De Olho no Câmbio #297: Payroll deve ditar postura do Fed

Os principais destaques econômicos da semana incluem dados mistos do mercado de trabalho dos EUA, com criação de vagas acima do esperado, mas um leve aumento nos pedidos de seguro-desemprego, o que pode levar o Federal Reserve a adotar uma postura cautelosa em suas próximas decisões de política monetária. O PMI Composto dos EUA atingiu 54,4 pontos, mostrando resiliência da economia, enquanto no Brasil o índice foi ainda mais forte, com 54,6 pontos, o que pode favorecer uma valorização do real diante iminente possibilidade de aceleração na alta dos juros por aqui. Na Zona do Euro, o cenário econômico permanece fraco, com deflação de 0,1% em setembro e o PMI Composto em 49,6 pontos, sugerindo contração, o que reforça expectativas de cortes de juros, ampliando o diferencial entre as taxas de juros da região e o Brasil, pressionando o euro para baixo frente ao real. 

Acompanhe as nossas análises a seguir.

Real x dólar

Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,4347 na segunda-feira (30/set), um nível 1,4% inferior à abertura da semana anterior (23/set). A cotação da moeda estrangeira registrou valorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (04/set) cotado a R$5,4778, patamar 0,7% superior à abertura da sexta-feira anterior (27/set). Entre as aberturas desta sexta (04/out) e da segunda-feira da semana anterior (23/set), vimos uma valorização do real em relação ao dólar de -1,1%.

Os principais destaques econômicos da semana incluem os dados do mercado de trabalho nos EUA, que mostram sinais mistos. Embora existam indícios de uma leve desaceleração, o mercado de trabalho continua robusto. A pesquisa Jolts registrou 8 milhões de vagas de emprego em agosto, superando as expectativas. A ADP também apresentou um número superior ao esperado, com a criação de 143 mil empregos privados em setembro. Além disso, o mercado espera que o relatório de emprego (payroll) mostre a adição de 148 mil novos postos, também acima da leitura anterior.

Por outro lado, houve um leve aumento nos pedidos de seguro-desemprego, que somaram 225 mil, um valor superior ao da semana anterior, sugerindo que o mercado de trabalho continua desacelerando.

Esse cenário leva o Federal Reserve (FOMC) a adotar uma postura mais cautelosa quanto aos próximos passos na política monetária, aguardando mais dados para determinar o caminho a seguir. O vigor do mercado de trabalho americano reflete-se também no PMI Composto, que atingiu 54,4 pontos, demonstrando a resiliência da economia.

No Brasil, o PMI Composto foi ainda mais forte, marcando 54,6 pontos. Com isso, há uma expectativa de que a taxa de juros continue subindo, o que pode ampliar o diferencial de juros entre o Brasil e os EUA, favorecendo uma valorização adicional do real nos próximos meses.

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Real x euro

O euro abriu o pregão de segunda-feira (30/set) cotado a R$6,067. Na abertura desta sexta-feira (04/out), a cotação foi de R$6,0057. Portanto, houve uma valorização de 1,0% do real frente à moeda europeia, seguindo a tendência que foi observada na semana anterior.

Com relação ao dólar, a moeda europeia perdeu força esta semana, revertendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,1159 na segunda (30/set) para US$1,1035, nesta sexta (04/out). Portanto, vimos uma desvalorização do euro de aproximadamente 1,1% (leia-se: é preciso menos dólares para comprar um euro).

Na Zona do Euro, os dados recentes, embora menos expressivos, ainda são importantes para o cenário econômico. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) registrou deflação de 0,1% em setembro, com uma variação anual acumulada de 1,8%, sugerindo uma pressão inflacionária moderada na região.

A taxa de desemprego permaneceu estável em 6,4% em agosto, um nível relativamente alto considerando o histórico da região, refletindo o baixo ritmo de atividade econômica em 2024. Esse quadro é reforçado pelo PMI Composto, que atingiu 49,6 pontos, permanecendo em território de contração.

Com isso, a tendência de desvalorização do euro frente ao real deve continuar, uma vez que é esperado um novo corte nos juros na Zona do Euro ainda este ano com intuito de melhorar o nível de atividade. Consequentemente,  deve ocorrer ampliação do diferencial entre as taxas de juros das duas regiões. Isso pode manter o euro em uma trajetória de enfraquecimento.

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Real x libra esterlina

A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (30/set) cotada a R$7,2687, patamar mais alto que o registrado nesta sexta-feira (04/set), R$7,1943. Trata-se de uma valorização de 1,0% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de valorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.

Em relação ao dólar, a moeda inglesa perdeu força no decorrer da semana, rompendo a tendência de valorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (04/out) cotada a US$1,3280 após ter iniciado a semana cotada a US$1,3369, uma desvalorização de 1,8% da moeda britânica em relação ao dólar.

No Reino Unido, a semana foi marcada por importantes divulgações macroeconômicas. O Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre cresceu 0,5%, abaixo da expectativa de 0,6%, mas ainda mostrando resiliência econômica. Em relação aos empréstimos líquidos a indivíduos, houve um aumento significativo em agosto, alcançando £4,156 bilhões, superando as projeções do mercado e sinalizando uma maior disposição dos consumidores para gastar.

Confirmando esse cenário de atividade econômica robusta, o PMI Composto foi registrado em 52,6 pontos, com o PMI de Serviços em 52,4 e o PMI Industrial em 51,5, indicando expansão econômica dos respectivos setores. 

O Reino Unido, portanto, demonstra uma performance econômica mais forte que a maior parte da Europa. Essa tendência pode se sustentar no futuro próximo, com o governo do Partido Trabalhista rejeitando medidas de austeridade, o que pode continuar impulsionando o crescimento.

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Perspectivas

As projeções para o dólar indicam volatilidade nos próximos meses, com possível fortalecimento da moeda americana devido à resiliência da economia dos EUA e às incertezas globais, embora o Federal Reserve possa adotar uma postura mais cautelosa na política monetária. O euro, por sua vez, tende a continuar sua trajetória de desvalorização frente ao real, pressionado pela fraqueza econômica na Zona do Euro e a expectativa de novos cortes de juros. Já a libra esterlina pode continuar em processo de valorização em função das perspectivas econômicas do Reino Unido, que parecem melhores que as registradas na Zona do Euro e devem exigir do Bank of England uma postura relativamente mais conservadora.

Seguimos de olho.

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