A semana foi marcada por importantes decisões de política monetária e indicadores econômicos globais, com destaque para a valorização do real impulsionada pelo aumento da taxa Selic pelo Copom e o corte de juros pelo Fed, que enfraqueceu o dólar. O euro também se valorizou frente ao dólar, mas perdeu terreno em relação ao real. O Bank of England manteve sua taxa de juros em 5%, adotando uma postura cautelosa diante de uma economia britânica mais resiliente, enquanto aguarda novos dados antes de possíveis cortes futuros, alinhando-se ao cenário de afrouxamento monetário global.
Acompanhe as análises a seguir.
Real x dólar
Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,5677 na segunda-feira (16/set), um nível 0,6% inferior à abertura da semana anterior (09/set). A cotação da moeda estrangeira registrou desvalorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (20/set) cotado a R$5,4271, patamar 3,6% inferior à abertura da sexta-feira anterior (13/set). Entre as aberturas desta sexta (20/set) e da segunda-feira da semana anterior (09/set), vimos uma valorização do real em relação ao dólar de 3,1%.
A moeda brasileira finalmente iniciou uma forte trajetória de valorização em relação ao dólar. Esse movimento foi impulsionado tanto pela expectativa de que o Copom aumentaria (como de fato fez) a taxa básica de juros, quanto pelo comportamento projetado do Federal Reserve (Fed).
Com o Copom e o FOMC (comitê de política monetária do Fed) adotando posturas distintas, o real ganhou força desde as decisões anunciadas na última quarta-feira (18). O Fed, sem surpresas, reduziu a taxa de juros americana em 0,50%. Como parte do mercado esperava um corte de apenas 0,25%, a decisão provocou a desvalorização do dólar no cenário internacional, beneficiando a moeda brasileira.
Logo após, o Copom confirmou a esperada elevação dos juros no Brasil. Embora o movimento já estivesse parcialmente precificado pelo mercado, a decisão reforçou o impulso de valorização do real, que registrou seu sexto pregão consecutivo em alta na última quinta-feira.
Além disso, o comunicado do Copom sugeriu novos ajustes à vista, indicando a possibilidade de um aperto monetário mais intenso do que o registrado em setembro. Essa interpretação de uma política monetária ainda mais restritiva contribuiu para que o dólar atingisse sua menor cotação desde 19 de agosto.
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Real x euro
O euro abriu o pregão de segunda-feira (16/set) cotado a R$6,1672. Na abertura desta sexta-feira (20/set), a cotação foi de R$6,0512. Portanto, houve uma valorização de 1,9% do real frente à moeda europeia, revertendo a tendência que foi observada na semana anterior.
Com relação ao dólar, a moeda europeia ganhou força esta semana, revertendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,1078 na segunda (16/ago) para US$1,1159, nesta sexta (20/set). Portanto, vimos uma valorização do euro de aproximadamente 0,7% (leia-se: é preciso mais dólares para comprar um euro).
A semana foi marcada por importantes divulgações macroeconômicas na Zona do Euro e pela expectativa das decisões sobre juros nos Estados Unidos e no Brasil.
Entre os principais destaques, a balança comercial da Zona do Euro apresentou um superávit de 21,2 bilhões de euros, superando as expectativas. Esse resultado sugere uma queda nas importações, impulsionada pela demanda fraca no bloco. Já o saldo de transações correntes, embora positivo em 39,6 bilhões de euros, ficou abaixo da previsão de 40,3 bilhões.
No que tange à inflação, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de agosto subiu apenas 0,1%, abaixo das expectativas de 0,2%. Com isso, o IPC anual caiu de 2,6% para 2,2%, enquanto o núcleo de inflação se manteve em 2,8%. Apesar de a preocupação com a inflação ser uma constante na Zona do Euro, os dados mais recentes mostram um cenário relativamente benigno para os preços. Por outro lado, os problemas ligados ao nível de atividade econômica permanecem cada vez mais fortes enquanto a maior economia do bloco segue em direção a um quadro de recessão técnica.
Por fim, as decisões de juros nos EUA e Brasil provocaram movimentações nos mercados cambiais. Com o corte de juros pelo Federal Reserve (FOMC), o euro se valorizou frente ao dólar. No entanto, o aumento da Selic pelo Copom resultou em uma desvalorização do euro em relação ao real, com a moeda europeia sendo negociada em torno de R$6,05.
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Real x libra esterlina
A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (16/set) cotada a R$7,3071, patamar mais alto que o registrado nesta sexta-feira (20/set), R$7,2045. Trata-se de uma valorização de 1,4% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de valorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.
Em relação ao dólar, a moeda inglesa ganhou força no decorrer da semana, mantendo a tendência de valorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (20/set) cotada a US$1,3283 após ter iniciado a semana cotada a US$1,3124, uma valorização de 1,2% da moeda britânica em relação ao dólar.
Seguindo o exemplo do Federal Reserve e do Banco Central do Brasil, o Bank of England também se reuniu esta semana para discutir a política monetária do país. Embora houvesse expectativas de um novo corte de juros, o Banco Central britânico decidiu manter a taxa básica de juros em 5% ao ano.
Apesar da inflação estar gradualmente convergindo para a meta de longo prazo de 2% do BoE, a atividade econômica no Reino Unido tem se mostrado ligeiramente mais robusta do que na Zona do Euro. Com esse cenário de desempenho econômico um pouco mais favorável, o Banco Central optou por aguardar os próximos dados antes de tomar novas decisões sobre cortes de juros.
Os números divulgados nesta semana refletem esse contexto. Enquanto os índices de preços ao produtor e ao consumidor apresentaram um comportamento relativamente benigno em agosto, as vendas no varejo superaram as expectativas do mercado, sugerindo a continuidade do crescimento econômico.
Em resumo, o Bank of England adotou uma abordagem mais cautelosa, considerando o crescimento da economia britânica. No entanto, dado o início do ciclo de cortes de juros nos Estados Unidos e a retomada na Zona do Euro, é provável que o banco central britânico reduza os juros ainda este ano.
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Perspectivas
A decisão do Fed de iniciar o ciclo de cortes de juros tende a beneficiar as moedas não conversíveis nos próximos dias. Caso os dados de emprego, inflação e atividade de setembro mostrem mais sinais de desaceleração, abrindo espaço para outro corte de juros em novembro, o real pode continuar a se valorizar. Vale ressaltar que os ganhos do real nesta semana estão fortemente ligados às decisões de política monetária. No entanto, possíveis questões domésticas, como a situação fiscal, podem suavizar essa valorização nas próximas semanas.
Na Zona do Euro, o cenário de desaceleração econômica cria condições para que o Banco Central Europeu realize novos cortes de juros em 2024. Apesar de a presidente do BCE, Christine Lagarde, ter praticamente descartado essa possibilidade em uma coletiva de imprensa recente, é sabido que uma nova deterioração da economia europeia “exigiria” mais cortes de juros ainda no último trimestre do ano. A combinação de cortes de juros na Europa com um novo ciclo de alta de juros pelo Copom deve favorecer a valorização do real nos próximos dias.
A postura mais cautelosa do Bank of England não deve impedir potenciais ganhos do real em relação à libra. Enquanto o mercado continuar enxergando a possibilidade de novos aumentos de juros por parte do Copom, isso funcionará como um impulso adicional para a valorização do real frente à libra.
Seguimos de olho.