Ataque ao Irã, indicadores fracos e Brexit marcam câmbio no começo do ano

President Donald J. Trump and First Lady Melania Trump participate in remarks and signing ceremony for Sl.1790, the National Defense Authorization (NDAA) Act for Fiscal Year 2020, in Hanger 6 at Andrews Air Force Base Friday, December 20, 2019, in Maryland, before leaving for Mar-a-Lago for the holidays. (Official White House Photo by Shealah Craighead)

O mercado de câmbio abriu o ano influenciado por indicadores econômicos frágeis no Brasil e Europa, o ataque norte-americano ao Irã e o Brexit caminhando para a conclusão.

Acordo comercial se materializando, mas Trump complicando o cenário ao ordenar um ataque ao aeroporto de Bagdá. Brasil e União Europeia começam o ano com dados econômicos fracos, enquanto Reino Unido lida com os próximos passos para o Brexit.  Acompanhe os desdobramentos desses acontecimentos sobre as principais moedas globais.

Preocupação com a economia brasileira valoriza Dólar

Se no último pregão de 2019 (30/12), o Dólar fechou cotado a R$ 4,0195, no primeiro pregão de 2020 (02/01), a moeda norte-americana chegou a valer R$ 4,0413, mas fechou ligeiramente acima do pregão anterior, aos R$ 4,0251. 

O movimento é ambíguo, uma vez que reflete preocupação com a economia brasileira após o ano começar com o resultado negativo do índice de gerente de compras industrial, calculado pela consultoria IHS Markit.

Segundo a IHS Markit, a produção industrial brasileira recuou de 52,9 pontos em novembro para 50,2 pontos em dezembro.

Complementarmente, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que a primeira fase do acordo comercial entre EUA e China deve ser assinado no dia 15 de janeiro. A notícia aliviou o mercado.

Contudo, na noite de quinta-feira (2), Trump autorizou um ataque que levou a óbito o equivalente ao ministro da justiça do Irã, Qasem Soleimani. As consequências ainda são incertas, mas os reflexos no câmbio são garantidos. 

Isso posto, sem grandes novidades e com as festividades de ano novo desta semana, a moeda americana saiu dos R$ 4,0484 na abertura do pregão de segunda-feira (30) e fechou o ano cotado a R$ 4,0195. 

Na abertura do pregão desta sexta-feira (3), o Dólar americano foi negociado a R$ 4,0254, mas rapidamente atingiu a cotação de R$ 4,0588, uma depreciação de 0,27% do Real.

Câmbio do Euro reflete momento de fragilidade da economia europeia

A Zona do Euro finda o ano de 2019 e abre 2020 com dados preocupantes, mas com a manutenção da perspectiva de economia fraca e devagar.

A exemplo do Brasil, dados da Markit registraram retração da atividade industrial de 46,9 pontos para 46,3 pontos. 

O resultado, apesar de sutil, coloca mais uma vez em evidência a fragilidade da economia europeia neste momento.  

Isso posto, a moeda europeia abriu a semana cotada a R$ 4,5202. Na abertura desta sexta-feira (3), a cotação foi de R$ 4,4964, uma apreciação de 0,52% do Real frente à moeda europeia. 

Construção de acordo comercial entre Reino Unido e UE estabiliza Libra Esterlina

Com a vitória dos conservadores no Reino Unido, o Brexit foi aprovado. Conforme apontamos semana passada, os desafios que se colocam pós-Brexit dizem respeito ao acordo comercial entre Reino Unido e União Europeia, a fim de manter suas trocas comerciais. 

E esse ponto pode ser um calcanhar de Aquiles tanto para a União Europeia, quanto para o Reino Unido.

Se o Brexit for bem sucedido e a economia britânica começar a registrar bons resultados, este poderá ser o início do fim da UE.

Por outro lado, caso o Brexit não traga o crescimento econômico esperado para o Reino Unido, a UE deve ganhar força e poder de barganha.

Na esteira do Brexit e dos desafios que se colocam para 2020, a Libra Esterlina abriu a semana cotada a R$ 5,2854. Nesta sexta (3), o Real seguiu trajetória de apreciação do câmbio em relação à Libra, registrando, na abertura, a cotação de R$ 5,2916, uma variação semanal de 0,12%.

Perspectivas

O Real conseguiu se manter levemente fortalecido frente às principais moedas. De todo modo, em termos mais práticos, os desafios que se abrem para 2020 estão dados e não são de simples resolução – especialmente agora, com o conflito iraniano no radar. 

Exigirão grande esforço e o câmbio deve responder a altura.  Isso significa que, manteremos o patamar de R$ 4 por tempo prolongado. 

Seguimos de olho. 

André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, professor e coordenador universitário nos cursos de Ciências Econômicas. Mestre em Economia Política pela PUC-SP, possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público.

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