De Olho no Câmbio #294: Todo mundo de olho na super quarta

A cotação do dólar permaneceu estável na última semana, impulsionada pelo crescimento surpreendente do setor de serviços e a retomada do varejo no Brasil, elevando as expectativas de que o Copom aumente a taxa Selic. Esse possível aumento, que ampliaria o diferencial de juros entre Brasil e EUA, coincide com o início dos cortes de juros americanos, o que manteve o mercado cambial em compasso de espera. Internacionalmente, os dados dos EUA reforçaram sinais de desaceleração econômica, enquanto a Alemanha apresentou deflação, sugerindo recessão iminente. O BCE cortou a taxa de juros em 0,25%, mas indicou que novos cortes são improváveis até dezembro. No Reino Unido, os dados econômicos desapontaram, com o PIB estagnado e a produção industrial em queda, aumentando a expectativa pela decisão do Banco da Inglaterra na próxima semana.

Acompanhe as análises a seguir.

Real x dólar

Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,5992 na segunda-feira (09/set), um nível 0,83% inferior à abertura da semana anterior (02/set). A cotação da moeda estrangeira registrou valorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (13/ago) cotado a R$5,6271, patamar 0,94% superior à abertura da sexta-feira anterior (06/set). Entre as aberturas desta sexta (13/set) e da segunda-feira da semana anterior (02/set), vimos uma valorização do real em relação ao dólar de 0,34%%.

A cotação do dólar se manteve relativamente estável ao longo da última semana, impulsionada principalmente pela divulgação de indicadores domésticos. O forte crescimento do setor de serviços e a retomada do varejo nacional aumentaram as expectativas de que o Copom eleve a taxa básica de juros no próximo dia 18. Caso isso se confirme, o aumento da Selic ocorrerá em paralelo ao início do ciclo de cortes de juros nos EUA. 

O possível aumento do diferencial de juros entre Brasil e EUA ajudou a suavizar os movimentos no mercado cambial, com os investidores aguardando as decisões da próxima “super quarta”. 

Nos EUA, os dados econômicos reforçaram o cenário de desaceleração, com o volume semanal de novos pedidos de seguro-desemprego ligeiramente acima do esperado, sugerindo uma continuidade na desaceleração da economia americana.

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Real x euro

O euro abriu o pregão de segunda-feira (09/set) cotado a R$6,2067. Na abertura desta sexta-feira (13/set), a cotação foi de R$6,2189. Portanto, houve uma desvalorização de 0,2% do real frente à moeda europeia, mantendo a tendência que foi observada na semana anterior.

Com relação ao dólar, a moeda europeia perdeu força esta semana, revertendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,1082 na segunda (09/ago) para US$1,1079, nesta sexta (13/set). Portanto, vimos uma desvalorização do euro de aproximadamente 0,03% (leia-se: é preciso menos dólares para comprar um euro).

A semana econômica na Zona do Euro teve como foco a decisão de política monetária do Banco Central Europeu, contudo, alguns indicadores macroeconômicos relevantes também foram revelados e contribuíram para a montagem do cenário prospectivo.

O dado de inflação ao consumidor na Alemanha (IPC) apresentou deflação mensal em agosto e uma taxa anual ligeiramente abaixo da meta de 2,0% estabelecida para a Zona do Euro. O resultado corrobora a tese de que a economia do país caminha para uma recessão, principalmente decorrente da fragilidade da sua demanda doméstica. A Espanha também divulgou seus dados de inflação ao consumidor e o IPC manteve-se estável na comparação mensal e acelerou-se marginalmente na comparação anual, permanecendo pouco acima de 2,0%.

No entanto, todas as atenções estavam voltadas para a decisão de política monetária. O Banco Central Europeu não trouxe surpresas e seguindo o que o mercado esperava, reduziu a taxa de juros em 0,25%. A decisão do BCE foi complementada por uma análise ligeiramente pessimista com relação à inflação, afirmando que se espera um aumento no IPC no trimestre final do ano; contudo, houve sinalização de que a inflação deve convergir para a meta apenas no segundo semestre de 2025.

Dada a adoção de uma postura mais data-driven pelo Banco Central Europeu, fontes da autoridade monetária disseram ser pouco provável que haja um novo corte de juros na próxima reunião marcada para outubro, justamente pela proximidade entre os dois encontros e a ausência na divulgação de novos indicadores relevantes no período. A menos que haja uma deterioração pronunciada nos dados de atividade econômica, é possível que o BCE aguarde a reunião de dezembro para que se decida pela manutenção ou por novos cortes de juros.

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Real x libra esterlina

A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (09/set) cotada a R$7,3495, patamar mais baixo que o registrado nesta sexta-feira (13/set), R$7,3910. Trata-se de uma desvalorização de 0,56% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de desvalorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.

Em relação ao dólar, a moeda inglesa ganhou força no decorrer da semana, mantendo a tendência de valorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (13/set) cotada a US$1,3132 após ter iniciado a semana cotada a US$1,3119, uma valorização de 0,1% da moeda britânica em relação ao dólar.

A semana econômica no Reino Unido trouxe uma variedade de dados macroeconômicos relevantes e o país aguarda também a reunião do Banco Central da Inglaterra (BoE) que definirá, na semana que vem, se continua cortando juros ou se haverá estabilização.

Os principais dados de atividade econômica vieram aquém do que o mercado esperava, com destaque para o resultado do PIB que manteve-se estável na comparação mensal, quando era esperado crescimento de 0,2%. Isto contribuiu para que o PIB anual também viesse abaixo do que o mercado estava aguardando.

Outro dado que chamou a atenção do ponto de vista negativo foi a produção industrial. Em termos mensais, o mercado projetava crescimento de 0,3% e o resultado foi uma queda de 0,8% fazendo com que o indicador anual apresentasse uma queda significativa (-1,2%) na comparação com a redução prevista pelo mercado (-0,2%).

Por fim, os dados de mercado de trabalho no Reino Unido vieram em linha com o que o mercado estava prevendo e a taxa de desemprego ficou estável em 4,1%, ligeiramente abaixo do mês anterior.

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Perspectivas

A expectativa em torno de um corte de juros pelo Fed é acompanhada pelo cenário em que o Copom eleva a taxa Selic. Essas decisões conjuntas devem promover um aumento no diferencial de juros entre Brasil e Estados Unidos e pode ajudar (valorizar) a moeda brasileira no curto prazo. Esta leitura, no entanto, ainda carece de mais informações sobre a inflação doméstica nos próximos meses, que poderia suavizar essa valorização do Real em potencial.

O corte de juros realizado pelo Banco Central Europeu era esperado pelo mercado e já provocou um aumento no diferencial de taxa de juros entre a Zona do Euro e o Brasil. Este diferencial pode ainda ser ampliado, caso o Banco Central do Brasil aumente a taxa de juros na próxima reunião. De todo modo, é possível que o Real ganhe força diante do Euro em virtude da maior atratividade dos títulos brasileiros frente ao mercado europeu.

A situação no Reino Unido é semelhante, uma vez que os dados macroeconômicos indicam uma atividade econômica menos pujante do que o mercado estava prevendo. Diante disto, é possível que o Banco Central da Inglaterra (BoE) reduza a taxa de juros na próxima reunião, aumentando o diferencial de rendimentos entre Brasil e Reino Unido. Esta maior atratividade da economia brasileira poderá beneficiar o Real diante da Libra.

Seguimos de olho.

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