Após passar por uma intensa desvalorização na última semana de outubro, o Real mostrou forte recuperação em relação ao dólar esta semana. O movimento foi impulsionado por expectativas de medidas de contenção de gastos no Brasil e pela vitória de Donald Trump nos EUA, que impactou negativamente a maioria das moedas de países emergentes. Contudo, a demora do governo brasileiro em anunciar as medidas, o tom mais brando do comunicado do Copom e a decepção com estímulos da China acabaram devolvendo parte da valorização do Real. A moeda brasileira também obteve ganhos frente ao Euro em um cenário de correção depois das fortes perdas dos últimos dias. No Reino Unido, o Banco da Inglaterra reduziu a taxa de juros e trouxe mais desvalorização para a Libra Esterlina.
Acompanhe as nossas análises a seguir.
Real x dólar
Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,8677 na segunda-feira (04/nov), um nível 2,8% superior à abertura da semana anterior (28/out). A cotação da moeda estrangeira registrou desvalorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (08/nov) cotado a R$5,6926, patamar 1,7% inferior à abertura da sexta-feira anterior (01/nov). Entre as aberturas desta sexta (08/nov) e da segunda-feira da semana anterior (28/out), vimos uma desvalorização do real em relação ao dólar de -0,3%.
Depois de encerrar o mês de outubro com um forte movimento de desvalorização em relação ao dólar, a moeda brasileira escolheu a semana mais turbulenta do ano para testar sua força contra a divisa norte-americana.
Após mostrar fortes correções na segunda e na terça-feira, repercutindo a possibilidade de o governo anunciar um pacote de medidas que visam reduzir os gastos do governo de forma estrutural, o Real conseguiu emplacar a terceira alta diária consecutiva, mesmo diante da vitória do candidato Republicano à presidência dos Estados Unidos.
A vitória de Donald Trump, embora não tenha sido uma surpresa, caiu como uma bomba sobre as moedas dos países em desenvolvimento. A maioria das divisas não conversíveis passou o dia perdendo terreno em relação ao dólar, mas o Real permaneceu forte e chegou a se valorizar cerca de 4% em relação à moeda americana considerando o ponto mais baixo da última quinta (07) e o fechamento da última sexta-feira (01).
No entanto, a demora do governo em anunciar as medidas de contenção de gastos; a interpretação de que o comunicado do Copom expedido esta semana tenha sido mais dovish que o esperado; e a decepção com as medidas de estímulo anunciadas pelo governo Chinês explicam essa virada de chave deste o pregão de quinta, no qual a moeda brasileira passou a se desvalorizar em relação ao dólar.
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Real x euro
O euro abriu o pregão de segunda-feira (04/nov) cotado a R$6,3571. Na abertura desta sexta-feira (08/nov), a cotação foi de R$6,1463. Portanto, houve uma valorização de 3,3% do real frente à moeda europeia, rompendo a tendência que foi observada na semana anterior.
Com relação ao dólar, a moeda europeia perdeu força esta semana, rompendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0858 na segunda (04/set) para US$1,0796, nesta sexta (08/out). Portanto, vimos uma desvalorização do euro de aproximadamente 0,6% (leia-se: é preciso menos dólares para comprar um euro).
Não foi apenas sobre o dólar que a moeda brasileira se valorizou esta semana. A divisa nacional engatou três sessões seguidas de valorização sobre o Euro ao longo da semana, refletindo os mesmos elementos que fizeram o Real se fortalecer sobre o dólar.
Em uma semana marcada por poucos indicadores europeus, o movimento ficou por conta das decisões de política monetária, sobre as quais não derivou nenhum tipo de influência surpreendente. No Brasil, o Copom acelerou o ritmo de aumento de juros e colocou a Selic em 11,25% ao ano.
Nos Estados Unidos, embora o Fed tivesse espaço para um corte de juros mais contundente, considerando o fraco desempenho do mercado de trabalho no mês de outubro, a autoridade monetária americana decidiu reduzir o ritmo de cortes de juros para 0,25%. O movimento do FOMC, embora já esperado e já precificado, acabou colaborando para a perda de valor do Euro.
O fraco desempenho da economia europeia insinua que o Banco Central Europeu continuará a cortar os juros na região, provavelmente em ritmo mais forte que sua contraparte norte-americana, o que deve desfavorecer a divisa europeia ao longo dos próximos dias.
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Real x libra esterlina
A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (04/nov) cotada a R$7,5846, patamar mais alto que o registrado nesta sexta-feira (08/nov), R$7,3897. Trata-se de uma valorização de 2,6% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de valorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.
Em relação ao dólar, a moeda inglesa perdeu força no decorrer da semana, mantendo a tendência de desvalorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (08/out) cotada a US$1,2983 após ter iniciado a semana cotada a US$1,2969, uma desvalorização de 0,11% da moeda britânica em relação ao dólar.
No Reino Unido, a semana foi um pouco mais movimentada que na Europa continental. A começar pelos dados de atividade econômica. Os números antecedentes de outubro mostram que a economia britânica continua crescendo no quarto trimestre do ano.
Esse crescimento mais disseminado e persistente contrasta com a inflação relativamente bem comportada na região. A inflação sob relativo controle, sugere que o Bank of England, autoridade monetária local, continuará cortando a taxa básica de juros ao longo das próximas reuniões.
A propósito, foi isso mesmo que o BoE fez esta semana. O Banco Central da Inglaterra decidiu, quase que por unanimidade, cortar a taxa básica de juros em mais 0,25%, o que motivou a continuidade do processo de desvalorização da Libra contra o dólar, movimento que deve perdurar ao longo dos próximos meses.
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Perspectivas
Apesar da surpreendente retomada do real ao longo desta semana e da expectativa de mais aumentos de juros por aqui, não existem garantias de que mais valorização da moeda brasileira está a caminho. As incertezas em relação ao comportamento das contas públicas e o pano de fundo geopolítico com Trump à Frente da Casa Branca podem fazer a moeda brasileira voltar a perder força rapidamente.
De modo geral, o mesmo cenário vale para Libra e Euro. A apresentação de um plano robusto e exequível de cortes de gastos pode sustentar mais uma rodada de valorização do Real, caso contrário podemos estar diante de um novo e forte movimento de desvalorização da moeda brasileira.
Seguimos de olho.