Em uma semana marcada pela valorização global do dólar, o real mostrou resiliência e deve encerrar com leve alta frente à moeda americana, impulsionado pelo aumento de 1 ponto percentual na Selic e intervenções do Banco Central no mercado cambial, como o leilão de linha de US$4 bilhões para atender à demanda sazonal. O Copom sinalizou novos aumentos de juros, podendo elevar a Selic a 14,25% no primeiro trimestre de 2025 e, possivelmente, a 15% com ajustes residuais. No cenário externo, sinais de desaceleração na economia dos EUA contrastaram com a sexta alta consecutiva do índice DXY, impulsionado por declarações sobre tensões comerciais. Na Europa, o BCE cortou juros em 0,25% em meio à fraqueza econômica, especialmente na Alemanha e França, e ao risco de recessão técnica, reforçando a tendência de desvalorização do euro, que pode retornar à paridade com o dólar.
Acompanhe as nossas análises a seguir.
Real x dólar
Começamos a semana com o dólar cotado a R$6,0904 na segunda-feira (09/dez), um nível 1,9% superior à abertura da semana anterior (02/dez). A cotação da moeda estrangeira registrou desvalorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (13/dez) cotado a R$5,9972, patamar 0,04% superior à abertura da sexta-feira anterior (06/dez). Entre as aberturas desta sexta-feira (13/dez) e da segunda-feira da semana anterior (02/dez), vimos uma desvalorização do real em relação ao dólar de 0,4%.
Em uma semana marcada pela escalada do dólar, o real mostrou resiliência aos principais indicadores e eventos econômicos, devendo encerrar a sexta-feira com leve valorização frente à moeda americana. Esse desempenho foi amplamente influenciado pelo Banco Central, que surpreendeu o mercado com um aumento de 1 ponto percentual na taxa Selic na decisão do Copom realizada na última quarta-feira (11).
Além disso, o Copom antecipou mais dois aumentos de juros, previstos para janeiro e março de 2025, o que levará a taxa básica a 14,25%. A leitura do mercado é que, após esses ajustes, a Selic ainda poderá alcançar 15% ao ano com ajustes residuais. Complementarmente, o BC atuou no mercado de câmbio à vista com o leilão de linha de cerca de US$4 bilhões com vistas a atender um aumento sazonal na demanda pela moeda americana.
Além das decisões de política monetária e das intervenções no mercado cambial, de forma bizarra, o mercado reagiu bem à notícia de que o presidente Lula precisaria passar por um novo procedimento cirúrgico, para conter um sangramento intracraniano espontâneo.
No cenário externo, nos Estados Unidos, o número de novos pedidos semanais de seguro-desemprego superou as expectativas, reforçando sinais de desaceleração na economia americana. Apesar disso, o índice DXY registrou sua sexta alta diária consecutiva nesta semana, impulsionado por declarações de Donald Trump sobre tensões comerciais, aproximando-se da máxima em mais de dois anos.
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Real x euro
O euro abriu o pregão de segunda-feira (09/dez) cotado a R$6,4366. Na abertura desta sexta-feira (13/dez), a cotação foi de R$6,2785. Portanto, houve uma valorização de 1,3% do real frente à moeda europeia, mantendo a tendência que foi observada na semana anterior.
Com relação ao dólar, a moeda europeia perdeu força esta semana, revertendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0564 na segunda (09/dez) para US$1,0469, nesta sexta (13/dez). Portanto, vimos uma desvalorização do euro de aproximadamente 0,9% (leia-se: é preciso menos dólares para comprar um euro).
A contínua desaceleração da economia da Zona do Euro levou o Banco Central Europeu (BCE) a realizar mais um corte na taxa de juros nesta semana, reduzindo-a em 0,25%. A decisão foi respaldada pelo comportamento relativamente benigno da inflação, atualmente apenas ligeiramente acima da meta da instituição.
A retração econômica do bloco é especialmente evidente nas duas maiores economias, Alemanha e França. A Alemanha, em particular, enfrenta uma perspectiva de recessão técnica em 2024, enquanto a França, em uma posição ligeiramente melhor (menos pior), foi beneficiada pela realização dos Jogos Olímpicos, que trouxe algum dinamismo ao setor de serviços.
Esse novo corte nos juros pelo BCE deve reforçar a tendência de perda de valor do euro, que pode voltar à paridade com o dólar, especialmente em um contexto no qual o Federal Reserve adotará (possivelmente) uma postura mais cautelosa na condução da política monetária.
O dirigente do BCE, José Luís Escrivá, declarou nesta sexta-feira (13) que as taxas de juros continuarão a ser reduzidas, desde que as condições econômicas e inflacionárias o permitam. No entanto, enquanto a inflação permanece um risco devido à possibilidade de aumento das tensões comerciais sob a presidência de Donald Trump, a recuperação econômica da Zona do Euro parece improvável nos próximos meses.
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Real x libra esterlina
A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (09/dez) cotada a R$7,7578, patamar mais alto que o registrado nesta sexta-feira (13/dez), R$7,6027. Trata-se de uma valorização de 2,0% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de valorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.
Em relação ao dólar, a moeda inglesa perdeu força no decorrer da semana, revertendo a tendência de valorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (13/dez) cotada a US$1,2678 após ter iniciado a semana cotada a US$1,2743, uma desvalorização de 0,5% da moeda britânica em relação ao dólar.
O Reino Unido tem demonstrado um desempenho econômico superior em relação aos seus pares da Europa continental. Nos 12 meses encerrados em outubro, o PIB cresceu 1,3%, enquanto a produção industrial recuou 0,7%. Apesar de os dados mensais de outubro indicarem contração tanto do PIB (-0,1%) quanto da produção industrial (-0,6%), o país ainda mantém uma trajetória ligeiramente mais favorável em comparação à Zona do Euro. Este diferencial sugere que, embora 2024 não seja um ano de crescimento robusto, o Reino Unido deve se destacar positivamente no cenário europeu.
Além disso, a libra permanece resiliente, mesmo em um ambiente de fortalecimento global do dólar. A expectativa para a próxima reunião do Bank of England é de manutenção da taxa de juros em 4,75%. Essa postura cautelosa, se materializada, somada à provável redução dos juros nos Estados Unidos, tende a ampliar o diferencial de juros entre as duas economias.
Como resultado, é plausível que a libra se valorize ainda mais até o final de 2024, consolidando sua posição como um ativo forte no mercado cambial.
Cabe destacar, no entanto, que essa é uma leitura de curto prazo. Os dados econômicos mostram que a economia britânica está perdendo ritmo de forma lenta e gradual, o que pode forçar o BoE a seguir os passos do BCE ao longo de 2025.
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Perspectivas
Os aumentos de juros realizados e sinalizados pelo Copom podem oferecer suporte para uma valorização temporária da moeda brasileira frente a outras divisas nos próximos dias. No entanto, o impacto positivo é limitado, uma vez que o próprio aperto monetário implica um aumento significativo no custo do endividamento público, contribuindo para a deterioração das expectativas dos agentes econômicos.
No cenário externo, as crescentes tensões comerciais estão se consolidando e podem desencadear um movimento prolongado de valorização do dólar. Não à toa, o índice DXY, que mede a força do dólar frente a uma cesta de moedas fortes, atingiu um dos níveis mais altos dos últimos dois anos.
O euro e a libra enfrentam perspectivas de desvalorização acentuada, especialmente em relação ao dólar. Enquanto os Bancos Centrais da Zona do Euro e do Reino Unido estão sendo forçados a agir para evitar recessões iminentes, particularmente na Europa continental, o Federal Reserve deve adotar uma postura mais conservadora, dado o desafio de lidar com desequilíbrios fiscais e potenciais acelerações inflacionárias.
Seguimos de olho.