De Olho no Câmbio #287: Economia americana segue crescendo e cortes de juros está em jogo

Na quarta semana de julho, os Estados Unidos divulgaram diversos dados econômicos que indicam um desempenho robusto da economia, com o PIB do segundo trimestre crescendo 2,8% ao ano, superando as expectativas. O mercado de trabalho mostrou-se forte, com menos pedidos de seguro-desemprego do que o esperado. Já na Zona do Euro, os PMIs indicaram desaceleração econômica, sugerindo uma possível redução de juros pelo BCE em setembro. No Reino Unido, o PMI composto subiu, sinalizando expansão econômica, embora indicadores da Confederação da Indústria Britânica sugiram fraqueza. No geral, as economias americana e britânica demonstraram força, enquanto a Zona do Euro apresentou sinais de desaceleração.

Real x dólar

Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,5916 na segunda-feira (22/jul), um nível 3,0% superior à abertura da semana anterior (15/jul). A cotação da moeda estrangeira registrou valorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (26/jul) cotado a R$5,6448, patamar 1,8% superior à abertura da sexta-feira anterior (19/jul). Entre as aberturas desta sexta (26/jul) e da segunda-feira da semana anterior (15/jul), vimos uma desvalorização do real em relação ao dólar de 4,0%.

A quarta semana de julho foi marcada por intensa publicação de dados econômicos nos Estados Unidos, alguns dos quais, continuam mostrando força adicional da maior economia do mundo. Por um lado, dados do mercado imobiliário, divulgados no começo da semana, sugeriram que os Estados Unidos estariam de fato caminhando lenta e timidamente para um um ritmo menos intenso de crescimento, por outro, a leitura preliminar do PIB do segundo trimestre mostrou que a atividade econômica permanece muito robusta.

Segundo dados preliminares do Escritório de Análises Estatísticas dos EUA, o país teria crescido cerca de 2,8% no segundo trimestre à taxa anualizada. Este dado ficou muito acima das expectativas do mercado, que esperavam por um aumento mais brando, de 2,0%, e acima da leitura relativa ao primeiro trimestre, cuja variação havia sido de 1,4%.

Para completar o temor de que a economia norte-americana esteja ainda muito acima do ritmo desejado pelo Federal Reserve, os dados semanais de novas requisições de seguro-desemprego vieram ligeiramente abaixo das expectativas do mercado, mostrando que o mercado de trabalho também permanece robusto a despeito da elevada taxa básica de juros no país.

Por fim, os dados de julho não deram alívio ao mercado e podem colocar em risco a possibilidade de corte de juros em setembro. Segundo a S&P Global, o PMI do setor de serviços alcançou o nível mais elevado desde abril de 2022, sugerindo que o maior setor da economia americana continua forte. O número foi relativamente amortecido pela redução do PMI industrial, que voltou a ficar abaixo da linha dos 50 pontos no mês de julho depois de 6 meses ininterruptos de expansão.

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Real x euro

O euro abriu o pregão de segunda-feira (22/jul) cotado a R$6,1061. Na abertura desta sexta-feira (26/jul), a cotação foi de R$6,1255. Portanto, houve uma desvalorização de 0,32% do real frente à moeda europeia, aprofundando a tendência que foi observada na semana anterior.

Com relação ao dólar, a moeda europeia perdeu força esta semana, revertendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0881 na segunda (22/jul) para US$1,0846, nesta sexta (26/jul). Portanto, vimos uma desvalorização do euro de aproximadamente 0,3% (leia-se: é preciso menos dólares para comprar um euro).

A semana dentro da Zona do Euro foi fraca em termos de indicadores econômicos, com a predominância da divulgação de alguns dados de PMI (índice de compras, antecedente da atividade econômica) dos países que compõem o bloco e indicadores monetários. Algumas falas de diretores do Banco Central Europeu se destacaram à medida em que podem ser sinalizadores dos próximos passos da política monetária no bloco.

A divulgação dos dados de PMI Industrial, do PMI Composto e do PMI de Serviços, mostraram desaceleração no bloco como um todo, com índices abaixo do que o mercado esperava. Destaque para o PMI da Alemanha, que transparece os efeitos da concorrência com a China. A desaceleração do índice de serviços fortalece a visão de que há espaço para redução de juros na próxima reunião do BCE, a ser realizada em setembro.

Os níveis de empréstimos ao setor privado e a empresas não financeiras permanecem em baixos níveis, indicando desaquecimento da economia.

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Real x libra esterlina

A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (22/jul) cotada a R$7,2457, patamar mais baixo que o registrado nesta sexta-feira (26/jul), R$7,2563. Trata-se de uma desvalorização de 0,15% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de desvalorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.

Em relação ao dólar, a moeda inglesa perdeu força no decorrer da semana, mantendo a tendência de desvalorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (26/jul) cotada a US$1,2855 após ter iniciado a semana cotada a US$1,2912, uma desvalorização de 0,44% da moeda britânica em relação ao dólar.

A exemplo do que aconteceu nos Estados Unidos, os dados preliminares do PMI sugerem que a economia britânica ganhou força no mês de julho. O PMI composto, que congrega os números do setor de serviços e industrial, subiu de 52,3 pontos em junho para 52,7 pontos em julho, marcando, preliminarmente, o 9º resultado consecutivo acima da linha neutra de 50 pontos. Números acima de 50 pontos sugerem expansão da atividade econômica.

Os dados do PMI composto foram influenciados pela evolução favorável dos dois setores, de serviços e industrial, embora o primeiro tenha ficado ligeiramente abaixo das expectativas do mercado. O PMI industrial mostrou um desempenho notável e alcançou 51,8 pontos. Trata-se do maior patamar desde agosto de 2022, quando a indústria britânica havia alcançado 52,1 pontos.

Por outro lado, apesar do bom desempenho captado pelos indicadores antecedentes coletados pela S&P Global, essa semana também foi marcada pela divulgação de indicadores sombrios por parte da Confederação Nacional da Indústria britânica. O Índice de tendências de encomendas da indústria local caiu abaixo dos 30 pontos negativos em julho, na terceira leitura mais baixa desde os impactos mais agudos da pandemia, em 2020.

A economia do Reino Unido tem mostrado números ambíguos, mas de modo geral, ao menos na superfície, percebemos um comportamento ligeiramente mais benigno ao longo das últimas semanas.

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Perspectivas

Apesar dos dados econômicos mais recentes dos Estados Unidos, o mercado ainda acredita que o ciclo de cortes de juros começará em setembro. Embora essa possibilidade exista, a robustez do PIB no segundo trimestre deste ano a tornou significativamente menos provável.

Essa expectativa pela decisão do Federal Reserve deve manter o dólar valorizado nas próximas semanas. Mesmo que o ciclo de cortes de juros nos EUA comece em setembro, é pouco provável que uma redução de 0,25% nas taxas de juros norte-americanas seja suficiente para reverter o processo de desvalorização do real.

Na Zona do Euro, a fraqueza econômica deve abrir espaço para novos cortes de juros na próxima reunião de política monetária do Banco Central Europeu. A significativa desaceleração da maior economia do bloco, a Alemanha, serve como um forte argumento para a retomada do afrouxamento monetário na Europa. No entanto, semelhante ao que esperamos em relação ao dólar, é improvável que o real se valorize em relação ao euro, mesmo com os cortes de juros por lá.

Por fim, a retomada da economia do Reino Unido deve postergar o início do ciclo de cortes por parte do Bank of England, mantendo a libra forte ao longo dos próximos dias.

De modo geral, os dados e decisões domésticas serão determinantes para a moeda brasileira.

Seguimos de olho.

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