Apesar de o porta-voz do Ministério do Comércio da China ter adotado um tom conciliatório em relação às disputas comerciais entre Estados Unidos e China, o que até animou os mercados e ajudou a influenciar os preços de algumas commodities, o que se sabe é que as incertezas em torno da guerra comercial devem permanecer por um período muito mais distendido.
As novas tarifas anunciadas pela China são a prova de que o processo de negociação está bem longe de terminar. Além disso, por enquanto, os dados da economia dos Estados Unidos são bastante sólidos, o que pode dar mais força e coragem ao presidente Donald Trump para desafiar Xi Jinping.
Outro elemento de menor magnitude, mas de forte impacto sobre a cotação do Real, é o pedido de renegociação da dívida Argentina e o consequente rebaixamento da nota de crédito da mesma pelas agências de risco.
Apesar de o Brasil ter uma condição internacional muito mais favorável que a da Argentina, o desgaste do nosso terceiro maior parceiro comercial, tende a abalar a cotação do Real.
O que se sabe é que daqui até outubro deste ano, quando os argentinos irão às urnas para escolher o novo mandatário do país, nada, absolutamente nada, pode reverter a tendência de queda da atividade econômica dos nossos vizinhos. Portanto, se a crise argentina se configura em instabilidade do valor da nossa moeda, é bom acostumar-se com isso pelos próximos meses.
Como reflexo dessa incerteza, desde a segunda-feira (26/8), a moeda americana saiu de R$ 4,1571 e abriu o pregão de sexta-feira (30) negociada na casa dos R$ 4,1690. O Real acumula uma depreciação de -0,29% até a abertura dos mercados.
Veja também o cenário do euro e da libra esterlina.
André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, professor e coordenador universitário nos cursos de Ciências Econômicas. Mestre em Economia Política pela PUC-SP, possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público.