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Moeda brasileira é destaque internacional

Resumão da quinzena

O real está mesmo de parabéns. A moeda brasileira registra a segunda maior valorização em relação ao dólar neste ano. Entre o início de janeiro e o dia 19 de fevereiro, o real já havia avançado aproximadamente 8% frente à divisa norte-americana.

O único desempenho superior foi o do rublo russo, que acumula uma valorização superior a 18%, impulsionada pela possibilidade de um acordo de paz com a Ucrânia. Mas e o real? O que explica essa valorização expressiva?

Esse movimento reforça a percepção de que a reação do mercado financeiro aos riscos fiscais e políticos em dezembro foi exagerada. Naquele mês, a moeda brasileira chegou a perder quase 3% de seu valor, refletindo temores em relação ao cenário fiscal.

Embora os desafios fiscais permaneçam — e, na verdade, possam até se agravar este ano com a desaceleração econômica impactando a arrecadação —, o real tem mostrado resiliência. A cotação do dólar tem convergido para níveis mais baixos, refletindo de maneira mais precisa a atual condição macroeconômica do país.

Como o Real se comportou nesse período

Moeda06/02(fechamento)19/02
(abertura)
variação do real (%)
Dólar americano5,76175,6908+1,2
Euro5,98305,9467+0,6
Libra esterlina7,16377,1888-0,4
Bitcoin/USD97.11595.205-2,0

O que esperar do Real para as próximas semanas

Real x Dólar: Estamos em um cenário de grande incerteza. Por um lado, as taxas de juros de longo prazo nos Estados Unidos e o aumento das tensões comerciais indicam uma valorização global do dólar, inclusive em relação ao real. Por outro lado, diante do overshooting cambial [forte desvalorização da moeda local] ocorrido em dezembro, ainda há margem para a apreciação do real.

Real x Euro: Com a economia europeia enfrentando dificuldades, o Banco Central Europeu (BCE) deve realizar pelo menos mais um corte de juros neste semestre, o que, em teoria, pode enfraquecer o euro em relação a outras moedas, incluindo o real. No entanto, é importante considerar a recente declaração de Isabel Schnabel, membro do Conselho Executivo do BCE. Nesta quarta-feira (19), Schnabel afirmou que a instituição pode pausar ou até interromper o ciclo de redução das taxas em breve, o que poderia, ao menos temporariamente, conter as perdas da moeda europeia frente às demais divisas.

Real x Libra: No Reino Unido, os dados mais recentes de inflação geraram incertezas sobre os próximos passos do Banco da Inglaterra (BoE) em sua política monetária. Embora o índice de preços ao consumidor tenha registrado deflação em janeiro, a taxa acumulada em 12 meses subiu de 2,5% em dezembro para 3,0% no primeiro mês de 2025. Esse aumento, em parte, pode ser atribuído a efeitos estatísticos, o que torna prematuro concluir que o BoE interromperá o atual ciclo de cortes de juros. No entanto, o dado representa um sinal de alerta. Caso a autoridade monetária britânica adote uma postura mais cautelosa, isso pode impulsionar a valorização da libra em relação ao real.

Dólar x Bitcoin: Com atividade americana em alta, Fed deve ser mais cauteloso em suas próximas decisões. O mercado precifica por volta de dois cortes de juros no ano, totalizando 0,5%, o que manteria os juros americanos relativamente elevados. Com isso, o BTC deve seguir abaixo dos US$100 mil e com grande possibilidade de algum movimento de queda no curto prazo.

Destaque da quinzena

Rublo russo: Após um longo período de desvalorização, a moeda russa iniciou uma surpreendente sequência de valorização frente ao dólar americano nas primeiras semanas de 2025. Em março de 2022, após o início do conflito na Ucrânia, o dólar chegou a ser cotado a 142 rublos, mas posteriormente a moeda russa se fortaleceu impulsionada pela alta do preço do petróleo, reflexo da própria guerra, levando a cotação do dólar a ficar abaixo de 56 rublos — um dos menores níveis desde 2014. Agora, com a perspectiva de um acordo de paz, a taxa de câmbio tem convergido para níveis próximos aos registrados antes do início da guerra, em 2022.

Seguimos de olho.

André Galhardo

Economista-chefe da Análise Econômica, professor e coordenador universitário nos cursos de Ciências Econômicas. Mestre em Economia Política pela PUC-SP, possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, e é autor do livro “O Salto do Sapo: a difícil corrida brasileira rumo ao desenvolvimento econômico.”

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