O câmbio do Dólar, Euro e da Libra Esterlina foi influenciado especialmente pela indecisão que ronda o acordo comercial entre China e Estados Unidos. Incertezas geopolíticas também contribuíram para a agitação do mercado.
O que parecia ser um caminho para a resolução do conflito comercial virou o jogo. A esperança de um crescimento europeu também foi frustrado. As eleições britânicas devem pegar fogo nas próximas semanas.
Acompanhe os desdobramentos desses acontecimentos sobre as principais moedas globais.
Possível adiamento de acordo comercial afeta câmbio do Dólar
Os mercados recuaram essa semana após notícias menos otimistas sobre o conflito comercial sino-estadunidense.
O presidente chinês, Xi Jinping, declarou em diversos que quer evitar o conflito e entrar em um acordo com a potência americana.
Contudo, a situação política em Hong Kong gerou incertezas. Inclusive, com respostas estadunidenses.
Os temores de que as discussões comerciais poderiam falhar vieram com dois projetos de lei que defendem manifestantes em Hong Kong, que devem ser assinados pelo presidente Donald Trump.
Isso gerou imediato desconforto nos chineses. No mais, a finalização da primeira fase do acordo comercial, que seria assinada no final de novembro, pode ficar para o próximo ano.
Nossa maior preocupação, assim como de diversos analistas, é de que o prolongamento do conflito entre China e EUA prejudica as cadeias de oferta, derruba a confiança empresarial e reduz investimentos.
Isso eleva os riscos para a economia global e reduz o crescimento econômico, inclusive dos países emergentes e menos desenvolvidos.
Nesse contexto, o câmbio da moeda americana saiu de R$ 4,1780 na segunda-feira (18) e abriu o pregão desta sexta-feira (22), negociada na casa dos R$ 4,1940.
No ponto máximo desta semana, o Dólar Comercial chegou a alcançar R$ 4,2240. Isso posto, a moeda brasileira persistiu no movimento registrado na semana anterior e acumula depreciação de aproximadamente 0,38%.
Incertezas no bloco europeu comprometem estabilidade do Euro
Após algum otimismo registrado na semana passada na Zona do Euro, especialmente puxados por dados econômicos da Alemanha, incertezas voltaram ao bloco.
A nova presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde (ex-FMI), em seu primeiro grande discurso a frente da instituição, não falou de política monetária, mas de política fiscal.
Lagarde disse explicitamente que as nações do bloco devem fortalecer a demanda doméstica, após os impactos da guerra comercial global e do fim da década de crescimento impulsionado pelas exportações, puxado pela Alemanha.
Apesar do discurso pouco convencional para um banqueiro central, a mensagem foi clara: é preciso estimular a economia europeia.
Nesse sentido, no que diz respeito a política monetária, Lagarde destacou que o BCE continuará a apoiar a economia e responder a riscos futuros, de acordo com o nosso mandato de estabilidade de preços.
O câmbio da moeda europeia abriu a semana (18) cotada a R$ 4,6373. Na abertura desta sexta- feira (22), a cotação foi de R$ 4,6400. Já nos primeiros minutos do pregão desta sexta, o Euro, já estava sendo negociado a R$ 4,6329. O movimento reflete justamente as incertezas com o bloco.
Libra Esterlina é fortemente influenciada por impasses políticos
O Reino Unido permanece no impasse rumo às eleições de 12 de dezembro. Ainda que o Partido Conservador permaneça na liderança, um debate realizado na terça (19) entre o atual primeiro-ministro, Boris Johnson, e o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, pode ter causado alguma mudança no cenário.
Johnson permanece na sua cruzada por um Brexit rápido, uma vez que seu prolongamento afeta a posição do Reino Unido no mundo e pesa sobre a quinta maior economia global. A saída está programada para 31 de janeiro.
Corbyn, por sua vez, rebateu duramente os argumentos de Johnson e destacou que não é possível fazer um Brexit rápido, portanto, o acordo que está na mesa não contempla o bem-estar dos britânicos.
Seguindo esse movimento político, a Libra Esterlina abriu a semana cotada a R$ 5,4149. A moeda britânica se manteve estável em relação ao Real com o avanço da corrida eleitoral britânica.
Somente nesta sexta (22) que o Real passou a apreciar em relação à Libra. Na abertura, o câmbio era de R$ 5,4170. Já após a primeira hora do pregão, a moeda perdoou a ser negociada no patamar de R$ 5,3864. A variação semanal foi de aproximadamente -0,53%.
Perspectivas para o câmbio
Sob a ótica dos fatores externos que exploramos aqui, não parece ter muita alternativa para o Real, que não a depreciação.
Contudo, o Real está claramente caminhando ao bel prazer dos movimentos globais, enquanto seguimos sem grandes novidades por aqui.
Desse modo, devemos esperar a tendência de depreciação do Real, como vimos nessas semanas, mas com bastante volatilidade por conta da incertezas externas.
Seguimos de olho.
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