primeiro lugar, cabe destacar que o Conselho Monetário Nacional (CMN) mudou o regime de metas para inflação de ano-calendário para contínua. Embora a mudança já estivesse precificada pelo mercado e já tivesse recebido elogios públicos do próprio presidente do Banco Central, a expectativa em torno da taxa a ser perseguida e das bandas de tolerância era grande.

De todo modo, o CMN manteve a audaciosa meta de 3% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, conforme previsto e antecipado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

A semana também contou com uma bateria de indicadores domésticos e internacionais, além de uma tentativa de golpe de Estado na Bolívia. Isso mesmo, na tarde da última quarta-feira (26) as forças militares do país latino-americano invadiram as instalações presidenciais do país e ensaiaram um golpe, que acabou não se concretizando, mas serviu como elemento extra de volatilidade.

Ao que parece, a economia dos Estados Unidos está de fato desacelerando. Os dados definitivos do PIB do primeiro trimestre mostram perda de ritmo se comparado com o último trimestre de 2023. Além disso, as projeções de crescimento para o segundo trimestre têm esfriado a cada nova atualização.

Por aqui, a taxa de desemprego caiu fortemente para 7,1%, o menor nível desde 2014, enquanto os indicadores de inflação como o IPCA-15 e o IGP-M vieram abaixo das expectativas do mercado.

Apesar disso, o desgaste político doméstico não impediu mais uma semana de desvalorização da moeda brasileira em relação ao dólar.

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Real x euro

O euro abriu o pregão de segunda-feira (24/jun) cotado a R$5,8290. Na abertura desta sexta-feira (28/jun), a cotação foi de R$5,8901. Portanto, houve uma desvalorização de 1,0% do real frente à moeda europeia, revertendo a tendência que foi observada na semana anterior.

Com relação ao dólar, a moeda europeia ganhou força esta semana, mantendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0693 na segunda (24/jun) para US$1,0706, nesta sexta (28/jun). Portanto, vimos uma valorização do euro de aproximadamente 0,1% (leia-se: é preciso mais dólares para comprar um euro).

A semana dentro da Zona do Euro foi fraca em termos de indicadores econômicos, com a predominância da divulgação de alguns dados dos países que compõem o bloco. Algumas falas de diretores do Banco Central Europeu se destacaram à medida em que podem ser sinalizadores dos próximos passos da política monetária no bloco.

A divulgação de dados de expectativas e clima de negócios na Alemanha mostraram deterioração marginal no mês de junho, refletindo as incertezas que ainda rondam a maior economia do bloco. A atividade econômica no país ainda resiste em ganhar força para sair definitivamente da letargia que se encontra e a piora no cenário prospectivo sinaliza dificuldades da economia alemã engrenar.

A divulgação do PIB da Espanha, quarta maior economia da Zona do Euro, trouxe uma surpresa positiva (+2,5% ante 2,4% esperado pelo mercado) reforçando o aquecimento da atividade econômica que a economia espanhola vem apresentando.

Por fim, a divulgação das prévias do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) em países importantes como França, Espanha e Itália, reforçam a interpretação do Banco Central Europeu de que a inflação está convergindo para a meta e que novos cortes podem ser feitos nas próximas reuniões.

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Real x libra esterlina

A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (24/jun) cotada a R$6,8939, patamar mais baixo que o registrado nesta sexta-feira (28/jun), R$6,9551. Trata-se de uma desvalorização de 0,9% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de desvalorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.

Em relação ao dólar, a moeda inglesa perdeu força no decorrer da semana, mantendo a tendência de desvalorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (28/jun) cotada a US$1,2641 após ter iniciado a semana cotada a US$1,2646, uma desvalorização de 0,04% da moeda britânica em relação ao dólar.

Nesta semana, o Reino Unido divulgou um bloco de indicadores econômicos que despertaram a atenção dos analistas internacionais. O investimento das empresas no primeiro trimestre apresentou uma queda de 1,0% em relação ao mesmo período do ano anterior, contrastando com o consenso de mercado que projetava uma variação de -0,6% e significativamente inferior ao crescimento de 2,8% observado no ano passado.

Outro dado de destaque foi o de transações correntes do primeiro trimestre, que registrou um déficit de 21,0 bilhões de libras, superando a previsão do mercado de 17,7 bilhões. Este resultado sugere certo desequilíbrio nos fluxos de capital do Reino Unido.

Por fim, o Produto Interno Bruto (PIB) trouxe sinais positivos. O PIB do primeiro trimestre cresceu 0,3% em termos anuais, superando a expectativa do mercado de 0,2% e revertendo a variação negativa de -0,2% do ano anterior. Comparado ao quarto trimestre de 2023, o crescimento foi de 0,7%, acima dos 0,6% previstos pelos investidores e superior à queda observada na leitura anterior. Esses resultados indicam uma recuperação econômica moderada, apesar dos desafios persistentes enfrentados pelo país.

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Perspectivas

Os dados econômicos divulgados pelos Estados Unidos reforçaram a dificuldade que o Fed terá para iniciar o ciclo de cortes de juros. Se por um lado, os dados de atividade econômica indicam uma desaceleração, por outro a inflação continua em alta e os pedidos iniciais de seguro desemprego mostram desaceleração, evidenciando dois vetores persistentes de inflação.

Esse cenário norte-americano deverá manter o dólar forte diante das demais moedas, inclusive o Real, que deverá permanecer no corredor entre R$5,45 e R$5,55. 

Já os dados europeus mostram que além da inflação estar convergindo para a meta de 2%, a atividade econômica ainda continua frágil e isso embasa a possibilidade do Banco Central Europeu continuar o ciclo de afrouxamento monetário, o que deve trazer desvalorização para a moeda europeia.

Por fim, o Reino Unido ainda vive um cenário de incertezas visto que a eleição que se aproxima deve trazer os trabalhistas ao poder depois de mais de uma década de domínio dos conservadores. Por outro lado, a atividade econômica deu sinais de ligeira recuperação e isso pode colocar dúvidas se o Banco Central do país iniciará os cortes na taxa de juros. A manutenção da taxa de juros deverá garantir uma Libra valorizada diante das demais moedas.

Seguimos de olho.

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