De Olho no Câmbio #306: Semana de recuperação do Real

A semana foi marcada por um movimento expressivo de recuperação do Real, impulsionado por avanços no cenário doméstico, como a aprovação de urgência na votação de cortes de gastos pelo Congresso e o superávit primário de mais de R$40 bilhões em outubro, além de projeções otimistas para os meses seguintes. O fortalecimento da moeda ocorre em um contexto de crescimento robusto da economia brasileira, com alta de 0,9% no PIB do terceiro trimestre, indicando um avanço acima de 3% em 2024, o que deve motivar o Copom a intensificar o ritmo de elevação da Selic. No exterior, os Estados Unidos seguem em desaceleração econômica, com dados relativamente moderados do mercado de trabalho, enquanto a Zona do Euro enfrenta um processo significativo de deterioração, refletido nas quedas do PMI composto da Alemanha e da França. Já no Reino Unido, a economia mostra sinais de leve estagnação, embora o PMI ainda indique expansão. Este cenário pode levar o Bank of England a adotar uma postura cautelosa, o que pode sustentar a valorização da libra esterlina no curto prazo.

Acompanhe as nossas análises a seguir.

Real x dólar

Começamos a semana com o dólar cotado a R$5,9745 na segunda-feira (02/dez), um nível 2,8% superior à abertura da semana anterior (25/nov). A cotação da moeda estrangeira registrou estabilidade ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (06/dez) cotado a R$5,9949, patamar 0,4% inferior à abertura da sexta-feira anterior (29/nov). Entre as aberturas desta sexta-feira (06/dez) e da segunda-feira da semana anterior (25/nov), vimos uma desvalorização do real em relação ao dólar de 3,2%.

A semana foi marcada por um importante movimento de recuperação do Real, depois de um longo processo de desvalorização que se deu, sobretudo, depois do resultado das eleições nos Estados Unidos, e, em maior intensidade, depois do anúncio de cortes de gastos pelo governo brasileiro.

Depois de alcançar a máxima de R$6,09 na semana, a divisa brasileira engatou uma boa sequência de recuperação, atingindo níveis que não eram registrados desde o dia 29 de novembro.

Parte da explicação para essa valorização da moeda brasileira está no ambiente doméstico. O Congresso Nacional aprovou os pedidos de urgência na votação dos pacotes de cortes de gastos, o que deve viabilizar a votação dos projetos ainda este ano. Além disso, o resultado primário do governo no mês de outubro foi superavitário em mais de R$40 bilhões, o segundo maior para o mês em termos nominais, em toda a série histórica disponível.

Complementarmente, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, informou que o país deve registrar um novo superávit em novembro e que o resultado de dezembro deve ser expressivamente superavitário.

Todos estes acontecimentos tiveram como pano de fundo o expressivo crescimento da economia brasileira. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística informou ao longo desta semana que o país cresceu 0,9% no terceiro trimestre deste ano, o que deve garantir um crescimento superior a 3% em 2024, em comparação com os 2,9% registrados no ano passado.

Essa força da economia brasileira deve dar suporte para que o Copom aumente o ritmo de elevações da Selic, para, pelo menos, 0,75% na reunião da semana que vem.

No exterior, os números do mercado de trabalho dos Estados Unidos sugerem continuidade do movimento de desaceleração da economia. Nesta semana, os dados da pesquisa ADP mais fracos que o projetado pelo mercado financeiro, foram acompanhados pelos números semanais de novas requisições de seguro-desemprego, que ficaram acima do esperado e indicam alguma perda de tração da atividade econômica nos Estados Unidos.

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Real x euro

O euro abriu o pregão de segunda-feira (02/dez) cotado a R$6,3607. Na abertura desta sexta-feira (06/dez), a cotação foi de R$6,3637. Portanto, houve uma ligeira valorização de 0,05% do real frente à moeda europeia, rompendo  a tendência que foi observada na semana anterior.

Com relação ao dólar, a moeda europeia ganhou força esta semana, mantendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0577 na segunda (02/dez) para US$1,0587, nesta sexta (06/dez). Portanto, vimos uma valorização do euro de aproximadamente 0,1% (leia-se: é preciso mais dólares para comprar um euro).

Na Zona do Euro, a situação foi menos severa do que nos Estados Unidos, mas os dados mais recentes confirmam que a economia europeia enfrenta um processo significativo de deterioração, especialmente nas duas maiores economias da região, Alemanha e França.

Os índices de gerentes de compras (PMI) de ambos os países registraram quedas expressivas em novembro. Na França, o PMI composto, que combina os setores de serviços e industrial, caiu para 45,9 pontos, abaixo dos 48,1 pontos registrados em outubro e distante da linha neutra de 50 pontos. Já na Alemanha, maior economia da região, o PMI composto recuou de 48,6 pontos em outubro para 47,2 pontos em novembro.

Esse enfraquecimento se refletiu nos números da Zona do Euro como um todo, onde o PMI composto caiu de 50 pontos em outubro para 48,3 pontos em novembro, destacando a perda de dinamismo das principais economias do bloco.

Diante dessa “anemia econômica”, o Banco Central Europeu deve manter o atual ciclo de cortes de juros, uma das poucas alternativas disponíveis para estimular a economia. No entanto, essa política tem enfraquecido continuamente a moeda europeia em relação às principais divisas. Apesar de uma leve valorização do euro frente ao dólar nesta semana, esse movimento tende a ser cada vez mais difícil nos próximos períodos.

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Real x libra esterlina

A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (02/dez) cotada a R$7,6602, patamar mais baixo que o registrado nesta sexta-feira (06/dez), R$7,6704. Trata-se de uma desvalorização de 0,1% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de desvalorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.

Em relação ao dólar, a moeda inglesa ganhou força no decorrer da semana, mantendo a tendência de valorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (06/dez) cotada a US$1,2759 após ter iniciado a semana cotada a US$1,2738, uma valorização de 0,2% da moeda britânica em relação ao dólar.

No Reino Unido, a economia, que antes apresentava um desempenho mais robusto em comparação às economias da Europa continental, agora parece caminhar para um cenário de leve estagnação, embora ainda supere o ritmo das principais economias da Zona do Euro.

O índice PMI composto, por exemplo, permanece acima da linha de 50 pontos, indicando expansão econômica, mas evidencia uma desaceleração entre outubro e novembro. De acordo com a S&P Global, o PMI composto caiu de 51,8 pontos em outubro para 50,5 pontos em novembro, o menor nível desde novembro de 2023.

No setor industrial, o PMI atingiu o patamar mais baixo desde março deste ano, apontando uma importante moderação da atividade econômica nos próximos meses.

Apesar das perspectivas menos otimistas, a economia britânica ainda apresenta crescimento, o que pode levar o Bank of England a adotar uma postura mais cautelosa em relação à política monetária, em comparação ao Banco Central Europeu. Esse potencial conservadorismo pode sustentar a valorização relativa da libra esterlina nas próximas semanas.

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Perspectivas

A moeda norte-americana deve permanecer sobrevalorizada nos próximos dias, apesar do desempenho fiscal positivo em outubro e das perspectivas favoráveis para novembro e dezembro. No entanto, as disputas políticas e o cenário externo devem gerar volatilidade no mercado financeiro e cambial ao longo da próxima semana. 

A possível aceleração do ritmo de elevação da Selic pode, por outro lado, favorecer uma valorização do real no curto prazo, tendência que também pode ser observada com relação à libra esterlina. Em relação ao euro, o comportamento cambial deve ser marcado por volatilidade, influenciado tanto pela decisão do Copom quanto pela decisão de política monetária do Banco Central Europeu.

Seguimos de olho.

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