De Olho no Câmbio #299: Economia e inflação em queda na Europa trazem volatilidade para o câmbio

Moeda de euro sobre superfície coberta por notas

Nos Estados Unidos, as vendas no varejo cresceram 0,4% em setembro, mas a produção industrial recuou 0,3%, indicando desafios no setor manufatureiro. Os pedidos de seguro-desemprego caíram, sugerindo uma leve melhora no mercado de trabalho, o que pode sacramentar um aumento de juros mais brando pelo Fed em novembro. No Brasil, os dados de agosto mostraram crescimento de 0,23% no IBC-Br, enquanto o Monitor do PIB da FGV indicou queda de 0,2%, sugerindo uma leve acomodação da economia. O IGP-10 subiu 1,3%, reforçando expectativas de alta de juros pelo Copom. Na Europa, o BCE cortou a taxa de juros em 0,25% devido à desaceleração na Alemanha e França, o que, somado à queda da inflação, tem trazido desvalorização para a moeda europeia. No Reino Unido, as vendas no varejo superaram as expectativas, sugerindo um crescimento mais forte, o que pode levar o Bank of England a adotar uma política monetária mais cautelosa, sustentando a valorização da libra.

Acompanhe as nossas análises a seguir.

Real x dólar

Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,6115 na segunda-feira (14/out), um nível 2,87% superior à abertura da semana anterior (07/out). A cotação da moeda estrangeira registrou valorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (18/out) cotado a R$5,6538, patamar 1,3% superior à abertura da sexta-feira anterior (11/out). Entre as aberturas desta sexta (18/out) e da segunda-feira da semana anterior (07/out), vimos uma desvalorização do real em relação ao dólar de -3,0%.

Nos Estados Unidos, as vendas no varejo cresceram 0,4% em setembro em comparação com o mês anterior, refletindo uma demanda sólida. No entanto, a produção industrial registrou queda de 0,3% no mesmo período, sinalizando desafios para o setor manufatureiro.

No mercado de trabalho americano, os pedidos iniciais de seguro-desemprego ficaram em linha com as expectativas, totalizando 241 mil novas requisições, uma redução em relação aos 260 mil da semana anterior. O dado sugere uma ligeira melhora nas condições de emprego.

No Brasil, foram divulgados os dados de atividade econômica de agosto. O IBC-Br, indicador do Banco Central, apontou crescimento de 0,23%, enquanto o Monitor do PIB da FGV registrou uma queda de 0,2%, resultado mais próximo das expectativas de mercado. Apesar das discrepâncias, os números indicam uma tendência de leve acomodação da economia brasileira.

Além disso, o Índice Geral de Preços-10 (IGP-10) apresentou alta de 1,3% em setembro, reforçando as expectativas de um aumento na taxa de juros na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).

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Real x euro

O euro abriu o pregão de segunda-feira (14/out) cotado a R$6,1274. Na abertura desta sexta-feira (18/out), a cotação foi de R$6,1252. Portanto, houve uma desvalorização de 0,04% do real frente à moeda europeia, rompendo a tendência que foi observada na semana anterior.

Com relação ao dólar, a moeda europeia perdeu força esta semana, mantendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0932 na segunda (14/set) para US$1,0829, nesta sexta (18/out). Portanto, vimos uma desvalorização do euro de aproximadamente 0,94% (leia-se: é preciso menos dólares para comprar um euro).

O Banco Central Europeu (BCE) decidiu, sem surpresa, reduzir a taxa básica de juros da Zona do Euro em 0,25% nesta semana. A decisão reflete a clara deterioração da atividade econômica no bloco, especialmente na Alemanha e na França, as duas maiores economias da região.

A Alemanha já apresentou uma contração no PIB do segundo trimestre, e a expectativa é que essa desaceleração continue ao longo do segundo semestre. Na França, após o impulso temporário gerado pelos Jogos Olímpicos, a atividade econômica também tem mostrado um recuo significativo, conforme indicam os indicadores antecedentes.

Além do enfraquecimento econômico, o BCE foi respaldado pela queda da inflação. Os dados finais de setembro revelaram que a inflação anualizada caiu de 2,2% para 1,7%, abaixo da meta de longo prazo do Banco, que é de 2%.

A combinação da desaceleração econômica, a redução da inflação e os cortes recentes nas taxas de juros está pressionando a moeda europeia, provocando uma forte desvalorização em relação ao dólar.

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Real x libra esterlina

A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (14/set) cotada a R$7,3320, patamar mais baixo que o registrado nesta sexta-feira (18/set), R$7,3584. Trata-se de uma desvalorização de 0,4% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de desvalorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.

Em relação ao dólar, a moeda inglesa perdeu força no decorrer da semana, mantendo a tendência de desvalorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (18/out) cotada a US$1,3015 após ter iniciado a semana cotada a US$1,3060, uma desvalorização de 0,3% da moeda britânica em relação ao dólar.

Em uma semana marcada por um novo corte de juros pelo Banco Central Europeu, o Reino Unido apresentou mais sinais de que sua economia está crescendo a um ritmo interessante, para dizer o mínimo. 

As vendas no varejo aumentaram 0,3% em setembro, contrariando as expectativas de uma queda de 0,3%. Esse crescimento segue um aumento ainda maior de 1,0% registrado em agosto, demonstrando que a economia britânica está em um cenário bastante diferente daquele observado na Europa continental.

Esse ritmo de crescimento mais persistente no Reino Unido levanta dúvidas sobre os próximos passos do Bank of England (BoE). Com a economia expandindo mais do que o esperado, o BoE pode adotar uma abordagem mais cautelosa, com cortes de juros mais suaves ou espaçados. 

A percepção de que a autoridade monetária britânica poderá manter uma política ligeiramente mais restritiva pode dar suporte para a Libra se manter em níveis elevados frente ao Real e recuperar terreno em relação ao Dólar.

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Perspectivas

As declarações recentes do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e da ministra do Planejamento, Simone Tebet, reforçando a necessidade de ajustes nas despesas para garantir a sustentabilidade do Arcabouço Fiscal a longo prazo, trouxeram alívio ao mercado em relação à situação fiscal do Brasil. No entanto, esse movimento não deve impulsionar uma valorização expressiva do real na próxima semana, pois persistem incertezas quanto à próxima decisão do FOMC, dado que a economia dos EUA continua resiliente. Em relação ao euro, espera-se que o real ganhe força, impulsionado pelo corte de juros pelo BCE realizado nesta semana. Em relação à libra, a moeda brasileira deve permanecer desvalorizada, já que a economia do Reino Unido apresenta sinais de expansão mais robustos do que o restante da Europa.

Seguimos de olho.

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