Antônio Delfim Netto, ex-ministro da Fazenda, faleceu na madrugada desta segunda-feira (12) em São Paulo, aos 96 anos. Delfim estava internado no Hospital Israelita Albert Einstein desde o último dia 5 devido a complicações de saúde. A família informou que o velório será fechado, restrito a parentes próximos.
Idade de Delfim Netto
Delfim Netto, faleceu em 12 de agosto de 2024, aos 96 anos. Nasceu em 1º de maio de 1928, em São Paulo, Ele dedicou mais de seis décadas à vida pública e acadêmica, tornando-se uma das figuras mais influentes da economia brasileira durante o regime militar.
Quem foi Delfim Netto no governo Médici?
Delfim Netto foi uma peça-chave na política econômica do governo do general Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), período conhecido como “milagre econômico”. Durante esse tempo, o Brasil experimentou um crescimento acelerado do PIB, impulsionado por políticas de Delfim que incentivaram a atração de capital externo e o consumo interno, especialmente de bens duráveis como eletrodomésticos e automóveis. Contudo, esse crescimento veio acompanhado de uma significativa concentração de renda. Delfim ficou conhecido por defender que era necessário “fazer o bolo crescer para depois dividi-lo”.
Delfim Netto acreditava que a deflação, uma queda geral nos preços, poderia ser perigosa para a economia, pois desincentiva o consumo e os investimentos, podendo levar a um ciclo de recessão. Delfim defendia políticas que equilibrassem o controle da inflação com o incentivo ao crescimento econômico. Sua atuação foi marcada por estratégias que buscavam evitar a estagnação econômica, mesmo que isso significasse tolerar níveis moderados de inflação para garantir o crescimento do PIB.
Delfim Netto, ao longo de sua carreira, teve uma abordagem principalmente voltada para a macroeconomia, especialmente durante sua atuação como ministro da Fazenda durante a ditadura militar no Brasil. No entanto, em relação à microeconomia, Delfim Netto compreendia a importância dos fundamentos microeconômicos, como a formação de preços, estrutura de mercado e o comportamento dos consumidores e produtores, para o desenvolvimento de políticas econômicas eficazes.
Assim, mesmo que sua carreira seja mais associada à macroeconomia, suas políticas sempre levaram em conta os princípios da microeconomia, como a oferta e demanda, e a influência das estruturas de mercado na eficiência econômica e na distribuição de renda.
Onde morava Delfim Netto
Nos últimos anos, Delfim Netto residia em São Paulo, onde mantinha uma ativa participação como comentarista e conselheiro econômico. Ele continuava envolvido em discussões e análises sobre a economia brasileira, sendo frequentemente consultado por veículos de mídia.
Delfim Netto em 2024
Até recentemente, Delfim Netto seguia influente nos bastidores da política econômica brasileira, oferecendo análises e conselhos a diversos governos. Sua carreira foi marcada por uma transição gradual de superministro da ditadura a conselheiro de presidentes democráticos, incluindo Luiz Inácio Lula da Silva.
Mesmo nos últimos anos de vida, Delfim Netto manteve sua relevância nos bastidores da política econômica brasileira, sendo frequentemente consultado por líderes políticos e econômicos. Em entrevista à CNN em 2020, Delfim Netto destacou a importância dos investimentos governamentais para o crescimento econômico do Brasil. “Existe uma falta de demanda que só pode ser suprida através do investimento. As finanças públicas estão deterioradas, e o governo depende de parcerias com o setor privado, o que exige uma confiança que ele não tem”, afirmou o ex-ministro.
Fortuna de Delfim Netto
Embora tenha enfrentado acusações de envolvimento em esquemas de corrupção, como no caso da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, Delfim sempre negou as acusações. A extensão exata de sua fortuna não é clara, mas sua longa carreira e influência política sugerem que ele acumulou um considerável patrimônio.
Esposa de Delfim Netto
Delfim Netto foi casado com Maria Aparecida de Castro Netto, com quem teve uma filha. A família era composta também por um neto, e ele mantinha uma relação reservada quanto à sua vida pessoal.
Delfim Netto deixa um legado complexo na história do Brasil, marcado tanto por seus acertos econômicos quanto pelas controvérsias políticas em que esteve envolvido. Sua morte encerra um capítulo importante da política e da economia nacional.
Imagem: Ibre/FGV