De Olho no Câmbio #303: Moeda brasileira volta a perder força à espera do governo

Os mercados financeiros globais enfrentam cenários variados. No Brasil, a moeda perdeu força frente ao dólar em meio à expectativa pelo anúncio de cortes de gastos do governo, embora dados econômicos melhores tenham ajudado a reverter parte da desvalorização.

Na Zona do Euro, a economia enfraquecida e a inflação em queda trazem volatilidade ao euro, que se encaminha rapidamente para níveis mínimos em relação ao dólar. Já o Reino Unido mostra um crescimento econômico mais robusto e inflação acima da meta, o que, indiretamente, fortalece a libra esterlina, apesar de um recente aumento no desemprego que alerta investidores.

Acompanhe as nossas análises a seguir.

Real x dólar

Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,7751 na segunda-feira (11/nov), um nível 1,6% inferior à abertura da semana anterior (04/out). A cotação da moeda estrangeira registrou valorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta quinta-feira (14/nov) cotado a R$5,8030, patamar 1,9% superior à abertura da sexta-feira anterior (08/nov). Entre as aberturas desta quinta-feira (14/nov) e da segunda-feira da semana anterior (04/out), vimos uma valorização do real em relação ao dólar de 1,1%.

Em uma semana repleta de expectativas, o real perdeu força frente ao dólar. A principal razão para essa desvalorização foi a espera pelo anúncio do pacote de cortes de gastos prometido pelo governo.

O mercado anseia pela divulgação das medidas, mas o governo sinalizou que o anúncio pode demorar, pois o objetivo é assegurar o cumprimento do arcabouço fiscal no médio e longo prazos. Sendo uma iniciativa complexa, a relativa demora é compreensível.

Por outro lado, parte da desvalorização do real foi mitigada pelos dados de comércio e serviços divulgados nesta semana. Esses setores, seguindo o desempenho positivo da produção industrial, mostraram crescimento significativo em setembro.

Com a atividade econômica acima do esperado, aumentam as expectativas de que o Copom adote uma postura ainda mais rígida na taxa básica de juros a partir da próxima reunião, prevista para dezembro. Uma Selic possivelmente mais elevada ajudou a reverter parte da desvalorização da moeda brasileira ao longo desta semana.

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Real x euro

O euro abriu o pregão de segunda-feira (11/nov) cotado a R$6,1461. Na abertura desta quinta-feira (14/nov), a cotação foi de R$6,1461. Portanto, houve uma valorização de 0,2% do real frente à moeda europeia, mantendo  a tendência que foi observada na semana anterior.

Com relação ao dólar, a moeda europeia perdeu força esta semana, mantendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0712 na segunda (11/set) para US$1,0566, nesta quinta (14/out). Portanto, vimos uma desvalorização do euro de aproximadamente 1,4% (leia-se: é preciso menos dólares para comprar um euro).

A situação na Zona do Euro permanece desafiadora. A moeda europeia tem se desvalorizado rapidamente frente ao dólar e outras divisas, levando o mercado a cogitar uma nova paridade com a moeda americana.

Com a atividade econômica em deterioração e a inflação em queda, o Banco Central Europeu (BCE) tem poucas alternativas além de seguir com a redução da taxa básica de juros do bloco, o que torna o euro menos atrativo e sustenta sua tendência de desvalorização.

Embora dados preliminares recentes indiquem uma leve desaceleração no ritmo de queda, a economia da Zona do Euro continua abaixo do ritmo desejado pelo BCE. Uma parte significativa dessa desaceleração está ligada à perda de dinamismo da Alemanha, a maior economia europeia.

Com a perspectiva de que o BCE seguirá cortando juros, o dólar tem ganhado força sobre o euro, e a cotação da moeda europeia em dólares alcançou seu menor nível desde outubro de 2023.

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Real x libra esterlina

A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (11/nov) cotada a R$7,4090, patamar mais alto que o registrado nesta quinta-feira (14/nov), R$7,3795. Trata-se de uma valorização de 0,4% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de valorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.

Em relação ao dólar, a moeda inglesa perdeu força no decorrer da semana, mantendo a tendência de desvalorização registrada na semana anterior, e abriu esta quinta-feira (14/out) cotada a US$1,2708 após ter iniciado a semana cotada a US$1,2913, uma desvalorização de 1,6% da moeda britânica em relação ao dólar.

O cenário no Reino Unido difere bastante do observado na Europa continental. A economia britânica tem mostrado um ritmo de crescimento mais robusto, enquanto a inflação, embora sob relativo controle, permanece acima da meta do Banco da Inglaterra.

Essa inflação ligeiramente elevada, combinada com uma expansão econômica consistente, tem levado o Banco da Inglaterra a adotar uma postura mais cautelosa em relação às suas contrapartes nos Estados Unidos e na Europa continental, o que tem contribuído para a valorização da libra esterlina.

No entanto, os números positivos contrastam com o dado de desemprego divulgado nesta semana. Segundo o órgão oficial de estatísticas britânico, a taxa de desemprego subiu de 4,0% em agosto para 4,3% em setembro, um aumento significativo que acende um sinal de alerta para investidores e autoridades locais.

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Perspectivas

A moeda brasileira segue apresentando elevada volatilidade ante o dólar nas últimas duas semanas ante o dólar e isto não deve mudar tão cedo.  Uma coisa é certa, o cenário externo seguirá desafiador e com dólar forte dado as incertezas do mercado quanto ao modelo de gestão econômica adotado por Donald Trump a partir de 2025. Neste sentido, o pacote fiscal de Fernando Haddad pode ser contrapeso às desvalorização da moeda ainda este final de ano. 

Em relação às moedas européias, destacadamente libra e euro, o cenário é semelhante. Estas moedas também tendem a perder força ante o dólar e o real pode ganhar espaço caso o mercado diminua suas incertezas em relação à situação fiscal brasileira  e neste sentido, o corte de despesas parece essencial. 

Seguimos de olho.

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