De Olho no Câmbio #301: Escalada interminável da moeda americana

O objetivo da economia de escala é reduzir custos aumentando o volume de bens.

A moeda brasileira enfrentou volatilidade nesta semana, influenciada por questões fiscais internas e pela força da economia americana, com o dólar testando o patamar psicológico de R$5,80. No cenário doméstico, expectativas de cortes de despesas trouxe leve alívio no meio da semana. No entanto, dados robustos do mercado de trabalho dos EUA, que sugerem que o Banco Central do Estados Unidos seja mais cauteloso e menos propenso a cortes agressivos de juros, impulsionaram novamente o dólar. Na Europa, a Zona do Euro surpreendeu com um crescimento do PIB de 0,4% e queda histórica no desemprego, embora a baixa nos índices de confiança mantenha o alerta sobre uma possível recessão técnica, o que ajudou o euro a se valorizar frente ao real. Já no Reino Unido, a libra refletiu as expectativas americanas e acabou perdendo espaço em relação ao dólar.

Acompanhe as nossas análises a seguir.

Real x dólar

Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,7072 na segunda-feira (28/out), um nível 0,3% superior à abertura da semana anterior (21/out). A cotação da moeda estrangeira registrou valorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (01/nov) cotado a R$5,7880, patamar 2,2% superior à abertura da sexta-feira anterior (25/out). Entre as aberturas desta sexta (01/nov) e da segunda-feira da semana anterior (21/out), vimos uma desvalorização do real em relação ao dólar de -1,7%.

A moeda brasileira passou por um novo episódio de volatilidade nesta semana. A pressão que levou o dólar a testar o nível psicológico de R$5,80 foi impulsionada por questões fiscais internas e pela força da economia dos Estados Unidos.

No cenário doméstico, o mercado reagiu negativamente a declarações de membros do governo. A expectativa de um corte de despesas de R$50 bilhões, mencionado como necessário para cumprir a meta fiscal de 2025, se dissipou após o ministro da Fazenda esclarecer que não havia definido valores.

A situação da moeda brasileira melhorou ligeiramente quando alguns ministros reforçaram o compromisso político com um pacote de medidas para reduzir as despesas nos próximos anos.

Porém, o dólar se fortaleceu novamente com a divulgação de dados de emprego e atividade dos EUA. Ao contrário do que a pesquisa Jolts havia indicado, sugerindo desaceleração no mercado de trabalho, os dados da pesquisa ADP e os pedidos semanais de seguro-desemprego mostraram sinais de sobreaquecimento na economia americana.

Esses números sugerem que o Fed deve ser mais cauteloso do que o mercado antecipava, provavelmente optando por cortes de juros mais modestos e uma comunicação mais prudente nas últimas reuniões do ano. A expectativa de uma postura mais defensiva por parte do Banco Central dos EUA contribuiu para a valorização do dólar nesta semana.

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Real x euro

O euro abriu o pregão de segunda-feira (28/out) cotado a R$6,1598. Na abertura desta sexta-feira (01/nov), a cotação foi de R$6,2996. Portanto, houve uma desvalorização de 2,3% do real frente à moeda europeia, rompendo a tendência que foi observada na semana anterior.

Com relação ao dólar, a moeda europeia ganhou força esta semana, rompendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0795 na segunda (28/set) para US$1,0885, nesta sexta (01/out). Portanto, vimos uma valorização do euro de aproximadamente 0,8% (leia-se: é preciso mais dólares para comprar um euro).

Pela primeira vez em muito tempo, os dados econômicos da Zona do Euro surpreenderam positivamente. O Produto Interno Bruto do terceiro trimestre cresceu 0,4% em relação ao segundo trimestre, superando as expectativas, que previam um aumento mais modesto de 0,2%.

Os dados de emprego reforçam esses resultados preliminares do PIB. Segundo a Eurostat, a taxa de desemprego na região caiu de 6,4% para 6,3% em setembro — o primeiro recuo desde abril deste ano e a menor taxa de desemprego já registrada na série histórica.

No entanto, as pesquisas de confiança divulgadas nesta semana pedem cautela sobre o otimismo em relação às economias europeias. Embora os números de atividade e emprego tenham sido melhores do que o esperado, ainda há riscos de uma recessão técnica no bloco econômico, um tema discutido nas últimas semanas.

Os índices de confiança dos consumidores e do setor industrial caíram em setembro, sugerindo que o movimento de deterioração de longo prazo na economia da Zona do Euro ainda é uma possibilidade. Nesse cenário, o euro valorizou-se frente ao real, refletindo o temor de que um desempenho econômico mais forte possa fazer o Banco Central Europeu adotar uma postura mais lenta nos cortes de juros nos próximos meses.

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Real x libra esterlina

A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (28/set) cotada a R$7,3960, patamar mais baixo que o registrado nesta sexta-feira (01/nov), R$7,3960. Trata-se de uma desvalorização de 1,0% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de desvalorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.

Em relação ao dólar, a moeda inglesa perdeu força no decorrer da semana, mantendo a tendência de desvalorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (01/out) cotada a US$1,2896 após ter iniciado a semana cotada a US$1,2959, uma desvalorização de 0,5% da moeda britânica em relação ao dólar.

Em uma semana marcada por uma agenda econômica mais leve no Reino Unido, a libra esterlina refletiu principalmente os dados dos Estados Unidos e de outros países. A desvalorização da moeda britânica pode ser parcialmente explicada pelo sentimento do mercado em relação aos indicadores do mercado de trabalho americano. 

A pesquisa ADP e os dados semanais de seguro-desemprego nos EUA sugerem que o Fed adotará uma postura mais cautelosa no último bimestre do ano, o que fortaleceu o dólar frente a várias moedas globais.

O índice DXY, que mede o desempenho do dólar em relação a uma cesta de moedas fortes, incluindo a libra, permaneceu em patamar elevado nesta semana. Embora tenha registrado uma leve queda de 0,4% nos últimos dias, o índice ainda se mantém alto após uma forte valorização ocorrida em outubro.

Entre os dados do Reino Unido, o destaque foi o volume de crédito concedido aos consumidores em setembro. O montante ficou abaixo do registrado em agosto e bem aquém das expectativas do mercado, sugerindo uma leve acomodação da economia no final do terceiro trimestre.

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Perspectivas

As projeções para o câmbio indicam um fortalecimento do dólar em relação à libra, ao euro e ao real. A libra esterlina pode continuar sob pressão devido aos discretos e incipientes sinais de desaceleração econômica no Reino Unido e à postura cautelosa do Fed, que reforça a atratividade do dólar. 

Em relação ao Euro, os dados positivos vindos da economia podem limitar os ganhos da moeda europeia frente ao dólar caso o Banco Central Europeu adote cortes de juros mais lentos e uma postura um pouco mais cautelosa.

No Brasil, em que pesem as apostas em torno de novos e sucessivos aumentos da taxa Selic, as incertezas fiscais devem continuar influenciando negativamente a cotação da moeda brasileira em relação ao dólar.

Seguimos de olho.

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