Corte de juros nos Estados Unidos causa impacto na economia americana e ajuda a explicar leve valorização do Real perante o Dólar.
A semana foi bastante marcante para o Dólar. Logo na segunda-feira, ecoou o resultado das contas públicas norte-americanas e o maior déficit fiscal dos últimos 7 anos – quase 1 trilhão de dólares até 30 de setembro.
Ponto importante no meio da semana foi a decisão de política monetária do Fed. Conforme esperado, o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, em inglês) optou por cortar 0,25 p.p. da sua taxa de juros, para o intervalo entre 1,50% e 1,75%.
A despeito do dissenso na reunião anterior, o Fed deverá continuar com uma política monetária preventiva. Apesar dos avanços das semanas anteriores nas negociações entre EUA e China, bem como Reino Unido e União Europeia (que, cabe destacar, já começam a se desfazer), os riscos advindos do cenário global são fortes, principalmente para a indústria norte-americana.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, lançou na quinta-feira após a decisão do Fomc um ataque verbal forte ao Federal Reserve e seu chairman, Jerome Powell, dizendo que as políticas do banco estão prejudicando a competitividade dos EUA. Este ataque, como de praxe, gerou desconforto nos mercados.
No mais, o restante da semana se concentrou no processo de Impeachment que está sendo julgado na Câmara estadunidense contra o presidente Donald Trump. O processo avança e há expectativas de que possa manchar a futura campanha a reeleição de Trump.
Por fim, cabe destacar que a assinatura do pré-acordo comercial entre China e EUA ficou em stand-by. Por conta do cancelamento da reunião da APEC no Chile no final de novembro, não se sabe muito bem quais serão os próximos passos. Esse acontecimento trouxe desconforto ao mercado.
Nesse contexto, o Dólar saiu de R$ 4,0027 na segunda-feira e abriu o pregão de sexta-feira (25) negociada na casa dos R$ 4,0209. O Real acumula, portanto, uma depreciação de aproximadamente 0,45%.
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André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, professor e coordenador universitário nos cursos de Ciências Econômicas. Mestre em Economia Política pela PUC-SP, possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público.