Economias importantes como Estados Unidos e Reino Unido passam por momentos de indecisão política, o que afeta o câmbio de suas moedas. No Brasil, passada a euforia pela aprovação da reforma da Previdência, Real se desvaloriza perante moedas internacionais.
As incertezas voltam a assombrar o Real. O otimismo visto após a aprovação da reforma da previdência se dissipou e abriu espaço para o pessimismo com o desastre do leilão da cessão onerosa do pré-sal. No mais, impeachment de Trump e eleições britânicas no radar global.
Acompanhe o desenrolar desses acontecimentos.
: efeitos do processo de impeachment de Trump
O dólar está sob escrutínio. A cada semana que passa, o processo de impeachment do presidente Donald Trump avança e, ao que tudo indica, o peso desse processo já começa a recair sobre suas costas.
Nesta semana, o ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg declarou considerar a possibilidade de entrar na corrida pela candidatura presidencial democrata de 2020.
Bloomberg é uma figura bastante conhecida e respeitada tanto nos quanto no mundo. Sua candidatura pode desorganizar a disputa apenas três meses antes das primárias iniciais e dificultar ainda mais a reeleição de Trump.
Outro elemento importante foi a “virada” que as negociações comerciais com a tomaram. Nas últimas duas semanas, muito se falou sobre o acordo entre as potências para equalizar as questões comerciais. Isso tem sido um vetor importante para equilibrar a .
Por outro lado, o trouxe surpresas que fizeram a cotação ir do céu ao inferno em poucos dias. Na terça-feira (5/11), o ministro da economia Paulo Guedes anunciou o Plano Mais Brasil, com um conjunto de reformas e ajustes para colocar o país na rota do crescimento.
O Plano agradou profundamente o mercado não à toa, o chegou a ser negociado a 3,9747 na mínima desta semana. Mas após o fracassado leilão da cessão onerosa do pré-sal, o voltou a perder valor e o ultrapassou os 4,00 novamente.
Nesse contexto, a americana saiu de 3,9886 na segunda-feira e abriu o pregão de sexta-feira (8) negociada na casa dos 4,1143. O Real acumula, portanto, uma depreciação de aproximadamente 3,15%.
se valoriza e disputa política tem influência
Por terras britânicas, os avanços ficaram por conta da disputa eleitoral que está se desenhando.
Na semana passada, os parlamentares britânicos finalmente aprovaram a data das eleições pedida por Boris Johnson, por 438 votos a favor e 20 contra.
Desse modo, no dia 13 de dezembro poderemos conhecer o nome do novo primeiro-ministro britânico. Nesse percurso, muita água já está passando por baixo dessa ponte.
Lideranças dos dois principais partidos britânicos, Conservadores e Trabalhistas, já começaram a trocar farpas e fazer promessas. Segundo analistas, as promessas remontam a conturbada década de 1970, na qual Reino Unido passou por grandes problemas.
A Libra Esterlina abriu a semana cotada a 5,1646. A britânica seguiu trajetória de apreciação em relação ao Real. Em meio às persistentes incertezas britânicas, o Real manteve trajetória de depreciação é relação à , sendo negociada no patamar de 5,2575 na abertura do pregão de sexta-feira (8/11), variação de aproximadamente 1,8%.
Dados do crescimento do bloco europeu afetam o
Na Zona do Euro, o crescimento econômico do bloco entrou em voga, especialmente pela divulgação de dados sensíveis vindos da Alemanha. A Europeia abriu a semana cotada a 4,4544, e ganhou força em relação ao até sexta-feira (8/11).
O ministro das finanças da , Olaf Scholz, declarou que a principal economia do bloco europeu não está perto de uma recessão, mas está passando apenas por um período de crescimento mais lento.
Alguns dados parecem reforçar a fala de Scholz. A Agência Federal de Estatísticas da divulgou o resultado da Balança Comercial referente ao mês de setembro que, por sua vez, registrou o maior aumento das exportações em quase dois anos.
O dado aliviou o mercado e os policy makers em meio a preocupações generalizadas de que a maior economia da entrará em recessão no terceiro trimestre.
Desse modo, na primeira hora do pregão desta sexta-feira, o foi cotado a 4,5321, uma depreciação semanal do de aproximadamente 1,75% em relação à europeia. Ainda na primeira hora do pregão de sexta, o chegou a ser negociado a 4,5528.
Perspectivas
O Real entrou novamente numa espiral de pessimismo após o desastre do leilão de áreas do pré-sal.
Isso fez com que a brasileira perdesse força e registrasse grande variação em relação às principais dos países desenvolvidos.
Complementarmente, o mundo está um pouco mais calmo esta semana. De todo modo, entra com mais força no radar de investidores e analistas o processo de impeachment de Donald Trump e as eleições britânicas de 12 de dezembro.
Nesse contexto, podemos aguardar um Real mais desvalorizado.
Seguimos de olho.
André Galhardo é economista-chefe da Análise Econômica Consultoria, professor e coordenador universitário nos cursos de Ciências Econômicas. Mestre em Economia Política pela PUC-SP, possui ampla experiência em análise de conjuntura econômica nacional e internacional, com passagens pelo setor público.
Leia também: Dólar hoje abre em alta com incertezas do mercado