A posse do novo governo norte-americano impactou os mercados cambiais globais, com o dólar atingindo R$5,87 na última quinta-feira (23). A postura inicial de Trump, mais moderada que seu discurso protecionista de campanha, contribuiu para a desvalorização do dólar em relação às demais moedas. No Brasil, o Banco Central interveio para conter a volatilidade do real no começo da semana, favorecendo ainda mais a sua valorização.
Acompanhe as nossas análises a seguir.
Real x dólar
Começamos a semana com o dólar cotado a R$6,0692 na segunda-feira (20/jan), um nível 0,7% inferior à abertura da semana anterior (13/jan). A cotação da moeda estrangeira registrou desvalorização ao longo desta semana e o dólar abriu o pregão desta sexta-feira (24/jan) cotado a R$5,9243, patamar 2,2% inferior à abertura da sexta-feira anterior (17/jan). Entre as aberturas desta sexta-feira (24/jan) e da segunda-feira da semana anterior (13/jan), vimos uma valorização do real em relação ao dólar de 3%.
A posse do novo governo dos Estados Unidos surpreendeu o mercado cambial brasileiro, levando o dólar a R$5,87 na última quinta-feira (23), após um longo período de desvalorização do real. A abordagem inicial de Trump, mais contida do que se antecipava, divergiu do tom protecionista de sua campanha, ao não adotar imediatamente medidas restritivas ao comércio. Esse movimento trouxe alívio momentâneo aos mercados, mas a cautela persiste.
No Brasil, o Banco Central retomou suas intervenções no câmbio por meio de leilões de linha e swaps cambiais, com o objetivo de conter a volatilidade e oferecer maior previsibilidade à moeda nacional.
No campo dos indicadores econômicos, o IPCA-15 de janeiro apontou desaceleração em relação ao mês de dezembro, atingindo 0,11% e acumulando alta de 4,50% em 12 meses.
No que diz respeito ao balanço de pagamentos, a balança de transações correntes encerrou dezembro com um déficit de US$9,00 bilhões, refletindo a queda nas exportações e o aumento das remessas de lucros ao exterior. Em contrapartida, o Investimento Estrangeiro Direto (IED) registrou entrada de US$2,8 bilhões no mesmo período, evidenciando que o mercado brasileiro segue atraente para o capital externo, mesmo diante de desafios no cenário global.
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Real x euro
O euro abriu o pregão de segunda-feira (20/jan) cotado a R$6,2385. Na abertura desta sexta-feira (24/jan), a cotação foi de R$6,1690. Portanto, houve uma valorização de 1,1% do real frente à moeda europeia, mantendo a tendência de valorização que havia sido observada na semana anterior.
Com relação ao dólar, a moeda europeia se valorizou, mantendo a tendência da semana anterior. A cotação do euro na moeda estadunidense passou de US$1,0276 na segunda (20/jan) para US$1,0416, nesta sexta (24/jan). Portanto, vimos uma valorização do euro de aproximadamente 1,4% (leia-se: é preciso mais dólares para comprar um euro).
Nesta semana, o euro registrou uma valorização frente ao dólar, impulsionado por declarações de Donald Trump, que foram interpretadas pelo mercado como mais moderadas do que o esperado, além de um movimento técnico de ajuste após perdas acumuladas.
Nos últimos meses, a moeda europeia enfrentou uma trajetória de enfraquecimento diante do dólar, refletindo, em grande parte, o diferencial de juros entre os Estados Unidos e a Zona do Euro. Enquanto o Federal Reserve adota uma postura mais cautelosa em relação a novos cortes, o Banco Central Europeu ainda enfrenta pressões para continuar flexibilizando sua política monetária.
No campo dos indicadores econômicos, a região apresentou discretos sinais de melhora na confiança em janeiro. O índice ZEW de sentimento econômico na Zona do Euro avançou de 17 para 18 pontos, enquanto a confiança do consumidor subiu de -14,5 para 14,2 pontos este mês.
Já a prévia do PMI Composto indicou leve expansão, atingindo 50,2 pontos, puxado pelo setor de serviços, que subiu para 51,4 pontos. O PMI Industrial, por sua vez, avançou para 46,1 pontos, superando as expectativas do mercado, mas ainda abaixo do nível de expansão, sugerindo que a recuperação segue concentrada nos serviços.
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Real x libra esterlina
A libra esterlina abriu o pregão de segunda-feira (20/jan) cotada a R$7,3911, patamar mais alto que o registrado nesta sexta-feira (24/jan), R$7,3153. Trata-se de uma valorização de 1% do real em relação à moeda britânica. Portanto, a semana foi marcada por um movimento de valorização da moeda brasileira em relação à libra esterlina.
Em relação ao dólar, a moeda inglesa ganhou força no decorrer da semana, mantendo a tendência de valorização registrada na semana anterior, e abriu esta sexta-feira (24/jan) cotada a US$1,2354 após ter iniciado a semana cotada a US$1,2175, uma valorização de 1,5% da moeda britânica em relação ao dólar.
A economia do Reino Unido apresentou sinais mistos nesta semana, com dados que indicam desafios no mercado de trabalho, mas uma leve recuperação na atividade econômica. A taxa de desemprego subiu para 4,4% em novembro, refletindo as dificuldades enfrentadas por alguns setores diante de um ambiente de crescimento lento e alta de custos. Além disso, a dívida líquida do setor público avançou para £17,81 bilhões em dezembro, reforçando as preocupações com a sustentabilidade fiscal em meio a pressões por mais gastos governamentais.
Por outro lado, os indicadores de atividade mostraram uma leve melhora. A prévia do PMI Composto para janeiro avançou de 50,4 para 50,9 pontos, superando as expectativas do mercado e sugerindo uma expansão moderada. O PMI Industrial, embora ainda abaixo da linha dos 50 pontos que separa contração de expansão, surpreendeu positivamente ao marcar 48,2 pontos, acima das projeções de 46,9. O setor de serviços também apresentou desempenho superior ao esperado, atingindo 51,2 pontos.
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Perspectivas
A expectativa é que o dólar se mantenha abaixo de R$6 no curto prazo, embora o ambiente de volatilidade ainda persista. A recente queda da moeda americana foi impulsionada pelo enfraquecimento do índice DXY e pela falta de novas iniciativas protecionistas por parte do governo Trump, fatores que têm sustentado essa tendência.
Além disso, o real deve continuar contando com as intervenções recorrentes do Banco Central do Brasil, que tem atuado tanto no mercado à vista, ofertando dólares diretamente, quanto no mercado futuro, por meio de swaps cambiais para conter a volatilidade.
Esse movimento reflete uma correção após a reação exagerada do mercado às preocupações fiscais domésticas. No entanto, a conjuntura global segue incerta, o que pode manter a oscilação cambial elevada. Dessa forma, a manutenção do dólar abaixo de R$6,00 tende a ser uma condição temporária.
Seguimos de olho.