Estamos no 51º dia de governo Bolsonaro.
Não sei qual a sua impressão mas, ao menos para mim, parece que passou muito mais tempo. Posso atribuir tamanha ansiedade à vontade de ouvir e ver mais detalhes do texto da proposta da reforma da Previdência.
Não podemos negar que foi um início de ano agitado – aqui, estou falando do campo político. Nas últimas semanas, por exemplo, o assunto foi a suposta primeira crise do governo que culminou na exoneração do ministro Bebianno.
Foi uma questão de campanha do partido que se transformou em um problema para o governo – é bom lembrar que estamos no Brasil, e sempre teremos o clássico obstáculo da política influenciando (e muitas vezes atrapalhando) a agenda econômica.
O respingo de tal situação, foi o recado dado pela Câmara de que não se governa por decreto. Na terça-feira (19), a votação simbólica derrubou o decreto presidencial que alterava as regras de Lei de Acesso à Informação.
Por isso, sem dúvidas, teremos um longo caminho de negociações entre o presidente e o Congresso até a aprovação da medida.
Então, vamos esperar muito vaivém daqui para frente. O presidente deverá ter um diálogo mais aberto e maior entrosamento para que a aprovação de um projeto abrangente, nos moldes em que foi apresentado, tenha sucesso.
O vice-presidente, Hamilton Mourão, estimou que o governo tenha em torno de 250 votos e “precisa buscar de 70 a 80 votos” para aprovar a reforma – uma PEC precisa de 308 votos. Ou seja, muito trabalho pela frente.
Mercado financeiro segue confiante
O foco de atenção para você e o seu dinheiro é o seguinte: o mercado financeiro segue confiante na condução da política econômica e está dando o seu voto de confiança (entendendo que os primeiros dias de um governo demandam ajustes e uma curva de aprendizado). Mas, ao mesmo tempo, cada linha retirada da proposta ou possibilidade de demora, irá balançar as expectativas do mercado.
Por isso, aperte os cintos. Apesar do clima positivo, passaremos por muitos altos e baixos. O dólar conseguiu se segurar no patamar dos R$ 3,70. Subiu um pouco diante dos dias de maior stress e promete seguir assim. O mesmo é válido para a Bolsa que deverá oscilar bastante diante de cada novidade.
Guerra comercial EUA x China
Se por aqui tivemos dias mais movimentados, o front internacional anda em compasso de espera. O assunto do momento é o desenrolar da guerra comercial entre EUA e China.
Mais uma rodada de conversas entre Estados Unidos e China está em curso em Washington. Mas como já foram tantas e não tivemos avanços e novidades mais palpáveis, o clima internacional é de cautela.
Por exemplo, o assunto da semana foi a taxa de câmbio. É comentado nos bastidores que os norte-americanos desejam que os chineses mantenham a sua moeda, o yuan, estável em relação ao dólar.
Caso a China utilize a desvalorização do câmbio para amenizar o impacto das tarifas impostas por Trump, o governo americano poderá responder com tarifas adicionais – e isso não é o que o mundo deseja, não é mesmo?
Afinal de contas, os efeitos já começaram a ser sentidos em ambos os lados e o desejo coletivo é que essa disputa seja amenizada o quanto antes. Ainda que Trump tenha mantido um discurso mais favorável, mantemos o tema no radar, já que o dia primeiro de março – fim da trégua tarifária – será na semana que vem.
Não deixe de acompanhar a próxima publicação, em que vou comentar sobre a importância de uma resolução entre os dois países e as principais decisões para o dia marcado como fim da trégua.
Glenda Mara Ferreira é Economista, bacharel em Relações Internacionais com experiência em planejamento financeiro. Atualmente é especialista em investimentos na Levante. Possui uma conta no Instagram sobre finanças pessoais e economia: @glendamara_ferreira