Paulo Gala, economista, professor da Fundação Getúlio Vargas e economista-chefe do Banco Master, é o convidado do episódio 17 do De Olho no Câmbio.
Nesta conversa, o economista comenta sobre os fatores que fazem com que o desenvolvimento brasileiro ocorra num ritmo inferior ao necessário.
Confira o resumo desta conversa!
A redução da taxa de juros é responsável pela atual mudança do dólar?
Gala afirma que a redução da taxa de juros realizada em 03 de agosto não é a responsável pela oscilação do dólar ocorrida nas últimas semanas, na realidade, esta é uma infeliz coincidência com a alta da taxa de juros dos Estados Unidos. Nos últimos dias, o juro americano longo está na máxima do ano, que é a taxa de juros mais importante do planeta Terra, possui mais de 20 trilhões de dólares estacionados em títulos públicos nesses papéis, e esta taxa chegou a 4,20 %, quando o câmbio estava em R$4,80, esta taxa estava em 3,80%.
A alta de juros nos Estados Unidos tem um efeito muito forte sobre as moedas emergentes, inclusive a brasileira, e sobre o dólar do mundo. O dólar vem se valorizando, está começando a se aproximar de novo de máximas neste ano e o Real não foi exceção nisso.
É claro que cortar juros no Brasil também desvaloriza a moeda brasileira. Porém, o aumento de juros do mercado de títulos públicos dos Estados Unidos tem um efeito ainda maior e tem puxado essas taxas longas para cima.
Há possibilidade de corte de 0,75% na Selic?
De acordo com Paulo Gala, é muito difícil que um corte de 0,75% aconteça. O especialista acredita que é mais provável que continuemos com o passe de 0,50%, até o final do ano, a Selic iria para 11,75%.
O economista destaca que não está fácil atingir a meta de inflação de 3% no ano que vem. O juro estava realmente muito elevado, a Selic em 13,75% era excessiva, devemos cair para 10% ou menos, mas estamos longe de poder cantar vitória em relação ao controle da inflação.
A Petrobrás anunciou recentemente uma alta de 15% da gasolina, mais de 20% do diesel, o preço do petróleo foi a máxima do ano (87 dólares), o câmbio estava abaixo de R$4,80, agora voltou a estar próximo a R$5,00 e tudo isso terá algum efeito inflacionário na economia brasileira.
Gala afirma que, olhando para frente, é muito difícil que o Banco Central acelere o ritmo para 0,75%. Se o BC começar a cortar demais, aí sim poderíamos ter um efeito de maior desvalorização da moeda brasileira. O cenário previsto pelo economista é de cortes de 0,50% até o primeiro trimestre do ano que vem e o Banco Central aguardando para ver qual será o efeito final de tudo isso na inflação e no IPCA.
O cenário na Argentina preocupa o Brasil?
A Argentina sempre preocupa o Brasil, pois é um grande destino de exportações e de produção industrial. Ainda é um parceiro essencial da economia brasileira, está entre os 3 ou 4 maiores parceiros do país, então, sempre que a Argentina vai mal, atrapalha nossa economia.
Neste momento, a Argentina está passando por uma crise dramática: inflação correndo acima de 100%, perderam o padrão monetário, a taxa de câmbio passou por uma desvalorização completamente descontrolada.
E isso se deu por uma série de erros de política econômica, como não possuir reservas cambiais, não ter uma política monetária adequada, não subir os juros quando deveria. O fato é que a situação é muito complicada e a crise é grave.
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Pelo fato da Argentina ser um importante parceiro comercial para o Brasil, sempre que a Argentina vai mal, nossa economia é afetada.
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