Apesar do clima de férias e festas de fim de ano prevalecer, as últimas reuniões e discursos oficiais trazem dicas sobre o que deve vir em 2019.
Para começar, acompanhamos a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) referente a última reunião realizada. O tom veio em linha com o que já era esperado, de que a taxa de juros seguirá em sua mínima histórica de 6,5 por cento, dependendo de alguns fatores. Dentre eles, destaco: inflação dentro da meta, ritmo de crescimento econômico ainda fraco e o assunto que será o ator principal de 2019 para nós, brasileiros, a aprovação das reformas visando o ajuste fiscal.
Em especial, neste último ponto, você ainda me verá comentando cada nova notícia sobre a Reforma da Previdência. Isso porque os investidores internacionais estão de olho a cada novo passo, já que é a única forma do governo retornar ao equilíbrio fiscal, e se passado resultará na volta do investimento no Brasil.
E aí já sabe o impacto que teremos para o câmbio, não é?
Quanto maior a entrada de capital estrangeiro por aqui, maiores as chances de vermos o dólar perdendo força.
Aliás, reforçando esta tendência, de acordo com uma pesquisa divulgada pela Bloomberg (maior plataforma de notícias financeiras), o Brasil já está encabeçando a lista como o país emergente mais queridinho para aplicação em ações, títulos de dívida e moeda. Uma excelente notícia para nós.
A subida recente do Real contra todas as moedas reflete um forte fluxo negativo., Na quarta-feira (19), tivemos a divulgação dos dados semanais sobre a entrada e saída de dólares do país. A saída na segunda semana de dezembro foi 83 por cento maior do que visto na primeira semana. O fluxo cambial negativo está em 3,4 bilhões de dólares até o dia 14.
Esta época, como você bem sabe, é de distribuição de bônus e lucros por parte das empresas. Isso não é diferente ao redor do mundo, então as empresas optam por retirar seus recursos para remeter lucros e dividendos para as suas sedes. Ou seja, menos dólares aqui. Com isso, o nosso Banco Central (BC) – que atuou muito este ano – tem realizado leilões em linha (atuação no mercado à vista) para impedir ajustes para baixo no câmbio.
Essas interferências do BC são essenciais para conter os altos e baixos mais bruscos no câmbio – mesmo porque estamos falando de Brasil, um país que sofre muito a cada notícia.
Nesta esteira, fomos amplamente impactados com a expectativa da fala do banco central norte-americano, o Fed.
O comunicado da quarta alta do ano, dessa vez de 0,25 porcento de sua taxa de juros não foi nenhuma novidade, o que todo mundo queria saber mesmo era quais seriam os rumos daqui para frente.
A partir das novas projeções do Fed para PIB e inflação, a estimativa do número de aumentos necessários no ano que vem passou de três para duas, o que sinaliza que uma pausa na política de aperto monetário está próxima – mas que não era exatamente como os mercados queriam.
Apesar da fala, o receio geral é entorno as pressões de desaceleração global, Bolsas em queda já entrando em bear market e risco de guerra comercial. O tom mais leve (dovish) sobre as futuras elevações, mesmo que não tenha sido já de pausa – sendo negativo para o dia – a meu ver, ainda trará uma recuperação para o curto prazo. Mesmo porque, dependendo do andar da carruagem, os dois aumentos poderão nem chegar a ocorrer.
Portanto, os dias que antecederão as próximas reuniões ou falas do Fed, veremos stress no dólar devido aos receios de seu ajuste. Fique atento.
Para finalizar, investidores e gestores também querem aproveitar as festas de fim ano para fechar o ano com valorização de suas cotas e boas performances. Portanto, por mais que o dólar não esteja em níveis tão baixos, podemos ver alguns sinais de que se manterá neste nível. A última semana do ano ainda promete grandes emoções.
Feliz Natal e até sexta-feira que vem!
Glenda Mara Ferreira é Economista, bacharel em Relações Internacionais com experiência em planejamento financeiro. Atualmente é especialista em investimentos na Levante e acabou de inaugurar um canal no YouTube sobre finanças pessoais, Glenda Mara.