Estados Unidos
Nos Estados Unidos, indicadores de PMI composto e de não-manufaturados avançaram no mês de março. Enquanto os PMIs composto e de serviços alcançaram 55,5 pontos 56 respectivamente, o de não-manufaturados alcançou 59,7 pontos.
A venda de casas novas tornou a subir em dezembro em fechou o mês com 621 mil unidades em termos anuais. Apesar de ter ficado abaixo do valor de dezembro de 2017 (+636 mil), o dado de dezembro de 2018 é o mais alto em sete meses.
A guerra comercial que tem atingido fortemente a economia chinesa também tem trazido problemas aos Estados Unidos.
Em dezembro, as exportações dos Estados Unidos caíram ao menor nível desde fevereiro de 2018, enquanto as importações ficaram no nível mais alto desde maio do ano passado. O resultado da queda das exportações e aumento das importações levaram ao pior déficit comercial (de bens) da história dos Estados Unidos USD 81,5 bilhões em dezembro e USD 891,3 bilhões em 2018.
Como foi dito anteriormente, a guerra comercial vem trazendo problemas à China, mas também aos Estados Unidos, portanto, a proximidade relativa das eleições majoritárias nos Estados Unidos nos leva a crer que Trump pode ceder em diversos pontos para que sua imagem não fique manchada junto aos empresários americanos.
Alguns indicadores do final do ano passado apontam que alguma desaceleração pode ser vista na economia dos Estados Unidos nos próximos meses e, por isso, segundo o presidente do Federal Reserve de Boston, Rosengren, a decisão de postergar o próximo aumento da taxa básica de juros para o ano que vem é vista com bons olhos.
No entanto, não é só a política monetária que tem gerado preocupação. Além da mudança repentina de direção do Banco Central dos Estados Unidos, que decidiu suspender os aumentos de juros em 2019, a política fiscal também tem emitidos sucessivos sinais de alerta.
O déficit fiscal na maior economia do mundo vem crescendo mês a mês mesmo em um ambiente de expansão da atividade econômica. Uma crise pode amplificar os rombos orçamentários e colocar os Estados Unidos em uma posição bastante delicada.
De modo geral, a ambiguidade dos dados é mais preocupante que na Zona do Euro e na Ásia, ademais, das três regiões, o governo com a menor capacidade de conduzir uma política anticíclica é justamente o americano.
EUROPA
Segundo o grupo de pesquisa Sentix, a confiança do investidor da Zona do Euro em março permaneceu em campo negativo pela quarta leitura consecutiva.
Uma série de quatro leituras negativas em sequência não acontecia desde o final do ano de 2014, quando Europa ainda sentia os impactos da crise da dívida soberana grega.
É verdade que apesar de negativo, o resultado de março apresentou uma queda menor que a de fevereiro, mas é notória a desaceleração da Zona do Euro de forma geral. Isso pode ser vista nas leituras de atividade industrial das principais economias no último trimestre de 2018.
A despeito das leituras negativas da confiança de empresários, consumidores, industriais e investidores da região, é boa a notícia vinda dos principais indicadores antecedentes.
Segundo a Markit Economics, em fevereiro o PMI composto da Zona do Euro expandiu-se pela terceira leitura consecutiva.
Puxado pelas leituras positivas dos PMIs de serviços italiano, francês e alemão, o PMI composto da Zona do Euro retornou ao nível de dezembro de 2018.
Alguns números nos levariam a pintar um cenário bem melhor para a Europa. É o caso da variação das vendas do comércio varejista do bloco do Euro, que oscilaram positivamente em 1,3% no mês de janeiro, no entanto, esse aumento foi precedido do maior tombo mensal desde o começo de 2012.
Portanto, com relação à Zona do Euro, os dados são dúbios até aqui.
É possível que a desaceleração mais forte tenha ficado para trás, e que o quarto trimestre de 2018 seja só um pequeno soluço na indicação de uma crise que se aproxima. Mas também é possível que o clima de negócio ruins do final de 2018 tenha contaminado o primeiro semestre deste ano, aumentando as chances de que o principal catalisador da crise seja europeu.
ÁSIA
Na China houve a abertura da sessão anual do Congresso que, normalmente trabalha por duas semanas, referendando as decisões do Partido Comunista e avaliando as decisões do governo.
Os dias que precederam a abertura da sessão foram recheados de pedidos de união e ação conjunta por parte do governo. O recado, direcionado aos membros do partido, se faz necessário pela crença de que a economia chinesa irá desacelerar ainda mais em 2019.
Segundo o Premiê chinês, Li Keqiang disse que ao invés da meta de crescimento de 6,5%, em vigor há dois anos, o governo decidiu estabelecer uma meta de que varia de 6% a 6,5% indicando que a guerra comercial pode alterar sensivelmente o crescimento da economia chinesa.
Indicadores econômicos têm mostrado algum arrefecimento da atividade econômica chinesa, mas uma boa notícia parece rondar todo esse clima de pessimismo: a possibilidade do término da guerra comercial com os Estados Unidos.
Tal como a Europa, dados da economia chinesa são ambíguos e mostram dificuldade em retomar patamares outrora registrados, mas a possibilidade de um acordo entre Jinping e Trump tem sido a aposta de investidores, governos e consumidores para a retomada, ainda que em patamares menores.
Famílias, empresas e governos seguem fortemente endividados e isso deve diminuir a capacidade de retomada do crescimento na China.
A guerra comercial, os déficits públicos e o endividamento privado foram, sem dúvida, o divisor de águas da economia chinesa. Ainda que tenhamos boas notícias em âmbito da guerra comercial outras dificuldades devem vir à tona.
UMA NOVA ERA
Em ambiente incertos como o que a economia mundial está atravessando neste momento, incertas parecem também algumas estimativas.
Economistas do mundo todo lutam para ser o mais certeiro possível sobre uma nova crise, uma nova desaceleração ou uma nova retomada,
Acontece que desta vez, todos vêm falando de uma crise a partir de 2020 sem explicar direito de onde viria e o qual seria a bola da vez, ou seja, qual problema desataria o laço do equilíbrio.
Tem revista dizendo, com razão, que alguns economistas previram 15 das 2 últimas crises.
Então, vamos deixar claro o porquê acreditarmos, também em uma crise nos próximos meses.
- A economia dos Estados Unidos carrega uma dívida pública impagável, que vem sendo fortalecida pelos sucessivos déficits orçamentários amplamente majorados pela reforma fiscal de Trump. Ou seja, a economia dos Estados Unidos, crescendo, não tem fôlego para diminuir o montante da dívida pública. Se vier uma nova crise financeira, quem pagará a conta desta vez?
- A economia europeia, de modo geral, andou com robustas muletas desde a crise do subprime. Agora, o Banco Central Europeu está em busca da normalização da política monetária. Mesmo que essa normalização venha de forma lenta, gradual e segura, como responderá uma economia que tem dificuldade de andar mesmo com tantos amparos?
- O nível de endividamento privado nos países do leste asiático preocupam demais. China, Coréia do Sul, Vietnã, Camboja, Malásia, entre outros, têm visto a relação dívida privada/PIB crescer a um ritmo mais elevado que o restante do mundo. A guerra comercial deixou claro que a China teria amplas dificuldade em manter o crescimento econômico se o desgaste com os Estados Unidos permanecer. Uma nova via de crescimento estaria no consumo privado interno, mas essa via não poderá ajudar quando uma desaceleração mais forte for realidade.
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Dado o comportamento da economia nos últimos meses uma crise internacional não está descartada.
É bem provável que algum ajuste mais forte ocorra em um intervalo não muito longo de tempo.
Mais certo que a crise é a mudança que virá do próximo grande resfriamento econômico. Dessa vez não terá BRICS, não terá China, não terá juro pra baixar, não terá política fiscal anticíclica.
O que será que vem pela frente?