No episódio 15 do De Olho no Câmbio, recebemos Luiz Figueiredo, um dos grandes nomes do mercado financeiro brasileiro para falar sobre a queda da Selic e como a trajetória em queda da inflação vem tornando o juro real no Brasil cada vez mais alto e comprometendo tanto o crédito quanto o investimento.
Figueiredo foi diretor do Banco Central durante o governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, entre 1999 e 2003, período de grande instabilidade. Em sua trajetória pelo mercado financeiro foi cofundador dos bancos de investimento privado Gávea e Mauá Capital. Em 2022, com a fusão do Mauá com a gestora Jive, foi criada a Jive Investiments, da qual Figueiredo é presidente.
Confira o resumo desta conversa!
Redução de 0,25 para a Selic é o suficiente?
Luiz Fernando Figueiredo comenta que esta redução depende do estilo e estratégia da presidência do Banco Central. Em seu estilo, diz que apostaria em uma redução de 0,50 e não de 0,25. Porém, dado todo o contexto, o Banco Central se posicionou na ata do Copom passado adotando uma postura com um pouco mais de parcimônia.
Figueiredo relembra que, na época em que Ilan Goldfajn era presidente do Banco Central, ele manteve a taxa de juros muito alta por muito mais tempo do que se esperava. Ele demorou alguns meses a mais para começar a reduzir os juros. Porém, essa estratégia permitiu maior redução dos juros posteriormente.
Por isso, é importante entender que o que mais importa é a trajetória. Toda decisão é importante, mas ela está dentro de um plano de voo e o que interessa mais é o plano de voo.
Então, se o Banco Central começar com 0,25, não quer dizer que ele será conservador durante todo o caminho. Eventualmente, ele pode acelerar e muito mais para frente.
Sobre o reajuste do combustível
O Jornalista Rui Gonçalves questiona Luiz Fernando Figueiredo sobre o reajuste do combustível, uma vez que o preço deste tem impacto direto na inflação e estamos com uma nova política desde a entrada do novo governo que acaba com a paridade de preço de importação, então, o preço do combustível é definido pela Petrobras independente se está caindo ou subindo no exterior.
A Associação Brasileira dos Importadores de Combustível divulgou em 28 de Julho que estamos com uma defasagem de mais de 20% do preço do combustível no Brasil em comparação com o mercado internacional. Dito isso, o jornalista questiona como esse processo entra na receita da inflação que temos pela frente e se a Petrobras pode estar segurando um pouco mais um reajuste para manter a inflação dentro do controle e ajudar nesse processo de redução de juros.
Segundo Figueiredo, esta postura é um desastre e demonstra um novo risco de quebra da Petrobras. A defasagem, de fato, é muito grande. Porém, essa defasagem vira déficit público e sabemos que, por ter um reajuste de inflação represado, o Banco Central e analistas que fazem esse tipo de cálculo, colocam na sua conta.
Por isso, é necessário ter uma acomodação, tanto para cima quanto para baixo. Deixar essa defasagem muito grande é algo muito ruim, a depender do tempo que se fica com esse preço, é possível abrir um enorme rombo na Petrobras e, no fim, acabar se tornando dívida pública.
Figueiredo diz que não acredita que esse preço se manterá por muito tempo, mas eles estão queimando o resultado da Petrobras e tornando a empresa menos viável, o que é ruim para todo mundo, inclusive para o próprio governo.
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De Olho no Câmbio é um conteúdo jornalístico produzido pela Remessa Online e sua transmissão ao vivo acontece semanalmente no canal do YouTube da Remessa Online.
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Apresentado pelos jornalistas Sidney Rezende e Rui Gonçalves e com comentários do Economista André Galhardo, o programa tem a participação de convidados renomados no mercado para enriquecer a discussão e está aberto à participação do público pelo chat.
A cada semana, os espectadores têm a oportunidade de compreender mais a fundo sobre o mercado e ficar por dentro de assuntos como câmbio, economia, investimento, Comércio Exterior, turismo e negócios.
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A Selic está hoje em 13,25% ao ano, sofrendo redução de 0,50 em 02 de agosto de 2023.
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