Nesta semana, o real perdeu força frente ao dólar após um período de valorização, influenciado por fatores externos, especialmente pela força contínua da economia dos EUA, que registrou crescimento acima do esperado no segundo trimestre. Isso aumentou as expectativas de que o Fed adotará um corte de juros mais cauteloso na próxima reunião, reforçando a valorização do dólar. No Brasil, a inflação veio mais baixa do que o esperado, reduzindo a probabilidade de alta da Selic na próxima reunião do Copom, contribuindo para a depreciação do real. Na Europa, a economia alemã mostrou sinais de recessão, enquanto a inflação da Zona do Euro convergiu para a meta, abrindo espaço para um possível corte de juros pelo BCE. No Reino Unido, a libra esterlina também perdeu força em relação ao dólar, refletindo a falta de novos indicadores econômicos significativos e a recuperação econômica moderada.
Acompanhe as análises a seguir.
Real x dólar
Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,4819 na segunda-feira (26/ago), um nível 0,1% inferior à abertura da semana anterior (19/ago). A cotação da moeda estrangeira registrou desvalorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (30/ago) cotado a R$5,6300, patamar 0,7% superior à abertura da sexta-feira anterior (23/ago). Entre as aberturas desta sexta (30/ago) e da segunda-feira da semana anterior (19/ago), vimos uma desvalorização do real em relação ao dólar de 2,8%.
Depois de uma sequência de valorização, a moeda brasileira voltou a perder força em relação ao dólar ao longo desta semana. Parte da explicação para este movimento é externo e pode continuar pelos próximos dias.
A divisa norte-americana voltou a ganhar força depois que dados de atividade econômica e do mercado de trabalho mostraram que a economia dos Estados Unidos continua forte. A segunda leitura preliminar do PIB norte-americano mostrou que o país teria crescido 3,0% no segundo trimestre e não 2,8% como havia sido divulgado na primeira prévia.
Com a economia mais forte que o esperado, crescem as chances de que o Fed inicie o ciclo de cortes de juros de forma cautelosa, com uma redução de apenas 0,25% na próxima reunião, e não com 50 bps como parte do mercado ainda acredita.
Além dos dados de atividade, o mercado de trabalho também mostrou força esta semana. O volume semanal de novas requisições de seguro-desemprego veio ligeiramente abaixo das expectativas do mercado e indica que, apesar da desaceleração percebida ao longo das últimas semanas, o mercado de trabalho americano permanece relativamente aquecido.
No Brasil, os dados de inflação vieram mais brandos do que o mercado esperava. Bom sinal para o Copom. No entanto, diante dos números relativamente benignos de inflação, diminuiu-se a possibilidade de o Copom aplicar um aumento na taxa básica de juros na próxima reunião, marcada para setembro.
Com o Fed mais cauteloso e o Copom relativamente inerte, o impacto sobre a cotação do dólar foi certo e a divisa americana estendeu os ganhos em relação à moeda brasileira ao longo dos últimos dias.
Adicionalmente, embora não tenha provocado grandes movimentos no mercado financeiro, esta semana foi marcada pela oficialização do nome de Gabriel Galípolo à presidência do BC. O presidente Lula indicou o nome do atual diretor de política monetária para o comando do Bacen e agora Galípolo aguarda pela sabatina no Senado Federal.
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Real x euro
O euro abriu o pregão de segunda-feira (26/ago) cotado a R$6,1406. Na abertura desta sexta-feira (30/ago), a cotação foi de R$6,2264. Portanto, houve uma desvalorização de 1,4% do real frente à moeda europeia, mantendo a tendência que foi observada na semana anterior.
Com relação ao dólar, a moeda europeia perdeu força esta semana, revertendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,1188 na segunda (26/ago) para US$1,1080, nesta sexta (30/jul). Portanto, vimos uma desvalorização do euro de aproximadamente 1,0% (leia-se: é preciso menos dólares para comprar um euro).
A semana na Zona do Euro teve uma agenda esvaziada em termos de indicadores econômicos para o bloco como um todo. As divulgações principais vieram das maiores economias da região.
A Alemanha divulgou o resultado trimestral do PIB e a taxa de desemprego para agosto. Os dados mostraram as dificuldades que a maior economia do bloco europeu vem enfrentando. A atividade econômica apresentou queda de 0,1% invertendo a tendência de crescimento observada no primeiro trimestre evidenciado que a economia do país ruma para uma recessão técnica. O desemprego, mantido em 6,0%, está elevado para os padrões de uma economia desenvolvida e denota a dificuldade da economia alemã em acelerar o crescimento e criar novas oportunidades no mercado de trabalho.
Por outro lado, os dados de inflação do bloco confirmam a convergência para a meta e abrem a possibilidade para que o Banco Central Europeu (BCE) reduza a taxa de juros na próxima reunião. Embora existam ainda pressões salariais significativas no radar do BCE, os dados de inflação ao consumidor e a fragilidade da atividade econômica devem ser os principais vetores para a decisão de corte de juros na reunião de setembro.
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Real x libra esterlina
A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (26/jul) cotada a R$7,2430, patamar mais baixo que o registrado nesta sexta-feira (30/jul), R$7,4125. Trata-se de uma desvalorização de 2,3% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de desvalorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.
Em relação ao dólar, a moeda inglesa perdeu força no decorrer da semana, revertendo a tendência de valorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (30/jul) cotada a US$1,3167 após ter iniciado a semana cotada a US$1,3215, uma desvalorização de 0,4% da moeda britânica em relação ao dólar.
A semana econômica no Reino Unido também foi vazia de indicadores relevantes e na ausência de indicadores econômicos relevantes, o mercado de divisas acompanhou, majoritariamente, o desempenho do dólar norte-americano.
O Reino Unido tem experimentado recuperação na atividade econômica, impulsionada pelo setor de serviços, com convergência da inflação para a meta, o que permitiu ao Banco Central um corte na taxa de juros, embora a decisão tenha sido dividida.
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Perspectivas
Apesar da expectativa de que o Fed inicie o ciclo de cortes de juros em setembro, e da possibilidade de o Copom aumentar a Selic nos próximos meses, não existem elementos que garantam um movimento sólido e duradouro de valorização da moeda brasileira em relação à divisa americana.
Os riscos externos, como o acirramento no conflito do Oriente Médio e a aproximação das eleições americanas, têm provocado bastante instabilidade. Além disso, os ruídos domésticos e os potenciais aumentos de preços no último quadrimestre do ano podem trazer mais instabilidade à cotação da moeda norte-americana.
A divulgação do resultado do PIB deverá confirmar a fragilidade da economia na Zona do Euro. Com os dados recentes de inflação convergindo para a meta, a tendência é que o Banco Central corte novamente a taxa de juros, o que deve contribuir para que o Euro se enfraqueça no mercado global de divisas.
A Libra poderá seguir a trajetória das principais moedas de reserva à medida que se aproxima os cortes de juros nos Estados Unidos e na Zona do Euro. Os dados econômicos do Reino Unido a serem divulgados, deverão mostrar que a economia continua se recuperando e a inflação convergindo para a meta, o que poderá sinalizar novo corte na taxa de juros.
Seguimos de olho.