De Olho no Câmbio #300: Moeda brasileira resistiu ao ímpeto do dólar esta semana

A moeda americana se manteve estável ao longo da semana após um período de forte valorização global, sustentada por indicadores domésticos e declarações positivas de autoridades brasileiras, como Roberto Campos Neto e Fernando Haddad, durante a reunião do FMI. Apesar de dados preliminares de inflação indicarem uma menor pressão inflacionária no Brasil, o IPCA-15 de outubro veio acima das expectativas, exigindo cautela. O real também se fortaleceu frente ao euro, influenciado pela desaceleração da economia europeia e a expectativa de novos cortes de juros pelo BCE. No Reino Unido, a libra perdeu valor em relação ao dólar, refletindo uma leve desaceleração da economia britânica, apesar de sua resiliência em comparação com a Zona do Euro.

Acompanhe as nossas análises a seguir.

Real x dólar

Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,6894 na segunda-feira (21/out), um nível 1,4% superior à abertura da semana anterior (14/out). A cotação da moeda estrangeira registrou valorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (25/out) cotado a R$5,6673, patamar 0,2% superior à abertura da sexta-feira anterior (18/out). Entre as aberturas desta sexta (25/out) e da segunda-feira da semana anterior (14/out), vimos uma desvalorização do real em relação ao dólar de -1,0%.

A moeda americana se manteve relativamente estável ao longo desta semana, após uma forte valorização frente à maioria das moedas globais. Essa estabilidade em relação ao real foi sustentada por indicadores econômicos internos e pelas declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, durante a reunião do FMI.

Primeiramente, os dados semanais de inflação indicam que a pressão inflacionária está menor do que o mercado antecipava no início do mês. Embora ainda seja cedo para confirmar se essa tendência positiva irá se manter, os números foram bem recebidos pelos investidores.

No entanto, é necessário cautela ao interpretar esses dados, já que o IPCA-15 de outubro superou as expectativas do mercado, com indicadores qualitativos sugerindo um agravamento do cenário inflacionário a curto prazo.

Além dos indicadores econômicos, as falas de Roberto Campos Neto e Fernando Haddad durante a reunião do FMI contribuíram para um desempenho mais favorável do real. Haddad destacou o compromisso com o fortalecimento do arcabouço fiscal, enquanto Campos Neto reforçou a percepção de que a situação fiscal do Brasil pode ser vista de forma positiva.

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Real x euro

O euro abriu o pregão de segunda-feira (21/out) cotado a R$6,1335. Na abertura desta sexta-feira (25/out), a cotação foi de R$6,1815. Portanto, houve uma valorização de 0,8% do real frente à moeda europeia, rompendo a tendência que foi observada na semana anterior.

Com relação ao dólar, a moeda europeia perdeu força esta semana, mantendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0860 na segunda (21/set) para US$1,0824, nesta sexta (25/out). Portanto, vimos uma desvalorização do euro de aproximadamente 0,3% (leia-se: é preciso menos dólares para comprar um euro).

O real se valorizou em relação ao euro ao longo desta semana, refletindo a deterioração da atividade econômica na Europa e a forte queda da inflação no continente.

Os dados mais recentes de inflação e atividade econômica da Zona do Euro sugerem que o Banco Central Europeu (BCE) deve continuar com sua política de afrouxamento monetário. A desaceleração econômica combinada com o rápido recuo dos preços favorece a possibilidade de novos cortes nas taxas de juros pelo BCE.

A expectativa de continuidade na redução das taxas de juros na Zona do Euro, ampliando o diferencial em relação a outros países, têm pressionado o euro para baixo. Nesta semana, o euro atingiu seu nível mais baixo em relação ao dólar desde julho, indicando que um novo desafio cambial pode estar surgindo na Europa.

Neste contexto, cabe mencionar, apenas para registro, que os indicadores antecedentes relativos ao mês de outubro sugerem uma discreta e relativa melhora das condições macroeconômicas na Zona do Euro, insuficiente para trazer qualquer tipo de mudança significativa no mercado cambial.

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Real x libra esterlina

A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (21/set) cotada a R$7,4235, patamar mais alto que o registrado nesta sexta-feira (25/set), R$7,3480. Trata-se de uma valorização de 1,0% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de valorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.

Em relação ao dólar, a moeda inglesa perdeu força no decorrer da semana, mantendo a tendência de desvalorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (25/out) cotada a US$1,2973 após ter iniciado a semana cotada a US$1,3038, uma desvalorização de 0,5% da moeda britânica em relação ao dólar.

Apesar da proximidade geográfica, o Reino Unido tem apresentado resultados econômicos bastante distintos dos países da Zona do Euro. A atividade econômica britânica segue relativamente robusta, e os dados de inflação, embora ainda acima da meta, indicam uma tendência de queda gradual.

Apesar deste crescimento, o destaque desta semana foi a divulgação dos indicadores antecedentes de outubro. Os números preliminares do índice de gerentes de compras (PMI) apontam para uma desaceleração no ritmo de crescimento da economia do Reino Unido. A produção industrial caiu ao menor nível desde julho deste ano, e o setor de serviços registrou o nível mais baixo desde dezembro do ano passado.

Como os números de outubro ainda são preliminares e antecedentes, o que ajudou a determinar a cotação da libra ao longo da semana foram os números vindos dos Estados Unidos. De modo geral, a economia norte-americana ainda se mostra bastante aquecida, o que deve fazer com que o Fed opte por cortes de juros mais brandos nas reuniões de remanescentes de 2024. A perspectiva de um Fed mais consaervador tem evocado a força do dólar sobre as demais divisas, inclusive sobre a libra.

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Perspectivas

As declarações de Roberto Campos Neto e Fernando Haddad durante a recente reunião do FMI ajudaram a melhorar o desempenho do real. Haddad reafirmou o compromisso com o fortalecimento do arcabouço fiscal brasileiro, enquanto Campos Neto destacou que a situação fiscal do país está progredindo positivamente. Esse cenário trouxe uma percepção mais otimista para a moeda brasileira que mesmo que não tenha se valorizado, conseguiu manter certa estabilidade.

A expectativa é que com novas propostas do Governo em favor do corte estrutural de despesas e manutenção do arcabouço, em conjunto com as elevações de juros previstas, o real ainda se valorize frente ao dólar nos próximos dias.

Na Europa, o euro enfrenta pressões com a expectativa de mais cortes nas taxas de juros, ampliando o diferencial em relação a outras economias. Nesta semana, o euro alcançou seu nível mais baixo frente ao dólar desde julho, sugerindo um cenário cambial desafiador para a Zona do Euro.

Quanto à libra, a moeda britânica vem perdendo força, refletindo uma leve desaceleração econômica. Como a economia americana está mostrando sinais de resiliência e o Fed provavelmente adotará uma postura mais cautelosa, espera-se que o dólar continue avançando sobre a libra no curto prazo.

Seguimos de olho.

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