Impeachment de Trump aprovado na Câmara, dados positivos da Zona do Euro nesta semana e avanço do Brexit sem grandes dificuldades marcam a semana no cenário internacional e impactam câmbio das moedas. No Brasil, mercado demonstra certa confiança em declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes.
O ambiente externo está muito mais leve do que foi em semanas anteriores. E, combinado a isto, o soube surfar nesse ambiente. Acompanhe os desdobramentos desses acontecimentos sobre as principais globais.
Mercado mais calmo faz câmbio do ceder
A cotação do aqui no continuou cedendo ao longo desta semana, mas parece ter se acomodado no patamar de 4,06~07. A estadunidense, que abriu a semana na casa dos 4,1095, chega a esta sexta-feira (20) aos 4,0721.
De modo similar ao que temos acompanhado nas últimas semanas, a principal influência para a cotação da veio do exterior. Por um lado, a guerra comercial amenizou após entendimentos preliminares, mas o impeachment do presidente Donald Trump entrou forte no radar.
Muito se especula sobre o futuro de Trump. As opiniões se dividem entre aqueles que acham que o Senado – de maioria Republicana (partido de Trump) – não aprovará o impeachment, e aqueles que entendem que Trump cometeu um crime de responsabilidade e sairá do cargo.
O mercado parece ter comprado a ideia de que o processo não passará do Senado. Resta-nos aguardar. No mais, nesse ambiente, algumas notícias brasileiras parecem ter agradado o mercado.
Em sabatina realizada esta semana, Paulo Guedes anunciou um conjunto de medidas para retomar o crescimento, dentre elas, a reforma tributária. Ainda sem poucos detalhes, o único ponto de dúvida é o que parece ser o retorno da CPMF – imposto que incidia sobre transações financeiras.
De todo modo, o ponto chave que agradou o mercado foi a lucidez e o comprometimento de Guedes com a agenda de reformas. Nesse contexto, a americana saiu dos R$ 4,1095 na segunda-feira (16) e na abertura do pregão desta sexta-feira (20),foi negociado a R$ 4,0686, uma apreciação de 1% do Real.
Bons resultados econômicas da Europa mantém em alta
A 25ª Conferência do Clima (COP-25) da (), em Madri, se estendeu até domingo (15) por conta de negociações travadas sobre a regulamentação do mercado de carbono. As negociações acerca da regulamentação ficaram para o ano que vem.
No mais, dados econômicos relevantes sobre a economia europeia foram divulgados esta semana. Logo na segunda, conhecemos o PMI da região. Com exceção do PMI industrial, que registrou uma queda na passagem de outubro para novembro, o setor de serviços e o composto cresceram.
Além disso, a balança comercial da Zona do registrou alta relevante. O mercado esperava um superávit de 17 bilhões de , mas o resultado foi de 28 bilhões de .
E para completar a surpresa, o Índice de Preços ao Consumidor da Zona do registrou alta de 1% nos doze meses até novembro e o núcleo (que exclui alimentos e energia), acelerou 1,3%. Ainda abaixo das metas do Banco Central Europeu, mas gerou um alívio para o mercado.
Isso posto, o câmbio da moeda Europeia abriu a semana cotada a 4,5697. Na abertura desta sexta-feira (20), a cotação foi de 4,5277, uma apreciação de 0,92%% do Real frente a europeia.
Esterlina fortalecida em momento pré-Brexit
Fechando nossa análise semanal, as notícias vindas do Reino Unido deram conta dos próximos passos acerca do Brexit, a grande promessa de campanha do atual primeiro-ministro, Boris Johnson.
Nesta sexta-feira (20), fato relevante que veio a tona foi justamente que o Brexit deve ser votado e aprovado sem grandes dificuldades, especialmente agora com a vitória do Partido Conservador nas eleições.
De modo complementar, chama a atenção que a equipe de Johnson retirou do projeto toda e qualquer referência a direitos trabalhistas do projeto, uma vez que eles foram usados para angariar votos do Partido Trabalhista na ocasião das negociações anteriores.
Isso deve gerar ruídos, mas não nos parece um impeditivo, uma vez que, cabe ressaltar, o Partido Conservador agora possui maioria na Câmara dos Comuns.
No mais, o câmbio da abriu a semana cotada a 5,4789. Nesta sexta (20), o seguiu trajetória de apreciação em relação à , registrando, na abertura, a cotação de 5,2986, uma variação semanal de 3,3%.
Perspectivas
O Real se manteve fortalecido frente às principais . O ambiente externo mais ameno e sem grandes expectativas, combinado a fala de Guedes acerca das próximas reformas trouxe alívio ao Real.
Mas cabe destacar que uma das falas de Guedes deu conta de reforçar um horizonte de juros baixos e câmbio caro que, segundo sua visão, trata-se de um ambiente mais saudável e com menos intervenção do Estado.
Desse modo, como temos dito nas últimas semanas, acreditamos que o Real se mantenha acima dos 4 por um período prolongado.
Seguimos de olho.
André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, professor e coordenador universitário nos cursos de Ciências Econômicas. Mestre em Economia Política pela PUC-SP, possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público.