A semana começou turbulenta nos mercados financeiros, com o principal índice da bolsa de valores do Japão caindo 12,4%, a maior perda diária desde 1987, e foi seguida por quedas em outras bolsas asiáticas, refletindo o temor de uma recessão nos Estados Unidos. Essa reação se somou aos impactos dos conflitos no Oriente Médio e à decisão do Banco Central do Japão de elevar a taxa de juros, desencadeando uma onda de queda nas bolsas europeias e americanas, além de afetar os mercados cambiais. No Brasil, o dólar subiu acima de R$5,87, mas o real se recuperou ao longo da semana, impulsionado pelo tom duro do Copom e pela desaceleração moderada do mercado de trabalho nos EUA, o que aliviou os temores de recessão. Na Europa, os PMIs de Serviços e Composto mostraram desaceleração, especialmente na Alemanha, onde o PMI Composto indicou contração. Além disso, o IPP trouxe preocupações com a saúde econômica da Zona do Euro, e as vendas no varejo reforçaram a fragilidade econômica no bloco, com dados de inflação na Alemanha e Itália confirmando essa tendência.
Real x dólar
Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,7310 na segunda-feira (05/ago), um nível 1,1% superior à abertura da semana anterior (29/jul). A cotação da moeda estrangeira registrou desvalorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (09/ago) cotado a R$5,5488, patamar 3,5% inferior à abertura da sexta-feira anterior (02/ago). Entre as aberturas desta sexta (09/ago) e da segunda-feira da semana anterior (29/jul), vimos uma valorização do real em relação ao dólar de 2,0%.
O início da semana foi marcado por turbulências nos mercados financeiros, com o principal índice da bolsa de valores do Japão caindo 12,4%, registrando sua maior perda diária desde 1987. A queda do índice Nikkei foi acompanhada por expressivos recuos nas bolsas de Hong Kong, Taiwan, Coreia do Sul e em diversos índices chineses. Segundo jornalistas e analistas do mercado financeiro, essa forte retração foi impulsionada pelo medo de uma possível recessão nos Estados Unidos, o que, por enquanto, parece ser uma reação exagerada do mercado.
A realidade é que, além dos dados do mercado de trabalho dos Estados Unidos, divulgados na última sexta-feira (2), apontarem para uma desaceleração da maior economia global, também estamos vendo o impacto dos conflitos no Oriente Médio e a recente decisão do Banco Central do Japão de elevar a taxa básica de juros, após um longo período de juros negativos. Seja qual for a causa, a queda nas bolsas asiáticas desencadeou uma reação em cadeia, afetando os mercados financeiros ao redor do mundo, com quedas significativas nas bolsas europeias e americanas, além de um impacto considerável nos mercados cambiais.
A moeda brasileira, normalmente muito sujeita a volatilidades de curto prazo, perdeu bastante valor e o dólar chegou a ser cotado acima de R$5,87, a maior cotação desde os fechamentos vistos no auge da pandemia, em 2020.
Depois disso, no entanto, a divisa brasileira engatou uma sequência de valorização diária que se estendia até a manhã desta sexta-feira (9), com o dólar testando a barreira psicológica dos R$5,50 em direção a níveis mais baixos.
A valorização do Real pode ser explicada, em parte, pelo tom duro adotado pelo Copom na ata da última reunião de política monetária. O Banco Central deixou ainda mais explícito que estaria disposto a realizar novos aumentos de juros se o processo de desinflação não continuar como o desejado, descartando, quase que completamente, a possibilidade de cortes de juros este ano. Além da ata, o real repercutiu os dados do mercado de trabalho norte-americanos divulgados ao longo da semana. Apesar de o volume semanal de novas requisições de seguro-desemprego terem ficado abaixo do esperado pelo mercado, os números indicam duas coisas: o mercado de trabalho continua perdendo ritmo moderadamente e, por ora, não faz sentido falar em recessão da maior economia do mundo.
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Real x euro
O euro abriu o pregão de segunda-feira (05/jul) cotado a R$6,2568. Na abertura desta sexta-feira (09/ago), a cotação foi de R$6,0846. Portanto, houve uma valorização de 2,8% do real frente à moeda europeia, revertendo a tendência que foi observada na semana anterior.
Com relação ao dólar, a moeda europeia perdeu força esta semana, mantendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0922 na segunda (05/ago) para US$1,0917, nesta sexta (09/jul). Portanto, vimos uma desvalorização do euro de aproximadamente 0,05% (leia-se: é preciso menos dólares para comprar um euro).
A semana econômica na Zona do Euro iniciou com a divulgação dos PMIs de Serviços e Composto do bloco europeu e das principais economias. De maneira geral, os dados vieram um pouco melhores do que o mercado estava projetando mas desaceleraram na comparação mensal. Especificamente na Alemanha, a desaceleração no PMI Composto levou o índice abaixo de 50 pontos o que indica contração, uma vez que o PMI de Serviços continua acima dos 50 pontos, podemos afirmar que a indústria alemã está puxando essa desaceleração.
Outro dado importante divulgado para o bloco europeu foi o Índice de Preços ao Produtor (IPP). O IPP também trouxe preocupações com relação à saúde econômica na Zona do Euro, pois veio acima do que o mercado projetava e reverteu a deflação do mês anterior.
Ainda com relação aos indicadores de atividade econômica, as vendas no varejo também foram um indicativo da fragilidade econômica dentro do bloco europeu. A queda mensal veio abaixo do que o mercado projetava e reverteu o resultado positivo do mês anterior.
Por fim, Alemanha e Itália divulgaram seus dados do índice de preços ao consumidor e em ambos os países o indicador de preços acelerou-se na comparação mensal. Na Alemanha, o indicador veio em linha com o projetado pelo mercado, enquanto na Itália veio ligeiramente abaixo.
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Real x libra esterlina
A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (05/jul) cotada a R$7,3366, patamar mais alto que o registrado nesta sexta-feira (09/jul), R$7,0711. Trata-se de uma valorização de 3,6% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de valorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.
Em relação ao dólar, a moeda inglesa perdeu força no decorrer da semana, mantendo a tendência de desvalorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (09/jul) cotada a US$1,2799 após ter iniciado a semana cotada a US$1,2747, uma desvalorização de 0,4% da moeda britânica em relação ao dólar.
No Reino Unido, diferentemente da Zona do Euro, a semana foi vazia de indicadores econômicos ficando restrito à divulgação de dados do PMI. Os resultados, ao contrário da Zona do Euro, foram positivos indicando uma possível retomada da atividade econômica britânica.
O resultado do PMI de Serviços veio ligeiramente acima do que o mercado estava projetando e mostrou uma aceleração na comparação mensal. O setor de serviços manteve-se acima dos 50 pontos, indicando que o setor encontra-se no terreno expansionista. Esse dado contribuiu para que o PMI Composto também viesse ligeiramente acima das projeções do mercado e acima do mês anterior.
Outro PMI do Reino Unido divulgado na semana foi o da construção. O resultado veio bem acima do que o mercado estava projetando e mostrou forte aceleração na comparação mensal, o que pode contribuir para a perspectiva de que a economia britânica esteja aquecendo de maneira mais intensa.
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Perspectivas
A sequência de valorização da moeda brasileira colocou a cotação do dólar em um nível ligeiramente abaixo do corredor que estávamos anteriormente, de R$5,55 a R$5,65. Essa força da divisa brasileira coloca em dúvida a capacidade de o Real continuar se valorizando ao longo dos próximos dias.
A recente divulgação do IPCA, que mostrou a inflação doméstica acima do que havia sido projetado pelo mercado, reforça o cenário de que a Selic ficará inalterada por um período muito mais prolongado do que o imaginado anteriormente, o que, em tese, poderia continuar favorecendo a moeda brasileira, afinal de contas, é quase certo que Federal Reserve fará o primeiro corte de juros já na próxima reunião, marcada para o mês de setembro.
Apesar desta avaliação, ligeiramente positiva para o Real, não podemos perder de vista o acirramento do conflito no Oriente Médio nem os ruídos políticos domésticos.
De modo geral, ainda existe algum espaço para a valorização do Real em relação ao dólar, a libra esterlina e ao euro, mas o clima de incerteza e a sequência de valorização do Real nos últimos dias colocam em dúvida este movimento.
Seguimos de olho.