Free float: o que é, como calcular e por que esse indicador é tão importante

O free float é indicador do mercado financeiro que mostra, entre outras coisas, o nível de abertura do capital ao mercado e nível de governança de uma empresa. Saiba por que ele é importante e como calcular.

Quando o assunto é investir no mercado de ações, muitas pessoas e empresas direcionam sua atenção para aspectos como preços, valorização e a representação desse ativo no patrimônio de um negócio. No entanto, existem outros fatores cruciais a serem avaliados, como governança corporativa e liquidez. Para acompanhar, existem indicadores importantes, como o free float, que auxiliam empresas a avaliar o cenário de um empreendimento em relação à concentração de ações.

Com o suporte dessa métrica, é mais fácil tomar decisões embasadas e seguras sobre uma carteira de ativos. Neste post, você vai entender seu conceito, como funciona, como calcular e muito mais. Acompanhe!

O que significa o termo free float?

Free float é um conceito do mercado financeiro que informa o percentual de ações de uma empresa em circulação e disponível para negociação na bolsa de valores. Logo, o free float mostra quantos papéis estão disponíveis para os investidores, seja institucional, seja individual, e quão aberta ela está para o mercado.

Quando uma empresa decide abrir seu capital na bolsa de valores, nem todas suas ações ficam imediatamente disponíveis para investidores. Em teoria, alguma participação é entregue a diretores, controladores, acionistas específicos ou preferenciais, entre outros.

Esses acionistas são considerados majoritários, ou controladores, e não disponibilizam sua participação no mercado, uma vez que isso pode significar uma perda no controle do negócio.

Além disso, outra parte das ações não liberadas para o mercado são as que ficam na própria organização sob comando de outros controladores, na tesouraria ou em outra categoria como classe especial.

Nesse contexto, o free float é usado para mensurar o volume dessa parte “restante” dos papéis disponibilizada na bolsa, que está em livre circulação. Ações de livre circulação são, assim, aquelas que ficam disponíveis para o que se entende como acionistas minoritários.

Quanto maior o free float melhor?

Quanto maior o free float, melhor é o cenário para um investidor. Assim, é mais fácil negociar as ações da empresa e maior é a transparência na gestão, segundo especialistas. 

Quando uma empresa tem um free float baixo, ou seja, uma quantidade de papéis disponíveis pequena, isso indica que existe maior concentração de capital e poder internamente entre os maiores acionistas. Com isso, existem menos ações em aberto para negociação, o que resulta em uma menor liquidez.

Da mesma maneira, a concentração das tomadas de decisão entre os acionistas majoritários pode afetar a volatilidade. Também é preciso notar que um baixo índice também afeta o preço das ações, que pode ser mais elevado devido à baixa disponibilidade.

Qual o melhor free float?

O free float total, ou seja, 100%, é considerado o ideal por muitos especialistas no mercado financeiro. Isso indica que todas as ações estão em circulação no mercado, e não há um controlador central retendo-as. Essa condição é valorizada por oferecer maior liquidez e menor risco para os investidores.

Entretanto, vale ressaltar que o free float é apenas um indicador e não aponta com precisão a liquidez ou volatilidade de um ativo. Ou seja, é um parâmetro usado para orientar a tomada de decisão.

Em alguns mercados e segmentos, existe a regra de um free float mínimo de 20%, estabelecido pela B3, que pode servir como um bom critério para muitos investidores.

Para empresas, também não há um número definitivo a seguir. O quanto a organização vai abrir de participação para o mercado vai depender da maneira como ela é estruturada e seus parâmetros de controle e governança.

Também vale a pena fazer um benchmark com os principais concorrentes e avaliar os possíveis impactos de uma alta centração no poder na administração do negócio.

O que é free float B3?

Na B3, o percentual mínimo de free float passou de 25% para 20%. Essa alteração segue o padrão de mercados internacionais como Canadá e Austrália. Isso significa que, no mínimo, 20% das ações emitidas pela empresa devem estar disponíveis para negociação no mercado pelos investidores.

A mudança aconteceu devido ao fato do percentual anterior, de 25%, ser considerado fora do padrão e muito acima da média de outros mercados internacionais.

As novas regras da B3 são gerais, mas podem apresentar variações de acordo com outros índices como o volume da oferta e de negociação (ADTV). Alguns pontos importantes são:

  • uma empresa pode manter free float mínimo de 15% nos 18 primeiros meses e com um volume de captação de R$ 2 bilhões;
  • para ofertas menores que R$ 2 bilhões, a empresa deve apresentar aos acionistas compensações de governança e critérios para aumentar a liquidez;
  • o ADTV diário deve ser igual ou superior R$ 20 milhões;
  • empresas classificadas como Novo Mercado, Nível 2 e Nível 1 podem aderir a um patamar de 15%.

Como calcular o free float?

Para calcular o free float é preciso dividir o número total de ações em livre circulação no mercado pelo total de papéis que a companhia tem. Em seguida, multiplicar o resultado por 100.

Dessa forma, a fórmula fica assim:

  • Free float de uma empresa = (volume total de ações em livre circulação / volume total de ações da empresa) x 100.

Suponhamos que uma empresa tenha 8 milhões de ações no total. Avaliando as divisões, vemos que 4 milhões pertencem a diretores e controladores e 800 mil são mantidos na tesouraria. Logo, ao subtrair os valores, chegamos a 3.200.000 ações em livre circulação.

Aplicando os números na fórmula, “(3.200.000 / 8.000.000) x 100”, temos um free float de 40%.

Os valores e informações que investidores precisam são facilmente encontrados no site da B3, uma vez que é exigido que as empresas compartilhem relatórios e balanços. Nessa página, além de identificar o número de ações em circulação, muitas vezes o percentual de free float já está calculado.

Lembrando que, quanto mais próximo de 100, maior é o nível de abertura de uma empresa para o mercado. Em paralelo, vale a pena também calcular e comparar o free float de outras empresas concorrentes ou em segmentos parecidos para conhecer os parâmetros médios e se preparar para tomar melhores decisões de investimento.

Tag along é free float?

Tag along não é free float. Tag along se refere a uma proteção legal para acionistas em casos de troca de controle em uma sociedade anônima (SA). Já o free float define o percentual de ações disponibilizadas no mercado para investidores.

Assim, ações com o recurso tag along têm a função de proteger acionistas minoritários, garantindo a eles os mesmos direitos que os majoritários têm em situações nas quais existe uma mudança na gestão ou controle da empresa, ou venda do negócio, por exemplo.

Nesse método, os acionistas têm o direito de se desfazer de suas ações da empresa se quiserem, recebendo pelo menos 80% do valor que pagou por sua participação.

Por que free float é importante?

O free float é importante porque ele revela o grau de abertura do capital de uma empresa listada na bolsa de valores. Afinal, uma empresa não é obrigada a disponibilizar a totalidade de seu patrimônio para negociação imediata quando realiza um IPO. 

Logo, ele mostra essa parcela do capital que está efetivamente em circulação, sendo um importante indicador para avaliar o nível de risco de um investimento em ações.

Vale lembrar que o free float é um indicativo do grau de abertura do capital de uma empresa na Bolsa. Por isso, de certa forma, ele mostra quão fácil é negociar ações em uma empresa e tende a apontar que existe uma maior transparência na gestão.

Afinal, quando esse indicador é baixo, mostra que existem menos ações disponíveis no mercado para negociação, resultando em uma liquidez inferior. Logo, fica menos fácil comprar e vender esses ativos, já que eles são mais escassos.

Ao mesmo tempo, um percentual baixo também alerta o investidor sobre a possibilidade de haver uma maior concentração de poder e decisões nas mãos de administradores e controladores.

Com maiores fatias da empresa centradas em poucas pessoas, maior tende ser a intensidade da volatilidade desses papéis. Isso acontece porque, quando as ações de uma empresa estão mais fracionadas, é preciso que um número significativo de acionistas faça um movimento grande o suficiente para alterar e movimentar os preços das ações.

Desse jeito, podemos pensar que, quanto mais fracionada for a participação de um negócio, mais estáveis tendem a ser seus papéis (menor volatilidade).

Para finalizar, vale ressaltar que empresas mais abertas e com maior free float têm uma gestão menos centralizada. Nesse sentido, pode haver um estímulo à participação de acionistas minoritários, o que colabora para uma melhora na percepção da governança corporativa.

Como vimos neste artigo, o free float é mais um importante indicador que investidores precisam observar na hora de avaliar suas iniciativas e apostas no mercado de ações. Ele pode ser muito útil na tomada de decisão, uma vez que se trata de um índice que revela potenciais de risco.

É preciso cuidar, no entanto, para não considerar necessariamente toda empresa com um free float elevado como segura e com boa governança. Observe, por exemplo, se ele indica ações preferenciais, visto que essas ainda podem revelar a figura de um acionista único.

Essencialmente, é crucial considerar também outros indicadores e aspectos além do free float, como endividamento ou perspectivas de retorno. O free float, com outros fatores, é um importante critério na sua análise de investimentos.

Conte com ele como aliado para descobrir sobre uma empresa e tomar decisões sobre a sua carteira de investimentos de forma mais segura e estratégica.

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Resumindo

O que é free float?

Free float é um indicador do mercado financeiro que informa o percentual de ações de uma empresa que está em livre circulação e disponível para acionistas. Ele é um parâmetro que mostra quão aberta uma corporação está para o mercado e quantos papéis ela disponibiliza para qualquer tipo de investidor.

Como calcular o free float?

Para calcular o free float deve-se dividir o número total de ações em livre circulação no mercado pelo total de papéis que a companhia possui. Em seguida, multiplicar o resultado por 100.

Quanto é um bom free float?

 A bolsa de valores do Brasil, a B3, define 20% como percentual mínimo para o free float para uma empresa de capital aberto. Contudo, ele é apenas um indicador e não aponta com precisão a liquidez ou volatilidade de um ativo, sendo usado como um parâmetro para orientar a tomada de decisão.

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