Ao longo da semana, a moeda brasileira se valorizou frente ao dólar, impulsionada pela percepção de desaceleração da economia americana, com dados de emprego abaixo do esperado, fortalecendo as expectativas de cortes de juros pelo Federal Reserve. No Brasil, a fala do secretário do Tesouro sobre futuros ajustes fiscais e as apostas em uma possível alta da Selic reforçaram essa valorização. Na Europa, indicadores mostraram desaceleração na atividade industrial e dificuldades do bloco em manter-se crescendo de forma sustentada. No Reino Unido, apesar do crescimento da economia, o comportamento relativamente benigno dos preços pode fornecer a segurança necessária para que o BoE corte a taxa de juros na próxima reunião.
Acompanhe as análises a seguir.
Real x dólar
Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,6464 na segunda-feira (02/set), um nível 2,91% superior à abertura da semana anterior (26/ago). A cotação da moeda estrangeira registrou desvalorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (06/ago) cotado a R$5,5702, patamar 1,0% inferior à abertura da sexta-feira anterior (30/ago). Entre as aberturas desta sexta (06/set) e da segunda-feira da semana anterior (26/ago), vimos uma desvalorização do real em relação ao dólar de 1,5%.
A moeda brasileira avançou sobre a moeda americana ao longo da semana, refletindo, sobretudo, a percepção dos agentes em relação à economia americana.
A semana foi marcada pela divulgação de algumas pesquisas sobre o mercado de trabalho, que mostraram que a economia norte-americana continuou desacelerando timidamente.
A pesquisa JOLTs, que mostra a quantidade de postos de trabalho em aberto no mês, registrou o número mais baixo em mais de 3 anos em julho, 7,7 milhões. Além disso, a pesquisa ADP, uma espécie de prévia do payroll, mostrou que a economia americana gerou cerca de 99 mil empregos em agosto, número muito abaixo do esperado pelo mercado financeiro.
Esse conjunto de informações reforçam a leitura de que finalmente existe um processo de desaquecimento da maior economia do mundo e isso, consequentemente, promove a segurança necessária para que o Federal Reserve inicie o ciclo de cortes de juros no próximo dia 18.
No Brasil, as falas do secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, caíram como uma luva neste cenário mais profícuo para a moeda brasileira. Em entrevista, Ceron destacou que o país está pronto para fazer um ajuste fiscal pelo lado da despesa a partir de 2025.
O que também ajudou a promover essa valorização da moeda brasileira foi o aumento das apostas em torno do aumento da taxa Selic na próxima reunião do Copom, no dia 18. Os analistas mais ligados ao assunto indicam que diante do forte movimento de crescimento da economia brasileira nos últimos meses, o Comitê de Política Monetária não terá outra alternativa a não ser aumentar a taxa Selic na próxima reunião.
O aumento (potencial) do diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos – com o Fed cortando sua taxa ao mesmo tempo em que o Copom opta por aumentar a Selic, ajudou, por expectativa, na valorização da moeda brasileira.
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Real x euro
O euro abriu o pregão de segunda-feira (02/set) cotado a R$6,2003. Na abertura desta sexta-feira (06/set), a cotação foi de R$6,2636. Portanto, houve uma desvalorização de 1,0% do real frente à moeda europeia, mantendo a tendência que foi observada na semana anterior.
Com relação ao dólar, a moeda europeia ganhou força esta semana, revertendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,1047 na segunda (02/ago) para US$1,1111, nesta sexta (06/set). Portanto, vimos uma valorização do euro de aproximadamente 0,6% (leia-se: é preciso mais dólares para comprar um euro).
A semana foi bastante movimentada em termos de divulgação de dados econômicos na Zona do Euro. Iniciou-se com os resultados do PMI Industrial que mostrou aceleração mensal nas três principais economias do bloco e contribuiu para que o PMI Industrial do bloco como um todo também se acelerasse. Importante ressaltar que tanto o PMI de Alemanha, França e Itália como do bloco todo permanecem abaixo dos 50 pontos, indicando contração da atividade industrial.
Por outro lado, os PMIs de Serviços e, por conseguinte, os PMIs Composto apresentaram resultados mistos. Na França, o PMI de Serviços apresentou forte aceleração (resultado impulsionado pelos Jogos Olímpicos) e contribuiu para que o PMI Composto ultrapassasse a barreira dos 50 pontos. Já na Alemanha, o PMI de Serviços desacelerou, mas ainda permaneceu acima dos 50 pontos, no entanto, o baixo patamar do PMI Industrial pesou para que o PMI Composto ficasse abaixo dos 50 pontos. Por fim, os PMIs de Serviços e Composto da Zona do Euro apresentaram desaceleração mensal, mas permanecem acima dos 50 pontos.
Também foi divulgado o Índice de Preços ao Produtor (IPP) que trouxe uma surpresa negativa pois mostrou aceleração mensal, além de ter vindo bem acima do que o mercado estava projetando. O resultado fez com que a deflação anual perdesse intensidade.
O bloco europeu divulgou também os dados do varejo, mostrando que o indicador apresentou uma elevação marginal na comparação mensal, dentro do que o mercado estava esperando. No entanto, na comparação anual, houve queda, sinalizando que a atividade econômica no bloco ainda encontra grandes dificuldades.
Por fim, a Zona do Euro divulgou o resultado do PIB do segundo trimestre com crescimento marginal na comparação trimestral, mas abaixo do que o mercado estava aguardando. A economia europeia vem tendo dificuldades para apresentar um crescimento mais sustentável e duradouro principalmente pela fragilidade da economia alemã.
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Real x libra esterlina
A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (02/set) cotada a R$7,3649, patamar mais alto que o registrado nesta sexta-feira (06/set), R$7,3378. Trata-se de uma valorização de 0,37% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de valorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.
Em relação ao dólar, a moeda inglesa ganhou força no decorrer da semana, revertendo a tendência de desvalorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (06/set) cotada a US$1,3176 após ter iniciado a semana cotada a US$1,3122, uma valorização de 0,4% da moeda britânica em relação ao dólar.
Diferentemente do que foi visto na Zona do Euro, os indicadores antecedentes relativos ao mês de agosto mostram que a economia britânica segue crescendo. Os índices de gerentes de compras permaneceram acima da linha do patamar neutro de 50 pontos, que sugere que a atividade econômica local continuou se expandindo no mês passado.
Como resultado deste incipiente movimento de crescimento, os preços dos imóveis subiram pelo segundo mês consecutivo em agosto. Segundo o Halifax Bank Of Scotland (HBOS), os preços subiram cerca de 0,3% no mês passado, depois de terem avançado cerca de 0,9% em julho.
Apesar destes sinais, de que a economia do Reino Unido segue em trajetória de elevação, o comportamento relativamente benigno dos preços aos consumidores deve abrir caminho para que o Bank of England opere um novo corte de juros na próxima reunião, sustentado também pelos cortes esperados na Zona do Euro e nos Estados Unidos.
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Perspectivas
Os mercados deverão ficar em compasso de espera, aguardando a decisão do Fed sobre a taxa de juros. É muito provável que a autoridade monetária inicie o corte na taxa de juros na reunião de setembro, mas ainda é incerta a magnitude da redução. De toda forma, o afrouxamento monetário aumentará o diferencial de juros, o que pode valorizar a moeda brasileira.
A fraqueza econômica na Zona do Euro deverá permear a próxima reunião do Banco Central Europeu, tendo em vista que as pressões inflacionárias tem se arrefecido. Isso aumenta as chances de um novo corte de juros no bloco europeu, o que também aumentaria o diferencial de juros, contribuindo para uma eventual valorização do Real.
Por fim, a atividade econômica no Reino Unido dá sinais de recuperação sem que haja grandes preocupações inflacionárias e um novo corte na taxa de juros é possível. Novamente, esse movimento abrirá espaço para que o Real se valorize diante da Libra, pela ampliação do diferencial de juros entre os dois países.
Seguimos de olho.