Nesta semana Glenda Ferreira aprofunda a análise sobre o interesse dos investidores estrangeiros nos ativos brasileiros, especialmente nas operações de venture capital.
Em julho deste ano, o SoftBank anunciou mais um fundo de investimento voltado para empresas de tecnologia, o seu segundo Vision Fund. Segundo o CEO do SoftBank, a meta é ter um novo fundo a cada dois ou três anos para aproveitar oportunidades de negócio voltadas para tecnologia. Sendo que US$ 5 bilhões são apenas para projetos na América Latina.
Dentre as agraciadas com uma boa injeção de dinheiro do fundo, já foram as empresas: 99 Táxi, Rappi, Nubank, Banco Inter, Creditas, QuintoAndar, Madeira Madeira, Olist, Buser, Creditas e outras. E como não conseguiam alcançar empresas menores, ainda investiram em outros fundos de venture capital latinos.
Se a estratégia adotada é ousada ou não em aplicar em startups brasileiras, ninguém sabe, mas outros megafundos estão de olho no Brasil.
Essa semana foi a vez do Mubadala, um dos dois grandes fundos soberanos dos Emirados Árabes Unidos, anunciar que irá ampliar os investimentos no Brasil. A expectativa é de que o fundo invista em portos, estradas, mineração, imóveis e entretenimento, com a cifra podendo chegar a US$ 10 bilhões.
Um estudo da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP) e da KPMG aponta que, no primeiro semestre de 2019, foram investidos R$ 3,4 bilhões por estes fundos. O número é significativo, representa mais da metade do registrado no ano passado, cujo acumulado anual foi de R$ 6 bilhões.
As perspectivas não param por aí, a projeção para este segundo semestre que já está próximo do fim é de que o valor alcance R$ 6,8 bilhões.
Onda de dinheiro estrangeiro
Fato é que este mercado ainda tem muito para se desenvolver aqui no Brasil. As notícias de fundos de venture capital e de private equity de olho em startups e empresas nos mais variados setores deve ser encarada como um ponto positivo.
O Brasil já lidera de longe o investimento de venture capital na América Latina. A diferença em relação aos demais países é gritante, quem chega mais perto é o México, mas ainda consegue metade da fatia destinada para nós. E diferentemente de nossos vizinhos que passam por momentos mais conturbados no que diz respeito a sua política e economia, aqui temos avanços que pavimentam o caminho para que o fluxo de investimentos seja ainda maior.
Veja só, desde a guinada mais liberal traçada pelo governo, até alguns avanços na regulamentação, como o marco legal das startups e a MP da Liberdade Econômica, temos pontos que poderão conferir mais segurança jurídica para empreendedores e investidores.
Portanto, vemos uma onda de dinheiro vindo em direção ao Brasil. Há um estudo que aponta dez tendências deste mercado a partir de dados dos últimos 10 anos, dentre as constatações estão: aumento do volume investido e do tamanho do investimento médio com valuations mais altos. Além de claro, mais investidores internacionais fazendo menos investimentos, porém colocando mais dinheiro – assim como no caso do SoftBank, optam por investir nas empresas maiores já que não tem capilaridade para startups menores.
Para você, mesmo que não tenha uma startup em desenvolvimento nem seja um empreendedor, tem outro bom motivo para comemorar: a entrada de mais recursos estrangeiros na forma de dólares implica em uma maior chance de vermos a cotação em declínio. Que venham mais fundos injetar dinheiro no Brasil para vermos o dólar recuar.
Glenda Mara Ferreira é Economista, bacharel em Relações Internacionais com experiência em planejamento financeiro. Atualmente é especialista em investimentos na Levante. Possui uma conta no Instagram sobre finanças pessoais e economia: @glendamara_ferreira